RIO - O estudante Jeremias Moraes da Silva, de 13 anos, morto por uma bala perdida durante confronto entre policiais e criminosos na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, na última terça-feira, 6, foi enterrado na manhã desta quinta-feira, 8, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, também na zona norte do Rio. Cerca de 100 pessoas acompanharam o enterro, a maioria vestidas com camisetas em homenagem ao estudante, com as palavras "saudades eternas".
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Muito abalada, a mãe do adolescente, a auxiliar de serviços gerais Wânia Moraes, de 39 anos, chegou a desmaiar durante o enterro, marcado por orações, cânticos religiosos e muita consternação. Depois da cerimônia, ela afirmou que não culpa a pessoa que atirou e atingiu seu filho.
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"Não estou culpando quem atirou no meu filho. Quero que Deus o abençoe", disse ao jornal O Globo.
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Jeremias voltava de uma partida de futebol quando foi atingido. Devido à paixão do menino pelo esporte, a mãe cogitou colocar no caixão a bola de futebol do filho, mas mudou de ideia. Frequentador da Assembleia de Deus Ministério do Leblon, sediada na favela, Jeremias também era muito religioso.
"Vai com você, meu filho. Poderia colocar a bola, que você também amava, mas a Bíblia é mais importante", afirmou Wânia, chorando, ao depositar o livro sagrado no esquife, ao lado do corpo do filho.
Outros baleados
O menino de 4 anos atingido por uma bala perdida em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, na noite de quarta-feira, 7, continuava internado em estado grave no Hospital Estadual Alberto Torres, na mesma cidade, até a noite desta quinta, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. João Pedro Soares da Costa está no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) pediátrico do hospital.
A criança mora na Favela da Linha, no bairro Rio do Ouro, e seguia para a igreja acompanhado pelo pai. Os dois caminhavam pela Avenida Dakar quando o menino foi atingido nas costas por uma bala perdida. Não havia confronto entre policiais e criminosos nas imediações.
Segundo a polícia, um automóvel entrou na favela com vidros fechados e faróis apagados, e traficantes que controlam o acesso à comunidade atiraram. Um dos tiros teria atingido João Pedro. Os atiradores não foram localizados.
João Pedro é a terceira criança ou adolescente atingida por tiro em episódios de violência na região metropolitana do Rio em apenas dois dias. Às 2h30 de terça-feira, Emilly Sofia Neves Marriel, de 3 anos, morreu baleada durante assalto em Anchieta, na zona norte do Rio, enquanto saía de uma lanchonete com a mãe e o padrasto.
No fim da tarde de terça foi a vez de Jeremias, de 13 anos, ser baleado e morrer, durante operação policial na favela Nova Holanda.