Moda no início dos anos 2010, a onda dos fones de ouvido grandes (headphone) parece ter passado, dando espaço para os earbuds – os pequenos fones sem fio, que funcionam via Bluetooth e se encaixam nas orelhas das pessoas por aí. Mas isso não significa que o mercado vá para caminhar para um único tipo de aparelho auricular. Marca que tornou os “fones grandalhões” em acessório da moda, a Beats quer mostrar o modelo que lhe deu fama, o Solo Pro, ainda pode ser símbolo de estilo. Nesta terça-feira, 21, a empresa lançou no País a quinta geração do Solo Pro, que custará R$ 2,5 mil.
“Reconhecemos que os AirPods mudaram o mercado. Os fones maiores terão que coexistir com essa categoria. Acreditamos que serão produtos complementares”, disse um porta-voz da companhia ao Estado, em passagem pelo Brasil. Comprada pela Apple em 2012 por US$ 3 bilhões, a Beats imagina que as pessoas terão mais de um tipo de fone de ouvido – a categoria Solo seria voltada para quem quer curtir música em situações mais relaxadas. Já os AirPods ou a linha PowerBeats Pro seriam reservadas, por exemplo, para academia e atividades físicas.“Reconhecemos que o tamanho do mercado para fones maiores é menor agora, mas ainda temos uma base muito forte”, disse.
Com 30 milhões de unidades da linha Solo Pro vendidas até hoje, o novo modelo quer manter seus usuários distantes do barulho do mundo lá fora. Para isso, tem um sistema de cancelamento de ruído complexo. Há microfones externos monitorando o ambiente em tempo real, medindo não apenas a intensidade dos barulhos, mas as frequências mais ativas nele. Outros dois microfones monitoram os ruídos que chegam ao ouvido do usuário.
O filtro, então, considera o ruído percebido e ajusta o cancelamento em tempo real, com auxílio de algoritmos – é uma lógica diferente de fones que usam um filtro fixo, que cancela sempre as mesmas frequências.
O acessório tem um chip extra em relação aos AirPods Pro, modelo de earbuds mais recente da Apple e que traz como diferencial justamente o cancelamento de ruído. Segundo a empresa, o Solo Pro 5 monitora o ambiente 50 mil vezes por segundo, enquanto esse valor seria de 200 nos foninhos da Apple. O impacto desse sistema é sentido na bateria: com o uso do cancelamento de ruído, ela dura 22 horas. Quando o sistema está desativado, é possível atingir até 40 horas de autonomia. Mas basta usar um carregador de 5 watts, para conseguir 3 horas de bateria com apenas 10 minutos de carga, promete a empresa.
O sistema de algoritmos também detecta o nível de vazamento sonoro causado por diversos fatores, como brincos, óculos, cabelo e piercings, por exemplo. Para ser eficiente, um fone do tipo precisa ser o mais grudado possível nas orelhas, mas todos esses elementos podem causar vazamentos de som, que são detectados e suavizados. Os dois microfones internos são os responsáveis por monitorar esses ruídos e o vazamento do som. Além disso, também permitem identificar a música ouvida pelo usuário para que o cancelamento não afete as frequências da gravação.
Isso, porém, não significa que o usuário vai ouvir músicas como os seus criadores imaginaram. O Solo Pro não é um fone de referência – ou seja, não preserva as frequências exatamente como os artistas produziram no estúdio. Se você planeja mixar e produzir música, esse fone não é para você. O Solo vem com uma equalização de fábrica, que realça as frequências da maneira como os engenheiros da empresa imaginam fará a música soar melhor.
“A cada geração do Solo, a sonoridade dele muda acompanhando aquilo que é mais popular na música”, disse o executivo. O primeiro Solo não soa como o atual. “No começo havia muito grave para tocar os graves sintéticos de estilos como hip-hop e dubstep. Hoje, ele está ajustado para frequências médias, mais presentes na música pop”, falou.