Um furo de reportagem do Estadão mudou os procedimentos de segurança da principal prova de desempenho escolar do País. Em 2009, o Ministério da Educação (MEC) cancelou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) dois dias antes da aplicação da prova, depois que os jornalistas Renata Cafardo e Sérgio Pompeu denunciaram o vazamento do exame.
O jornal havia sido procurado por um homem que dizia ter as questões do Enem e queria vendê-las por R$ 500 mil. Após verificar que a prova que estava com ele era verdadeira, os repórteres contataram o então ministro da Educação, Fernando Haddad, e o exame foi cancelado. Era o primeiro ano em que a prova, antes com poucas questões e sem muita importância, havia passado por uma grande reformulação e se tornado o maior vestibular do País.
A fraude denunciada pela reportagem prejudicou cerca de 4,1 milhões de estudantes no País. O cancelamento e a realização do exame em nova data consumiram R$ 99,95 milhões dos cofres públicos – o valor total gasto no Enem ultrapassou R$ 168 milhões. O exame foi refeito mais de um mês depois; os criminosos acabaram julgados e condenados. Depois disso, a logística e a segurança da prova viraram uma prioridade para o MEC. A cobertura do vazamento do Enem venceu o Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo na categoria jornal impresso e o Prêmio Embratel.
A história é contada no livro “O Roubo do Enem”, publicado em 2017 por Renata Cafardo.