A gente cansa de dizer que a moda não segue mais tendências e vem se libertando das regras e das imposições, mas quando nos deparamos com o público dos desfiles da São Paulo Fashion Week, percebemos claramente que existe sim uma certa unidade no jeito de vestir de cada uma das plateias.
Na terça-feira, 25 , na apresentação da estilista Fernanda Yamamoto, que é superminimalista e segue a escola do japonismo fashion, as pessoas estavam vestindo o mesmo estilo de roupa meio conceitual da passarela. O look é no visual galeria de arte/vernissage, com vestidos amplos, abaixo do joelho e sexualidade zero.
As blogueiras de moda, supermontadas, maquiadas e penteadas eram a maioria no desfile do Experimento Nohda, comandado por Patricia Bonaldi. Explica-se: a estilista fez sua fama nas redes sociais, tem mais de um milhão de seguidores no Instagram e há tempos ajuda a abastecer o guarda-roupa de blogueiras amigas com suas criações.
Na apresentação da marca carioca A.BRAND, um grupo grande de meninas que assistiam ao desfile eram bronzeadas, falantes, usavam roupas despojadas estampadas. Enfim, faziam bem o estilo meninas do Rio.
No Teatro São Pedro, Ronaldo Fraga reuniu artistas, músicos, atores e atrizes em torno de sua coleção. Todos vestidos de maneira alternativa, com uma peça ou outra que remetia ao artesanato brasileiro.
O rapper Emicida levou muito mais do que a favela para as passarelas, como havia dito. A marca LAB apresentou roupas com pegada urbana e contou com modelos negros, gordos, de black power e carecas. Atitude que agradou todo mundo.
Enfim, observar o público de cada estilista reforçou aquela velha teoria social: por mais que a moda libere a gente de amarras, e que as tendências pareçam não fazer mais sentido, há uma inclinação absurda, talvez até uma necessidade, de pertencer aos grupos, gangues, tribos, e de se vestir mais ou menos de acordo com o nosso círculo social.