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Ahmadinejad diz que reeleição foi derrota dos inimigos do Irã

Por FREDRIK DAHL E PARISA HAFEZI
Atualização:

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, saudou sua controvertida reeleição como uma vitória do povo iraniano e uma derrota para os inimigos da República Islâmica. A eleição de 12 de junho desencadeou os mais vigorosos protestos no Irã desde a Revolução Islâmica, de 1979, mas os ultraconservadores retomaram o firme controle do país, o quinto maior exportador de petróleo do mundo e com um programa nuclear que preocupa o Ocidente. "Esta eleição foi na verdade um referendo. A nação iraniana foi a vitoriosa. Seus inimigos, apesar de sua... armação para a derrubada serena do sistema, fracassaram e não puderam atingir seus objetivos", disse Ahmadinejad, segundo a agência estatal de notícias Irna. O Irã acusa com frequência o Ocidente de tentar promover uma "revolução de veludo" para derrubar o sistema islâmico, em vigor há 30 anos. O órgão que supervisiona a votação, o Conselho dos Guardiães, descartou a possibilidade de nova apelação contra o resultado e afirmou que os que alegam ter havido fraude deveriam ser processados. "De acordo com a Constituição do Irã, o Conselho dos Guardiães é o principal órgão legislativo para avaliar queixas sobre a eleição. Os membros do Conselho aprovaram por unanimidade o resultado", disse o porta-voz do Conselho, Abbasali Kadkhodai, em entrevista à imprensa. "O caso da 10a eleição presidencial está encerrado", disse ele, um dia depois de o Conselho ter desconsiderado as queixas apresentadas por dois candidatos derrotados, Mirhossein Mousavi e Mehdi Karoubi. Kadkhodai pediu ao Judiciário que inicie uma ação legal contra aqueles que "espalharam rumores sobre irregularidades na eleição". Um comunicado publicado no website do ex-primeiro-ministro Mousavi não comentou diretamente a decisão do Conselho, mas fez referência à carta enviada por ele ao conselho dos Guardiães no sábado, na qual repetiu sua demanda de anulação da eleição. O próximo passo formal é a confirmação de Ahmadinejad na presidência pelo líder supremo do país, Ali Khamenei. Ele fará o juramento no Parlamento algumas semanas depois disso. Não ficou claro se Mousavi vai prosseguir com sua exigência de cancelamento da eleição -- e arriscar-se a ser preso -- ou aceitar a derrota para Ahmadinejad, que tem o apoio de Khamenei, da Guarda Revolucionária (unidade militar de elite) e de seus partidários, que estão bem posicionados no regime. O clérigo ultraconservador Ahmad Khatami classificou qualquer um que ainda se oponha à decisão do Conselho como opositor da lei. "Isso mostra que essas pessoas não querem seguir adiante nos canais legais e gostariam de atingir seus objetivos pela força", disse ele, segundo agência de notícias Fars. Em sermão na sexta-feira, Khatami pediu que os líderes dos "baderneiros" sejam punidos sem misericórdia.

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