A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, ameaçou na quarta-feira o Irã com sanções paralisantes por causa do programa nuclear do país, enquanto a República Islâmica se ofereceu para um diálogo com as grandes potências. Hillary disse a parlamentares que não alimenta ilusões a respeito da dificuldade de negociar com o Irã. "Estamos também preparando terreno para o tipo de sanções muito duras...paralisantes, que possam ser necessárias caso nossas ofertas sejam rejeitadas ou o processo seja inconclusivo ou mal-sucedido", afirmou ela à Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Em nota oficial, Teerã disse acreditar que o diálogo possa resolver as atuais disputas, mas que o governo local manterá suas atividades nucleares. "A República Islâmica do Irã... saúda as conversações construtivas e justas, baseadas no respeito mútuo, e acredita que os atuais problemas poderiam ser resolvidos pelo diálogo", disse a nota. "A República Islâmica do Irã irá continuar suas atividades nucleares numa interação ativa com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), no marco do TNP (Tratado de Não-Proliferação nuclear), como os demais membros da agência", acrescentou o texto, citado pela TV estatal local, em resposta ao convite para o diálogo feito por seis potências mundiais, inclusive os EUA. Na semana passada, o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que o Irã havia preparado propostas para acabar com a polêmica. O Ocidente suspeita que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares, algo que Teerã nega, alegando que sua intenção é apenas gerar eletricidade com fins civis. A ONU já submeteu o Irã a sanções devido à sua recusa em suspender as atividades de enriquecimento de urânio, mas China e Rússia relutam em aceitar novas punições ao país. "Realmente acreditamos que, ao seguir o caminho diplomático em que estamos, ganhamos credibilidade e influência com diversas nações que poderiam participar a fim de tornar o regime de sanções tão duro e paralisante quanto gostaríamos que fosse", disse Hillary na Câmara. As negociações com o Irã ocorrem em um momento delicado, em que Washington busca libertar a jornalista norte-americana de origem iraniana Roxana Saberi, presa no fim de semana sob a acusação de espionar para os EUA. "Roxana Saberi, que está sendo mantida de forma arbitrária, terrivelmente injusta, sem precedentes e injustificável, deveria poder vir para casa. E esperamos conseguir isso", disse Hillary na audiência. Ela reiterou ainda que os EUA desejam informações sobre o ex-agente do FBI Robert Levinson, desaparecido desde que fez uma viagem ao Irã há dois anos. (Reportagem adicional de Arshad Mohammed em Washington e Fredrik Dahl no Irã)
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