O presidente afegão, Hamid Karzai, respeita a decisão de seu colega norte-americano Barack Obama de demitir o comandante das tropas dos Estados Unidos no Afeganistão, Stanley McChrystal, mas esperava outro resultado, afirmou o porta-voz de Karzai nesta quarta-feira. Desde que McChrystal assumiu o posto de chefe das tropas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão em junho do ano passado, ele formou uma forte relação com Karzai, o acompanhando em várias viagens pelo país para mostrar apoio ao governo. "Esperávamos que isso não tivesse acontecido, mas a decisão foi tomada e nós a respeitamos", disse o porta-voz de Karzai, Waheed Omer, referindo-se à demissão. "Ele não vê a hora de trabalhar com seu substituto". Também é creditado a McChrystal a redução das mortes de civis causadas pelas tropas estrangeiras, que tem sido a principal fonte de conflito entre Karzai e o Ocidente. A estratégia do general pretendia atingir o Taliban em seu próprio reduto, melhorando a segurança, estimulando o desenvolvimento e o governo locais, além de treinar as forças afegãs para que assumissem o controle antes do início da retirada gradual dos militares norte-americanos, prevista para o início do próximo ano. Simultaneamente, Karzai tem feito propostas ao Taliban, e fez um modesto plano de paz apoiado por um grupo nacional de líderes tribais e outros notáveis no início deste mês. Nesta semana, 14 prisioneiros suspeitos do Taliban foram libertados, incluindo dois supostos terroristas suicidas que se entregaram. Karzai disse que a Organização das Nações Unidas (ONU) irá retirar em breve alguns nomes do Taliban da lista negra de sanções. Líderes insurgentes zombaram da abordagem, no entanto, e insistiram que vão continuar lutando até que todas as forças estrangeiras deixem o país.
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