PUBLICIDADE

O novo Lanvin: um primeiro exame

A estilista Bouchra Jarrar, que ocupou o cargo de Alber Elbaz na grife, apresentou uma prévia do que está criando para os desfiles de Paris em setembro

Por Vanessa Friedman
Atualização:
Peças da primeira coleção de Bouchra Jarrar para a Lanvin Foto: New York Times

No ano passado, quando o muito querido estilista Alber Elbaz foi demitido bruscamente da função de diretor criativo da Lanvin, o mundo da moda protestou. Como essa marca famosa, tão definida por Elbaz, continuaria sem ele? A coleção produzida pela equipe criativa interna e apresentada em fevereiro, sem foco e descuidada, parecia o prenúncio de mais desordem no futuro. 

PUBLICIDADE

Mas, em março, a Lanvin nomeou Bouchra Jarrar, que fundou sua própria casa e foi discípula de Balenciaga e de Christian Lacroix, diretora artística das coleções femininas. E embora a mostra oficial da sua coleção para a Lanvin seja apenas em setembro, nos desfiles de moda feminina em Paris, ela esteve em Nova York para oferecer aos varejistas (e alguns críticos) uma pequena prévia do que está criando.

E devo dizer que é muito inteligente.

A combinação de uma estética finamente desenvolvida, uma espécie de minimalismo de luxo, onde cada botão é seu próprio fetiche - com cores e estampas mais femininas e mais suaves, legado da fundadora da casa, não se assemelha ao trabalho de Erbaz, mais extravagante. Mas também não representa uma drástica ruptura.

Peças da primeira coleção de Bouchra Jarrar para a Lanvin Foto: New York Times

Seu trabalho compartilha alguns detalhes com o que já foi feito antes (Bouchra sempre tem o cuidado de mencionar Elbaz em conversas, dizendo da sua grande admiração por ele e pelo que ele criou), o que fica muito óbvio com respeito às mulheres, mas reformulado por ela. Se de alguma maneira ela estaria intimidada pelo que veio antes, não mostra. Nem suas roupas.

Inspirada fortemente na moda para o dia, se estendendo para os trajes de coquetel, a coleção Resort é formada por peças claramente destinadas a se tornarem elementos básicos da marca: delicadas blusas de jérsei com um enorme lenço e jaqueta de mangas compridas sobre calças smoking sob medida; trench coats com motivos florais, vestidos de seda sem manga com corte diagonal e um vago ar de anos 20; casacos de couro. Há sapatos, bolsas e joias para combinar com cada look e um logo ressuscitado de 1925, única clara referência aos anais.

Bouchra Jarrar parece ter entendido o valor da simplicidade, do gesto elegante, corretamente feito. Ela não tem medo de ser discreta. Paradoxalmente, é o que pode destacar seu trabalho em meio a todo o ruído de fundo, dentro e fora das passarelas, que certamente tomará conta do ambiente em setembro. Daqui até lá, ela sabe que há muito trabalho a ser feito. Mas está extremamente empolgada. E num momento em que muitos estilistas se queixam do volume de trabalho que está sendo exigido deles, e as responsabilidades impostas pelo sistema, é bom ver o entusiasmo dela por este trabalho.

Publicidade

Tradução de Terezinha Martino

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.