A Assembleia Geral das Nações Unidas condenou nesta terça-feira, 30, o golpe militar em Honduras e exigiu a volta imediata de presidente deposto, Manuel Zelaya, ao poder. O organismo internacional adotou uma resolução por aclamação, segundo a qual todos os 192 membros da ONU não reconhecem qualquer outro governo em Honduras.
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Zelaya estava presente durante a votação, comemorada por aplausos de diplomatas no hall da entidade. Ele agradeceu à assembleia pela resolução "histórica", que expressa "a indignação" de pessoas pelo mundo com o golpe. Zelaya pretende ir ainda a Washington para participar de uma assembleia-geral extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) nesta terça-feira, disse uma autoridade do Departamento de Estado norte-americano.
Segundo o porta-voz Ian Kelly, após discursar na Assembleia da ONU nesta terça, Zelaya deve ir a Washington para a reunião da OEA que acontecerá no fim da tarde. Se ele vier a Washington também deve se reunir com funcionários do Departamento de Estado, disse Kelly. O hondurenho ainda solicitou entrevistas com altos membros do governo Obama, informaram autoridades norte-americanas com conhecimento do assunto ao Wall Street Journal.
A resolução aprovada pelos 192 membros da ONU condena o golpe de Estado em Honduras e pede a restituição imediata e incondicional do presidente, deposto no domingo pelas Forças Armadas. Diversas autoridades do continente americano participam, em Nova York, de uma reunião extraordinária convocada pelo presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D'Escoto. O documento aprovado nesta terça-feira "condena o golpe de Estado em Honduras, que rompeu com a ordem democrática constitucional no país, e pede a imediata e incondicional restauração do governo legítimo do presidente Zelaya", disse Jorge Reina, embaixador permanente de Honduras ante a ONU.
Zelaya diz que pretende voltar a Tegucigalpa e assumir o cargo para o qual foi eleito. Inicialmente, o novo governo disse que ele poderia voltar, desde que como "cidadão comum". Mais tarde, porém, o novo presidente, Roberto Micheletti, afirmou que ele seria preso, caso retornasse. Em uma entrevista à rádio hondurenha América, Micheletti disse que Zelaya tentou negociar o retorno. "Ele falou com um alto militar e disse que queria negociar. O oficial respondeu que não havia nada que negociar, que já havia um novo governo no país que ele devia respeitar", afirmou. Micheletti não disse quando ocorreu a conversa nem o nome do militar.