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Taxistas protestam contra o aplicativo de carona Uber no Rio

Motoristas de diversas regiões da cidade se concentram no Aterro do Flamengo; parte da Avenida Presidente Vargas foi fechada

Por Carina Bacelar , Roberta Pennafort e Wilson Tosta
Atualização:

Atualizado às 14h45

RIO - Um protesto de taxistas contra o aplicativo de transporte Uber provocou dificuldades aos motoristas cariocas na manhã desta sexta-feira, 24. A manifestação começou no fim da madrugada, quando os motoristas fecharam a pista sentido centro do Aterro do Flamengo, na zona sul, e terminou por volta de 12h15. De acordo com a PM, o ato reuniu cerca de 1300 pessoas. 

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Os manifestantes se concentraram no Monumento dos Pracinhas. De outros pontos da cidade, como Ilha do Governador e Del Castilho, na zona norte, Barra da Tijuca e Realengo, na zona oeste, e Gávea, na zona sul, saíram de carreatas de manifestantes para o Aterro.

No carro de som, os discursos eram inflamados. "O Uber é uma facção criminosa", afirmou um taxista, ao microfone. O secretário Municipal de Transportes, Rafael Picciani, esteve no ato e disse que o a prefeitura pediu à Procuradoria-Geral do Município uma investigação sobre o Uber.

"O poder público não pode garantir à população segurança, já que desconhece esses motoristas. Todos os eventos que nós tivermos a sinalização da presença dessa empresa, nós acionaremos a polícia", declarou o secretário.

Alguns motoristas de táxi vieram de fora do Rio, de locais como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. De acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas de São Paulo, Antônio Mathias, 400 trabalhadores paulistas vieram ao Rio.

"Em São Paulo, a gente já tem uma base mais sólida de fiscalização e aqui não tem nada disso. A categoria tem que se unir para combater o transporte clandestino", destacou Mathias.

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"Eu conheço já vários motoristas, uns quatro, que estão devolvendo o carro porque não estão conseguindo pagar. Quando vai checar na ponta do lápis, ele vê que não tem lucro. Cobramos muitos isso deles (da prefeitura) e a fiscalização vem atuando", afirmou a taxista paulistana Maria Helena Rodrigues, de 45 anos, que dirigiu durante seis horas com um grupo de colegas para vir ao protesto no Rio. 

O Uber conecta motoristas autônomos a usuários e tem tirado clientes dos taxistas Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

Já o curitibano Rodrigo Bezerra, de 29 anos, veio de carona com um colega taxista, em uma viagem de 12 horas. Ele negou que o Uber venha ganhando espaço no Brasil por causa do mau serviço dos táxis. "Em Curitiba não tem Uber, mas viemos lutar contra a pirataria em geral. A gente está se prevenindo, a gente não vai deixar o Uber entrar", disse.

A Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (CET-Rio) divulgou nesta quinta-feira, 23, um plano de contingência para evitar problemas no trânsito. De acordo com ele, o Aterro do Flamengo ficaria interditado até o fim da manhã desta sexta-feira, quando a manifestação estava prevista para terminar. 

O secretário estadual de Transportes, Carlos Osório, que chegou por volta de 9h40 ao ato, defendeu os taxistas. "Nas nossas ações regulares, vamos combater o transporte individual de passageiros. Ele só pode ser feito por veículos licenciados. Qualquer coisa disso está fora da lei", disse.

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Guardas municipais e policiais militares do Batalhão de Choque estão no local realizam a segurança do local. Alguns taxistas até aproveitaram para tirar fotos com os Pms.

A presença dos agentes, entretanto, não impediu um grupo de manifestantes de hostilizar equipes de reportagem da TV Globo e da GloboNews. Os jornalistas tiveram que se afastar do local do protesto. Essa ação foi criticada por lideranças que discursavam no carro de som. "Queremos pedir desculpas aos repórteres agredidos", declarou um líder.

Afrouxamento de regras. A Prefeitura do Rio vai afrouxar as exigências feitas a taxistas para ajudá-los na briga com o aplicativo Uber. O secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, disse nesta sexta-feira que serão revistos os critérios sobre o estado de conservação dos táxis e outras regras consideradas excessivamente rigorosas. 

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"É possível reavaliar algumas exigências. Tem casos em que o carro foi lacrado por um arranhão, ou uma roda suja de lama. Isso é descabido. Vamos rever também os critérios sucessórios das autonomias", afirmou Picciani. "Não passa pela nossa cabeça legalizar o Uber. A prefeitura está do lado dos taxistas, e contra qualquer atividade ilegal que interfira no dia a dia da categoria."

Realizada da madrugada até por volta do meio-dia, a manifestação dos taxistas do Rio contra o Uber não teve o impacto negativo no trânsito que se esperava. À exceção das vias tomadas pelos carros, o tráfego fluiu como de costume. 

A prefeitura acertou com os taxistas que aqueles que trafegaram pelos corredores expressos de ônibus em nome do protesto não serão multados. O mesmo valerá para motoristas de carros de passeio que usaram as áreas vetadas normalmente a esses veículos.

Desconto. A Avenida Presidente Vargas, no centro, também chegou a ser fechada por manifestantes, mas foi reaberta às 7h40. O aplicativo Uber conecta motoristas autônomos e usuários que precisam de transportes, e é encarado pelos taxistas como um concorrente. O Uber, como resposta ao protesto, oferece nesta sexta-feira duas viagens gratuitas entre 7 horas e 19 horas com o preço equivalente a R$ 50 para o usuário que digitar o código "#ORIONAOPARA" no aplicativo.

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