
O mercado imobiliário brasileiro vai participar, pela primeira vez, do circuito de leilões de imóveis de luxo realizado pela Sotheby’s, nos Estados Unidos. A estreia na casa de leilões mais famosa do mundo contará com uma cobertura triplex localizada em São Paulo, no Condomínio Cidade Jardim, conectado ao shopping center. O imóvel será ofertado a magnatas do mundo todo em um leilão na cidade de Coral Gables, Flórida, pelo valor projetado de US$ 13 milhões, (cerca de R$ 75 milhões), com lances iniciais partindo de US$ 4 milhões (R$ 23 milhões) - como é comum nesse tipo de evento.
O apartamento tem 1,4 mil metros quadrados, sete suítes, adega de vinhos, estúdio de música, sala de jogos, cinema com oito lugares e vistas panorâmicas. O proprietário é mantido sob sigilo pela Sotheby’s. Trata-se, porém, de um imóvel conhecido no mercado, pertencente ao ex-casal Marcelo de Carvalho e Luciana Gimenez. Após a separação do casal, foi colocado à venda, mas não achou comprador.
Este imóvel foi parar na casa de leilões internacional por meio de uma articulação da franquia brasileira, a Bossa Nova Sotheby’s, que selecionou mansões locais com potencial de atrair o público estrangeiro. “Na época [em que o imóvel foi posto à venda], o mercado não estava disposto a pagar. Mas quando colocamos a oferta para uma lista de clientes globais, aumenta a chance de venda. Esperamos que saia acima do preço alvo (de US$ 13 milhões), afirmou o presidente da Bossa Nova Sotheby’s, Marcello Romero.

‘Exportação’ de imóveis brasileiros
Além disso, Romero acredita que o primeiro leilão internacional abrirá as portas para a “exportação” de mais imóveis brasileiros. Os próximos leilões programados para este semestre para os Estados Unidos terão mais duas propriedades nacionais - uma do Rio de Janeiro e outra de Trancoso, na Bahia. “Lá fora, a Sotheby’s percebeu que os compradores buscam uma diversificação de destinos e de propriedades”, disse.
No setor de luxo, os imóveis mais procurados continuarão sendo aqueles das cidades consagradas - Nova York, Londres, Madrid, Paris, Dubai, Xangai etc - mas há um interesse crescente por novas praças, segundo Romero. “Tem essa demanda surgindo de maneira mais estruturada. No Brasil, temos muito potencial para crescer, com opções de imóveis nos grandes centros, na praia e no campo”, disse.
Como exemplo, citou a Fazenda Boa Vista, condomínio loteado pela JHSF em Porto Feliz (SP), com lago, campo de golfe, haras e um restaurante Fasano. Em sua breve estadia no Brasil em 2022, o bilionário Elon Musk se reuniu ali com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O condomínio tem casas que vão de R$ 20 milhões a mais R$ 100 milhões e um padrão de lazer e serviços comparável com o de outros destinos de luxo internacionais. “O Brasil tem uma importância cada vez maior nesse meio de propriedades icônicas”, avaliou Romero.

Canal de vendas para bens exclusivos
O presidente da Bossa Nova Sotheby’s apontou ainda que esse segmento de leilões difere dos certames tradicionais, em que os imóveis geralmente são retomados pelos bancos e levados à venda com descontos para solucionar dívidas atrasadas. Neste segmento, o leilão funciona como um canal de vendas de imóveis selecionados por meio de uma curadoria que leva em conta tamanho, localidade, arquitetura, design, acabamento, história, entre outros atrativos. “São propriedades únicas, exclusivas e luxuosas”, sintetizou.
Além disso, os imóveis neste tipo de leilão não têm pendências. Eles são previamente submetidos a uma diligência para checagem de dívidas atrasadas ou cobranças judiciais. “Temos um processo de curadoria não só na escolha, mas na parte técnica e jurídica. A propriedade levada a leilão não oferece nenhum risco”, garantiu. “É como no leilão de uma obra de arte. Não tem impedimento para o comprador que arremata levar o item para casa”.
Para quem vende, esse tipo de leilão é uma alternativa para se buscar um valor mais alto ou uma venda mais rápida, já que a oferta é endereçada a um público selecionado de magnatas previamente cadastrados e interessados no ramo. Para o comprador, o leilão serve como via de acesso a imóveis nobres que não encontrariam em outras imobiliárias, muitas vezes com preços oportunísticos. A Sotheby’s já tem um site com oferta de imóveis de luxo no mundo todo. Mas o leilão funciona como uma vitrine, com o imóvel aberto a lances.
Mercado parte do princípio da escassez
“O mercado de itens exclusivos parte do princípio da escassez. Não se faz leilão de 50 obras de arte de uma vez. E não vai acontecer isso com os imóveis. Vamos aos poucos. A grande sacada é ter diversidade de itens, e já perceberam que não dá para fazer leilão só com imóveis de Miami ou Madrid”.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 05/02/2025, às 12:05.
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