No oeste paulista, nasceram Marília e a indústria Jacto

Os imigrantes japoneses chegaram a Marília três anos antes da sua[br]fundação, para plantar café, inicialmente

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Por Jair Aceituno
Atualização:

Assim como Bastos, outros municípios do oeste paulista abrigaram várias levas de imigrantes japoneses. Tupã, Pompéia e Marília estão entre eles. Em Pompéia, por exemplo, é de uma família japonesa uma das maiores empresas fabricantes de máquinas e implementos agrícolas do País, a Jacto, fundada há 60 anos pelo imigrante japonês Shunji Nishimura. Em Marília, os imigrantes japoneses chegaram em 1926, três anos antes da criação do município, em 1929. O primeiro a chegar foi Kyotaro Shimoe, vindo de Hiroshima, que se estabeleceu em Oriente - antigo bairro mariliense - onde plantou 170 mil pés de café, auxiliado por 22 famílias, também vindas do Japão. Já em 1936, com o apoio do Japão e da Alemanha, que encontravam dificuldades para abastecer sua indústria têxtil com algodão indiano, Marília investiu na fibra e manteve, por dez anos, o título de maior produtor do Estado. Os levantamentos regionais dizem que em 1940 - dois anos depois de Marília perder os territórios dos recém-emancipados municípios de Pompéia, Quintana e Bastos -, os nikkeis representavam 19,24% da população, sendo 600 famílias na zona urbana e 2.282 na rural. Embora tenham vindo para atuar na agricultura, desde o começo, os japoneses migraram para o comércio, indústria e serviços. O presidente do Sindicato Rural, Yoshimi Shintaku, que é filho de japonês e ainda mantém uma granja, diz que hoje há em Marília cerca de 2 mil famílias nikkeis, mas apenas 70 permanecem na atividade agrícola, como pequenos e médios produtores de verduras, frutas e grãos. A família Matsui é uma das 70 que continuaram no campo. Hatiro, de 71 Anos, nasceu em Oriente, filho de Teizo e Okio, que imigraram de Osaka e fixaram-se inicialmente como colonos de café em Garça. Dois anos depois, compraram 20 hectares, onde cultivaram a terra e tiveram oito filhos. Hatiro e seu irmão Chicayuki permaneceram cultivando citros no sítio dos pais até 1986. Naquele ano, devido dificuldades do negócio, foi para Avencas (distrito de Marília), onde comprou um sítio de 7 hectares, e o irmão rumou para Monte Verde (MT), para dedicar-se ao cultivo de soja. Hatiro diz que, apesar das dificuldades vividas na agricultura, nunca pensou em abandonar a atividade herdada dos pais imigrantes e sente-se feliz com a vida que leva. Na chácara, tem plantas de subsistência, da quais faz questão de cuidar pessoalmente.

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