O presidente de Israel, Shimon Peres, disse nesta quarta-feira, 19, que seu homólogo russo, Dmitri Medvedev, prometeu que voltará a estudar a venda de baterias antiaéreas com foguetes S-300 ao Irã.
"O presidente Medvedev prometeu reconsiderar este assunto, já que, como eu lhe expliquei, isso afetaria o equilíbrio de forças na região" do Oriente Médio, disse Peres, no balneário de Sochi (Mar Negro), segundo as agências russas.
As autoridades russas confirmaram que em março o governo assinou um contrato de fornecimento de mísseis S-300 ao Ira por dois anos, embora garantam que nenhuma entrega foi realizada. O Irã deseja usar os sistemas antiaéreos russos para proteger suas instalações estratégicas, como a principal usina nuclear do país, a de Bushehr, que está sendo construída por engenheiros russos às margens do Golfo Pérsico, o que dificultaria um possível ataque aos estabelecimentos iranianos por parte dos EUA ou de Israel.
Peres, que se reuniu na terça-feira com o líder russo, também afirmou que Medveded lhe disse que a Rússia "fará tudo o possível para não permitir que o Irã obtenha armas nucleares". "Posso constatar que as posturas da Rússia e de Israel a respeito do assunto se aproximaram", disse.
Além disso, o líder israelense afirmou que "a comunidade internacional deve colocar sobre a mesa a pergunta de para que objetivo o Irã está desenvolvendo foguetes-portadores, se oficialmente Teerã não produz ogivas nucleares".
A respeito, Peres destacou que, "se não fosse pelo programa nuclear iraniano, os atritos entre EUA e Rússia sobre o escudo antimísseis americano na Europa Oriental desapareceriam". "O povo iraniano não é nosso inimigo. O problema está nas
autoridades iranianas, especialmente no presidente Mahmoud Ahmadinejad, que deixou de utilizar esquemas políticos racionais e realiza ações destrutivas na arena internacional", disse.
Os sistemas S-300, similares aos Patriot americanos e capazes de abater vários alvos simultaneamente, têm alcance de até 200 quilômetros de distância, podem derrubar aviões, mísseis estratégicos e de cruzeiro que voem a uma velocidade de até 2,8 mil metros por segundo.
Caso receba os foguetes, o Irã também estaria capacitado para fazer frente a uma possível invasão ou ataque aéreo em massa israelense ou americano com caças da classe Stealth, helicópteros, bombardeiros e mísseis balísticos e de cruzeiro, avaliam especialistas russos.