O Tesouro Direto é a porta de entrada ao mundo das aplicações financeiras por ser mais seguro e ter menos taxas que os demais investimentos. Funciona assim: o investidor compra um título público do governo federal para, no futuro, receber o dinheiro aportado com juro relativo ao período aplicado. Na prática, é um empréstimo ao governo para receber de volta em uma determinada data, o chamado vencimento, com rentabilidade.
Os títulos públicos que compõem o Tesouro Direto são ativos de renda fixa. Em outras palavras, o rendimento obtido com eles pode ser mensurado no momento do investimento, ao contrário de ativos de renda variável, como ações na Bolsa de Valores. Por essa razão, é considerado de menor risco.
Criado em 2002, o programa conta com cerca de 750 mil investidores ativos, segundo o Ministério da Fazenda. Em novembro de 2018, 63% das aplicações financeiras corresponderam a operações de até R$ 1 mil. O investimento é acessível: com R$ 30 é possível adquirir um título para a carteira.
Como começar a investir em Tesouro Direto?
Os dois requisitos para investir em Tesouro Direto é a apresentação de um CPF e uma conta corrente em uma instituição financeira, chamada de “agente de custódia” das aplicações. Este banco ou corretora será responsável por intermediar as transações com o Tesouro Direto e abrir uma conta para operar em nome do investidor.
Após o cadastramento, o investidor recebe uma senha da BM&F Bovespa para realizar o acesso à área de operações de compra e venda do Tesouro Direto na internet. Todas as operações são feitas online, incluindo consulta a saldos e extratos.
Uma vez no sistema, é só escolher o título mais adequado ao perfil, renda e o objetivo financeiro. Há também um simulador online que permite visualizar projeções de rentabilidade do título escolhido de acordo com o valor investido.
Quais são os tipos de títulos no Tesouro Direto?
Existem três tipos de títulos de Tesouro Direto: os prefixados, os pós-fixados (Selic) e os de inflação (IPCA). A escolha depende do perfil e da renda do investidor.
Tesouro Selic
Os títulos pós-fixados acompanham a variação da taxa básica de juros dos negócios com títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, a Selic, cuja manutenção é definida pelo Conselho de Política Monetária (Copom).
Esse título é conhecido como Tesouro Selic e é destinado a aplicações de curto prazo. Ele é recomendado por especialistas como um dos melhores produtos financeiros para compor uma reserva de emergêcia. A reserva de emergência é um colchão de segurança que o poupador deve acumular com valores que variam entre 6 a 12 meses de seus gastos mensais em aplicações líquidas, para eventuais imprevistos.
O produto tem essa finalidade porque a variação no preço dos papéis é mínima, evitando perdas com a volatilidade de preços.
Por ser vinculado à Selic, o investidor é remunerado pelo juro básico da economia, independente de eventual alta ou baixa da taxa.
Tesouro Prefixado
Os títulos pré-fixados apresentam uma taxa de juro fixa, ou seja, o investidor saberá exatamente quanto receberá de rentabilidade pelo investimento. Neste caso, pode-se escolher entre:
- Tesouro Prefixado: o valor do “empréstimo” e o juro obtido é pago no vencimento do papel.
- Tesouro Prefixado com Juros Semestrais: neste caso, o valor investido é devolvido no vencimento do título, mas há pagamento semestral dos juros
Tesouro IPCA
Outro tipo de investimento em Tesouro Direto envolve a inflação. Nestes casos, o investidor também sabe, no momento da compra, o juro fixo que será pago com o adicional da variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice da inflação. Este tipo de título se subdivide entre:
- Tesouro IPCA: o pagamento do valor investido e o juro ocorrem na data do vencimento do título
- Tesouro IPCA com Juros Semestrais: o valor investido é devolvido no vencimento do papel, mas com pagamentos mensais de juro.
Esses são investimentos de longo prazo, cujos vencimentos vão de 2026 a 2045. O investidor pode optar por inserir o montante inteiro de uma vez ou colocar um pouco todos os meses, de forma programada.
Riscos: Como segue uma taxa de juro fixa, se a taxa Selic subir, o investidor terá feito um mau negócio, pois teria mais lucro aplicando no Tesouro Selic. Além disso, a venda desses títulos antes do vencimento pode acarretar prejuízo se o título estiver desvalorizado no mercado.
Quais são as taxas do Tesouro Direto?
Como todo investimento, o Tesouro Direto tem algumas taxas e impostos a serem pagos durante a aplicação. Confira quais são elas:
- Custódia da Bolsa: Neste ano, a taxa caiu dos 0,30% do valor investido para 0,25%. Ela pode ser cobrada em quatro momentos, dependendo do que ocorrer primeiro: o primeiro dia útil de janeiro ou julho, o vencimento do título, o pagamento de juro (nos casos de aplicações com juros semestrais) ou no momento da venda do papel ao governo. Se por ventura o valor da taxa não somar o mínimo de R$ 10, a BM&FBovespa acumula o valor devido e cobra o acumulado no semestre seguinte.
- Taxa de Serviço: cobrada pelo banco ou corretora responsável por fazer as operações no Tesouro Direto. Algumas instituições financeiras são isentas enquanto outras cobram até 2% do valor aplicado ao ano. Confira a lista completa aqui
- Imposto de Renda :varia de acordo com o tempo de aplicação, sendo 22,5% (180 dias), 20% (181 a 360 dias), 17,5% (361 e 720 dias) e 15% (mais de 720 dias)
- Imposto sobre Operações Financeiras: também pode ser cobrado se o investidor mudar de ideia e resgatar o título antes de 30 dias de investimento. Se isso ocorrer logo no primeiro dia, será cobrado 96% do rendimento. O valor decai diariamente até chegar a 0% no trigésimo dia.
Vale a pena investir em Tesouro Direto?
Como qualquer investimento, o Tesouro Direto depende do perfil e da renda do investidor. Pessoas inadimplentes, por exemplo, devem regularizar sua situação antes de investir, pois se trata de um rendimento de longo prazo, assim como investidores devem sempre ter uma poupança como garantia.
Os dois riscos principais são a falência da instituição financeira responsável pela sua aplicação ou o “calote” do governo. O primeiro caso não levaria a um prejuízo, mas sim à dor de cabeça de procurar um novo banco ou corretora para o investimento. Já um “calote” é um risco real, mas considerado baixíssimo por especialistas, pois o governo brasileiro não deixaria de pagar o empréstimo.