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Puskas foi o líder da máquina húngara de fazer gols

Time conquistou o ouro em Helsinque, em 1952

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Por Redação
Atualização:

O primeiro jogo da história da seleção húngara de futebol terminou com uma derrota por 5 a 0 para a Áustria, em Viena, em 12 de outubro de 1902. Quem viu o jogo não imaginava que a Hungria poderia formar um dos times mais espetaculares de todos os tempos 50 anos depois.

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Liderados pelo genial Ferenc Puskas, Gyula Grosics, Jenő Buzánszky, Mihály Lantos, Nándor Hidegkuti, József Bozsik, Gyula Lóránt, Sándor Kocsis, Péter Palotás, József Zakariás, Zoltán Czibor, Jenõ Dalnoki, Imre Kovács, László Budai e Lajos Csordás formaram a melhor equipe olímpica de todos os tempos. Tratava-se de uma revolução física, tática e técnica no futebol.

Os adversários eram estudados de forma minuciosa, com a intenção de encontrar falhas a serem exploradas e as virtudes que precisavam ser contidas em campo. Uma inovação, que só foi copiada décadas depois pelos principais times, foi o pré-aquecimento já no campo de jogo, com a intenção de ambientar os jogadores com o clima da disputa a ser enfrentada em seguida.

Puskas foi o líder do time húngaro da década de 1950 Foto: Laszlo Balogh

Taticamente, a equipe apresentava um centroavante (Kocsis) mais recuado, que servia como pivô para a troca de passes rápida e intensa, ao mesmo tempo propiciava a penetração dos jogadores pelo meio da defesa adversária (Puskas e Hidekguti) e abriam espaço para as infiltrações pelas laterais (Budai e Czibor).

Sete dos 11 titulares eram jogadores da equipe do Honved (que significa “defesa da Pátria”), que servia como a melhor propaganda do governo comunista. Os atletas eram literalmente soldados do bloco soviético – quem não jogasse pelo time do Honved serviria como soldado na fronteira do país.

Puskas, o maior jogador húngaro de todos os tempos, era major. Cerebral, era dono de uma habilidade rara para dominar a bola, dar passes precisos e dribles curtos e secos, tinha um fortíssimo chute de pé esquerdo. Marcou 84 gols em 85 jogos pela seleção húngara. Na carreira, foram 512 gols em 528 partidas. Puskas fez grande sucesso pelo Real Madrid, equipe na qual atuou entre 1958 e 1966.

Inovadora e superior a seus adversários em todos os quesitos, a seleção da Hungria não teve adversários por quatro anos. Entre 14 de maio de 1950 e 4 de julho de 1954, a equipe somou 29 vitórias consecutivas, feito que só foi superado pela Argentina entre 1991 e 1993, com 31 jogos sem derrota.

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Entre os quatro anos de invencibilidade, o time húngaro atingiu seu clímax nos Jogos Olímpicos de Helsinque-1952. Foram cinco vitórias em cinco jogos. Na fase preliminar, uma estreia nervosa e um triunfo apertado sobre a Romênia por 2 a 1. O placar de 3 a 0 diante da tradicional seleção italiana demonstrou que o entrosamento estava perto do ideal Turquia e Suécia foram massacradas: 7 a 1 e 6 a 0, respectivamente, nos jogos das quartas de final e semifinal.

Na decisão, o time se limitou a fazer o necessário e passou com um tranquilo 2 a 0 pela Iugoslávia para ganhar a inédita medalha de ouro, feito maior daquela seleção, que havia sido vice-campeã da Copa do Mundo de 1938, ao perder a decisão para a Itália por 4 a 2. Mas o excepcional time não parou por aí. Seguiu aniquilando todos aqueles que se colocavam a sua frente. Foi o caso da tradicional seleção da Inglaterra. Em 25 de novembro de 1953, tornou-se o primeiro selecionado de não origem britânica a vencer os ingleses na sua casa. Em pleno estádio de Wembley, os húngaros marcaram 6 a 3. No ano seguinte, a revanche em Budapeste foi humilhante: 7 a 1.

Puskas em jogo-exibição após fim da carreira Foto: Laszlo Balogh

Os resultados elevavam a Hungria à condição de favorita para a Copa de 1954, na Suíça. E os companheiros de Puskas não decepcionaram. Enfiaram 9 a 0 na Coreia do Sul e 8 a 3 na poderosa Alemanha. O Brasil também não suportou e caiu por 4 a 2. Mesmo placar imposto na semifinal sobre os uruguaios, que defendiam a conquista do título no Brasil quatro anos antes.

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Na decisão, os húngaros voltaram a encarar os alemães. Parecia que seria tão fácil quanto havia sido na primeira fase. Em oito minutos de jogo, 2 a 0 para a Hungria. Mas a injustiça, sempre presente no futebol, fez mais uma das suas e o título acabou ficando com os alemães, com uma virada espetacular: 3 a 2.

A Hungria voltou a ganhar a medalha de ouro nas olimpíada de 1964 e de 1968. Marcou 10 a 1 em El Salvador na Copa de 1982, na maior goleada já registrada em um Mundial. É um dos poucos times a ter um retrospecto favorável sobre a seleção brasileira: 3 vitórias, 2 derrotas e um empate. Mas jamais voltou a jogar como o time de Puskas.