Museus serão a imagem dos 450 anos do Rio

Prefeito planeja 'cantar parabéns' no Museu do Amanhã, em construção na zona portuária

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Em seu quarto centenário, em 1965, o Rio ganhou um museu pensado para registrar e cultivar a memória carioca por meio da cultura. Instalado em um prédio escondido do centro, datado de 1922, o Museu da Imagem e do Som foi o primeiro do gênero audiovisual no País. Os 450 anos da cidade, celebrados desde o réveillon de quinta-feira, vão coincidir com a realocação do MIS em um edifício moderno que está sendo construído na grande vitrine da cidade, a Praia de Copacabana. Para a abertura, cogita-se 3 de setembro, data do aniversário de 50 anos do museu. 

“Os 400 anos ficaram no imaginário do carioca. Naquela época já havia a preocupação de deixar um legado para a cultura, porque as efemérides se prestam a revisitar a história do lugar”, explica o presidente do Comitê Rio 450, o diplomata Marcelo Calero. “Desta vez, temos as transformações da cidade para os Jogos Olímpicos de 2016 e a missão de energizar a cidade para isso.”

Obras a todo vapor. Assinado por escritório americano renomado, MIS terá oito pavimentos, com vista livre para o mar Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

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Na área do porto, em um píer que avança sobre a Baía de Guanabara, 900 operários trabalham no Museu do Amanhã, apresentado como “único no mundo” por sua proposta de oferecer experiências sensoriais voltadas à ciência e à natureza e provocar reflexões sobre os caminhos trilhados pela humanidade no século 21. A abertura foi prometida para 1.º de março, quando o Rio completa 450 anos - o prefeito Eduardo Paes já declarou que quer “cantar parabéns” ali. As inaugurações são dois dos pontos altos da comemoração, que se estende até o carnaval de 2016.

Ambos os equipamentos são assinados por escritórios estrangeiros - o MIS, pelo americano Diller Scofidio + Renfro, autor do Parque High Line de Nova York, e o Museu do Amanhã, pelo espanhol Santiago Calatrava, conhecido por suas pontes espetaculares. Juntos, inserem o Rio em definitivo no rol dos cenários dos arquitetos-estrela em atividade no mundo - aberta em 2013, a Cidade das Artes, do francês Christian de Portzamparc, o mesmo da Cidade da Música parisiense, foi o primeiro prédio-espetáculo da leva.

“É um museu de ciência aplicada, inaugural, que, para além do sentido tradicional do museu, de reservatório de vestígios do passado e demonstração do presente, estimula a imaginação e leva o visitante a experimentar algo que ainda não aconteceu. Então tinha de ser uma construção de caráter singular”, diz o físico Luiz Alberto Oliveira, curador do Museu do Amanhã, que já está 70% pronto. A infraestrutura da museografia, que se concentrará em temas como biodiversidade, mudanças climáticas e cosmologia, já começa a ser instalada.

Além da parceria pública com a mesma Fundação Roberto Marinho (no caso do museu do porto, com a Prefeitura; no do MIS, com o governo do Estado), os dois museus têm outros aspectos comuns: a localização privilegiada, de frente para paisagens míticas da cidade; o arrojo do projeto arquitetônico - o MIS tem oito pavimentos com vista livre para a praia, o que transmite o aspecto democrático que a cultura carioca pressupõe, enquanto o MAR tem uma forma que se assemelha à de um barco e cobertura com abas que se movem conforme a incidência de sol -; o grande potencial de público (devem entrar para a lista dos mais visitados da cidade, com 800 mil e 400 mil visitantes por ano, segundo as expectativas iniciais); e o uso inteligente da tecnologia, com percursos multimídia e instalações interativas.

Atraso. Outra semelhança é o fato de as inaugurações estarem acontecendo com atraso: a previsão inicial era de que o Museu do Amanhã seria entregue em 2012; o MIS, em 2014. Os custos devem ficar, respectivamente, em R$ 215 milhões e R$ 100 milhões. As duas obras começaram em 2010. 

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Na de Copacabana, emperrada inicialmente por problemas com as fundações (o subsolo, por ser à beira-mar, foi difícil de dominar) e pela complexidade do projeto, o momento é de aceleração dos trabalhos. “Essa é a obra mais difícil que o Estado fez nos últimos anos. Tudo aqui é diferente e especial. Mas agora não tem mais imprevistos para acontecer”, afirma o presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio, Ícaro Moreno Junior.

A ideia é que o MIS se consolide como o museu da identidade carioca. “Ele foi criado para documentar em som e em imagem o espírito carioca e até hoje guardou a memória cultural do Rio e do Brasil. Agora, fará isso de forma moderna e participativa”, diz a presidente do museu, Rosa Maria Araujo.

População ainda pode sugerir eventos para a festa

O calendário comemorativo dos 450 anos do Rio tem 204 eventos, entre espetáculos de música, dança, teatro e outras manifestações artísticas - a maior parte, concentrada em março - e ainda está aberto a sugestões da população. Um braço com características permanentes é a Biblioteca Rio 450, que vai contar com reedições e novas publicações de obras sobre a cidade e sua gente, em um total de 80 títulos. 

O valor investido com as celebrações não é divulgado porque, segundo a prefeitura da cidade, os gastos foram divididos entre as diferentes secretarias municipais que se envolveram na programação, o que inviabilizaria o cálculo.

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