Caça turco abatido violou soberania síria, diz Damasco

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As defesas antiaéreas sírias precisaram reagir imediatamente à presença de um caça turco que voava a 100 metros de altitude sobre o mar territorial da Síria, numa "clara violação da soberania" do país, disse a chancelaria síria na segunda-feira. "O avião desapareceu e então reapareceu no espaço aéreo sírio, voando a 100 metros de altitude, a cerca de 1 a 2 quilômetros da costa síria", disse o porta-voz Jihad Makdissi a jornalistas, comentando o incidente de sexta-feira. "Tivemos de reagir imediatamente. Mesmo se o avião fosse sírio nós o teríamos abatido", afirmou ele, acrescentando que o caça F4 Phantom foi derrubado por baterias antiaéreas com alcance de 2,5 quilômetros, e não por mísseis guiados por radar. A Turquia solicitou uma reunião da Otan na terça-feira para consultar seus aliados sobre uma resposta ao que Ancara disse ter sido um ataque sem aviso prévio no espaço aéreo internacional. Os dois países, que antigamente tinham uma relação amistosa, atravessam uma fase de atritos por causa do atual conflito na Síria, que provocou um êxodo de milhares de refugiados rumo à Turquia. O governo de Bashar al Assad critica Ancara por seu apoio ostensivo aos rebeldes sírios. Makdissi afirmou que o governo turco "complicou a situação" por oferecer uma versão dos fatos "diferente da realidade". Mas ele acrescentou que, apesar do incidente, a Síria continua comprometida com uma "relação de vizinhança". "Vivemos numa situação tensa com a Turquia, mas não temos intenções hostis para com o povo turco." O caça abatido afundou no Mediterrâneo, e seus dois tripulantes estão desaparecidos. Makdissi disse que turcos e sírios realizam uma busca conjunta, e que alguns destroços já foram localizados e entregues à Turquia. O porta-voz fez também um alerta à Otan para que não ameace a Síria. "Se a reunião deles for por razões hostis (eles devem saber que ) a terra e as águas sírias são sagradas", afirmou. Ampliando a tensão entre os dois países, a TV estatal turca noticiou que um general sírio e 38 outros militares desertaram para a Turquia durante a noite. (Reportagem de Oliver Holmes e Mirna Sleiman)

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