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Ensaio sobre a luz

João Armentano dá ênfase à iluminação em projeto de apartamento onde a madeira tem papel de destaque

Por Marisa Vieira da Costa
Atualização:

Fazer arquitetura é preencher um espaço vazio de acordo com determinados critérios. Esse conceito é simplista, mas serve para mostrar que, no caso de uma sala enorme e uma varanda um tanto quanto, o arquiteto tem de levar à prancheta, além do conhecimento técnico, muita imaginação para conceber um lugar único.

 

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João Armentano partiu da exploração da incidência da luz natural, um aspecto marcante no seu trabalho, para fazer o projeto de um apartamento novo, nos Jardins. Mexeu pouco na planta original. Fez dois dormitórios virarem um e integrou o grande living, criando três salas. O pulo do gato está na maneira como conduziu a união.

 

Para dar suavidade à luz intensa que vem dos três grandes panos de vidro que se abrem para uma vista especular da cidade, forrou todas as paredes e portas com folhas de pau-ferro, criando uma espécie de caixa que traduz um clima de aconchego. "Isso é maravilhoso na hora do lusco-fusco. Essa luz dura pouco nesta época do ano, mas inunda o apartamento e altera as cores", diz Armentano.

 

A cadeira dourada da Juliana Benfatti Antiguidades e o conjunto de cachepôs da italiana B&B     sobre a mesa de centro dão um toque de Midas a este apartamento com décor masculino

 

 

A fim de não perder a delicadeza vivida pela iluminação natural quando a noite cai, o arquiteto quis um projeto luminotécnico que não ofuscasse os olhos. Por isso, trabalhou com dicróicas, minidicróicas e AR111 embutidas no forro de gesso e, em todo o espaço, há apenas duas luminárias de chão.

 

Madeira e pedra. O piso de réguas ebanizadas foi escolhido como uma solução para aquecer sem brigar com as paredes forradas de madeira. Mas a pedra também aparece em pontos distantes uns dos outros - o mármore travertino bruto está no chão do hall de entrada, na boca da lareira e, no extremo oposto, no aparador encostado em uma parede de espelho na sala de jantar. Sem pés, ele parece flutuar.

 

O gosto de Armentano pelas bases neutras se revela no décor - tapete creme (da By Kamy, modelo Aloe Vera, do Nepal, feito à mão), sofás de linho fendi no estar e de couro off-white no home theater (ambos da italiana Maxalto, comercializados pela Atrium) e móveis de laca pretos desenhados pelo escritório do arquiteto (a mesa de jantar e a estante baixa do home) e executados pela Marcenaria Marupá. O neutro ainda está presente em duas poltroninhas pretas, também italianas, nas cadeiras Sina de couro cinza do jantar e na mesa de centro ebanizada como o piso.

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Toque de ouro. Essa decoração com um quê masculino ganhou detalhes dourados, que aparecem em uma cadeira da Juliana Benfatti Antiguidades, no conjunto de cachepôs da italiana B&B, em um grande vaso e em um jogo de taças. Sobre o aparador, dois magníficos potiches sangue de boi.

 

Duas fotos em preto e branco de Cristiano Mascaro, com impressão digital em papel de algodão, foram posicionadas em cada lado da lareira. E, discreta, próxima a um dos janelões que dão para o terraço, a escultura de Artur Lerscher de cobre e madeira. Nada supérfluo nesse apartamento que Armentano adorou fazer. "É um lugar onde eu gostaria de morar", afirma.

 

Na área do home theater, sofá de couro off-white da italiana Maxalto e móvel de laca preto desenhado pelo escritório de Armentano. Em cada lado da lareira, fotos de Cristiano Mascaro

 

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