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Campanas criam luminárias com artesãs do São Francisco

Coleção de pendentes com retratos bordados está exposta no Rio

Por Marcelo Lima
Atualização:
Vista de baixo, a luminária criada pelos Irmãos Campana em parceria com artesãs da região do Rio São Francisco, com retrato bordado e fios pendentes Foto: Fernando Laszlo/Divulgação

Parcerias são vistas com bons olhos por Fernando e Humberto Campana, ainda hoje os designers brasileiros de maior projeção global. “Aprendemos muito com elas. O intercâmbio oxigena nossas ideias e nos sugere outros tipos de suporte”, afirma Fernando, que, ao lado do irmão, inaugurou na última quinta-feira a exposição Retratos Iluminados, em cartaz no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro, no Rio, até 3 de setembro.

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Resultado de um projeto conduzido em parceria com órgãos de fomento de Sergipe e Alagoas, a mostra coloca face a face o delicado trabalho de bordadeiras de localidades próximas ao Rio São Francisco e a criatividade exuberante dos irmãos designers. 

Como grandes estandartes suspensos, bastidores exibem rostos bordados e iluminados, que se propagam pelo espaço. Além de retratos de Fernando e Humberto, imagens das 35 artesãs inspiram as criações. “Quisemos colocar as bordadeiras como protagonistas, que elas mostrassem seus rostos”, conta Fernando em entrevista ao Casa.

O universo artesanal é múltiplo. Mesmo comunidades muito próximas têm suas particularidades. O que mais os impressionou no trabalho das artesãs?

Ficamos impressionados com a diversidade e a riqueza de técnicas como a do rendendê e a do ponto-cruz. Também nos surpreendeu o fato de elas propagarem a tradição do bordado desde o período colonial, ainda que depois da independência tenham se permitido uma certa flexibilidade, para se adaptarem a novas exigências.

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Como se deu o contato com as comunidades?

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A comunicação ocorreu entre o Instituto Campana e o Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), em parceria com o Sebrae e o governo de Sergipe. O IPTI nos apresentou as comunidades de Sítios Novos (SE) e de Entremontes (AL) e ficamos muito entusiasmados com a oportunidade de trabalhar com artesãs da região do São Francisco.

Em geral, o trabalho artesanal propicia tempo maior de reflexão. Vocês ainda se permitem esse tempo? Continuam a manipular matérias-primas?

Inevitavelmente. Contatar, assimilar, reprocessar e devolver com nossa linguagem e nosso conceito, quase como um ato antropofágico, está na essência de nosso trabalho. Inclusive, foi esse movimento que tentamos levar às artesãs, com o intuito de arejar o repertório delas. Por isso, no lugar de temas tradicionais, propusemos os retratos, como que afirmando que é sempre possível sair do habitual. O bordado ganhou uma terceira dimensão.

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