Celulares com 5G ajudarão a ‘calibrar’ novas redes

Enxurrada de modelos apresentados na MWC pode ajudar teles a aplicar e aperfeiçoar a tecnologia no mundo

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Foto do author Bruno Romani
Por Bruno Romani
Atualização:
Galaxy S10 5G: primeiro celular da Samsung para redes de quinta geração Foto:

Outro tema que dominou o Mobile World Congress foi a tecnologia de quinta geração de conexão móvel, o 5G – o sucessor do atual 4G. Presente no evento há alguns anos, na edição de 2019 o tema ganhou ainda mais força, puxado pela primeira leva de smartphones capazes de funcionar com a tecnologia. 

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Diversas marcas – como Xiaomi, LG, ZTE e Alcatel – apresentaram modelos. A japonesa Sony e as chinesas Oppo e OnePlus mostraram protótipos. O dobrável Mate X, da Huawei, inovou duplamente ao trazer a tecnologia. Dias antes, em evento nos Estados Unidos, a Samsung também apresentou uma versão 5G do Galaxy S10. 

Antes dessa enxurrada, apenas a Motorola havia revelado um celular com 5G. Ou quase isso: na verdade, a fabricante havia revelado um acessório que permitia encaixar um módulo de antena 5G ao Moto Z3.

O 5G promete velocidades até 20 vezes superiores ao 4G. Em ambiente controlado, as redes de quinta geração podem ter velocidades de até 1 gigabit por segundo (Gbps). Assim, a nova geração de conexão deve permitir um consumo maior de vídeos, jogos e ambientes em realidade virtual. 

A tecnologia, porém, engatinha no mundo: nos EUA, apenas algumas operadoras já oferecem planos com o serviço em cidades selecionadas. O mesmo ocorre na China e na Europa, de maneira bastante tímida. No Brasil, o leilão das frequências de 5G deve ocorrer até março de 2020, conforme anunciou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) nesta semana. Para a GSMA, associação global das operadoras de celular, o País só deve ter uma cobertura considerável de 5G em 2023. Nesse cenário, parece não fazer sentido apresentar celulares com suporte a 5G. Para especialistas, porém, eles podem ser muito úteis para aperfeiçoar as novas redes. 

Cobaias. “Os celulares eram a ponta que faltava para que as operadoras pudessem ofertar esse serviço, já que a instalação da infraestrutura está avançada em alguns países”, diz Gustavo Correa Lima, líder da plataforma de comunicações sem fio do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). 

Ele explica que os primeiros usuários ajudarão as operadoras a calibrar suas redes, a detectar falhas e a entender como essa tecnologia poderá ser escalonada para áreas maiores. “Servirá como validação dos modelos das companhias.” 

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Os mais apressados não serão cobaias apenas das redes, mas também dos novíssimos aparelhos. “Os dispositivos de primeira geração não serão tão bons ou interoperáveis quanto os de segunda geração que veremos em 2020”, aposta Frank Gillett, analista da consultoria Forrester.

Para ser uma cobaia, os consumidores pagarão caro. Embora os preços dos planos não tenham sido revelados ainda, analistas acreditam que serão caros o suficiente para espantar a maioria dos usuários. “Eu compraria um celular com 5G, mas não agora. Talvez em dois anos”, diz Lima. Quem se arriscar, porém, trará benefícios para os que não migrarem. As redes 4G devem melhorar conforme os usuários utilizarem o 5G. Com mais gente nas novas redes, as atuais terão um respiro.

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