Para quem acha que a resolução 4K já é muito, pode parar por aí: diversas fabricantes e emissoras de televisão já trabalham emtestes com a tecnologia 8K, que terá telas de 7680 pixels por 4320 pixels e uma área de três vezes mais pixels que uma televisão 4K. No entanto, é bom ter calma: a tecnologia ainda está longe de ser explorada comercialmente, asseguram os especialistas ouvidos pelo Estado.
Quem primeiro apresentou uma tela 8K foi a Sharp, em 2012, durante a feira de tecnologia IFA, realizada em Berlim. Três anos depois, a japonesa também foi a primeira a lançar comercialmente uma televisão de 105 polegadas com a superresolução, pela bagatela de US$ 133 mil.
Em setembro deste ano, a empresa trouxe ao mercado chinês uma TV um pouco menor, com 70 polegadas, por US$ 9 mil. O slogan publicitário do aparelho mostra, de forma canhestra, o nível de evolução da tecnologia. “É o mais alto nível de realidade, com detalhes tão finos que não podem nem ser percebidos a olho nu”.
A Sharp, porém, não está sozinha: Panasonic, Sony, Samsung e LG também já mostraram dispositivos-conceito. “Até lançanos um produto de tela grande em 8K, mas é um mercado ainda pouco definido”, diz Roberto Barboza, executivo de TV e Áudio da sul-coreana LG. “Ainda vamos precisar de alguns anos até ter isso nas lojas de fato.”
Além das telas, porém, é preciso desenvolver o ecossistema de dispositivos 8K – para isso,não basta pensar nos televisores, mas também em câmeras e no sistemas de transmissão. Desde 1995, a emissora japonesa NHK tem feito testes com a resolução – desde 2016, a empresa filma, em parceria com a Globo, o Carnaval de São Paulo.
A captação, no entanto, não e reverte em transmissões ao vivo. “Hoje, o mandamento é simples: capte as imagens no melhor equipamento que existir, e entregue no que for possível transmitir”, avalia Marcelo Zuffo, professor da Universidade de São Paulo. A expectativa é de que os primeiros testes em larga escala de transmissões ao vivo com a resolução 8K serão feitos durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.
Segundo o especialista, para o 8K se tornar uma realidade pronta para o mercado, não basta apenas desenvolver os equipamentos, mas também nos padrões técnicos, discutindo aspectos como compressão e codificação das imagens. “A indústria está caminhando para isso, já há discussões acadêmicas, mas ainda há muito para se definir.”