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Anistia Internacional demonstra preocupação com afastamento de promotoras do caso Marielle

Simone Sibílio e Letícia Emile deixaram a força-tarefa do Ministério Público. 'Toda e qualquer suspeita de que a investigação possa sofrer interferências indevidas deve ser investigada', declarou a entidade

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RIO - A Anistia Internacional Brasil disse acompanhar com preocupação o afastamento das promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile da força-tarefa criada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) para investigar os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes. Em nota, a entidade cobrou respostas da Justiça e reclamou do governador fluminense, Cláudio Castro, por não responder ao convite para uma reunião virtual para tratar do caso. 

As promotoras Simone e Letícia (ao centro da imagem) assumiram o caso em setembro de 2018, seis meses após o assassinato Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO / 12-3/2019

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"Três anos sem respostas sobre quem mandou matar Marielle e por quê, é tempo demais. Neste período, quatro delegados diferentes assumiram a condução das investigações. Os acusados de serem os responsáveis pela execução de Marielle e Anderson, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, ainda não foram julgados pelo Tribunal do Júri. Toda e qualquer suspeita de que a investigação possa sofrer interferências indevidas deve ser investigada", afirmou a Anistia Internacional, no comunicado. 

No último dia 7, também deixou o caso o delegado Moysés Santana, substituído por Henrique Damasceno como titular da Delegacia de Homicídios (DH) da capital fluminense. Essa foi a terceira mudança de delegado desde o início das investigações. 

O MPRJ informou neste sábado, 10, que as duas promotoras pediram o afastamento do caso, mas não revelou o motivo. Nas redes sociais, o deputado federal Marcelo Freixo relacionou a decisão de Simone e Letícia à delação premiada de Júlia Lotufo, viúva de Adriano da Nóbrega, morto pela polícia na Bahia. 

Ele era acusado de ligação com o "Escritório do Crime", uma organização miliciana do Rio de Janeiro. Sua esposa, Júlia Lotufo, cumpre prisão domiciliar por associação criminosa e lavagem de dinheiro e acertou com o Ministério Público revelar, em delação premiada, informações relevantes sobre crimes cometidos por Adriano. Existe a expectativa de que algo seja dito sobre os assassinatos de Marielle e Anderson.

"É fundamental que as autoridades possam dialogar com as famílias de vítimas de violações de direitos humanos, assim como com as organizações que as apoiam, para que possam demonstrar quais providências têm adotado", afirmou a entidade.

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