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Le Vin Filosofia

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Vinhos de aniversário

A trajetória da importadora Premium, que completa 25 anos, reflete o mercado de vinhos no Brasil

No universo de cerca de 700 importadoras de vinho no Brasil, poucas amadurecem bem ao longo das décadas, para usar a linguagem do vinho. No nosso conturbado mercado, com baixo consumo de brancos e tintos e regras mutáveis de importação e comercialização das garrafas, muitas destas empresas não têm a performance de seus melhores vinhos, que envelhecem tranquilos, sem pensar no câmbio ou em outras dores de cabeça mercadológicas, em suas adegas climatizadas.

Assim, quando uma empresa chega aos 25 anos, não faltam motivos para celebrar. Nesta semana, a mineira Premium Wines comemorou um quarto de século com degustações em Belo Horizonte (MG) e em São Paulo (SP), conduzidas por 14 das cerca de 100 vinícolas de seu portfolio.

PORTUGAL

“Não dava para não vir”, comentou o enólogo português Paulo Nunes. Ele lidera quatro projetos no Dão, representados pela Premium, e optou por vir ao Brasil e faltar, pela primeira vez, no Concurso dos Vinhos de Portugal, importante competição que está em sua 11ª. edição, e é realizada essa semana em Santarém.

O enólogo Paulo Nunes, que veio de Portugal apresentar os vinhos do Dão Foto: Premium Wines

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Nunes aproveitou o evento para lançar os quatro primeiros vinhos da Quinta da Perdonda, seu projeto pessoal que nasce em 3 hectares de vinhas na encosta da Serra da Estrela – de muita complexidade e um frescor ímpar, o Quinta da Perdonda Talhões 2021 é um dos destaques (recém-chegado, ainda não tem o preço definido).

ORIGEM NEOZELANDESA

Portugal, o terceiro país no ranking de vinhos importados pelo Brasil, hoje é um importante capítulo no portfolio da Premium, que traz vinhos do Alentejo, Dão, Bairrada e Douro. E exemplifica a trajetória dessa importadora. A Premium nasceu em 1999, focada apenas em vinhos da Nova Zelândia, o país da Oceania famoso pelos seus pinot noir e sauvignon blanc. Na virada do século, com a cotação do dólar mais próxima a da nossa moeda, o real, era possível trazer os grandes vinhos desse país, com preços competitivos. Saudosa realidade.

Na degustação dessa semana, havia apenas dois rótulos do país, apresentados na seleção de Orlando Rodrigues, que fundou a empresa junto com o amigo Rodrigo Fonseca (que se desligou da empresa posteriormente para focar no seu restaurante). Eram o Hunter’s Sauvignon Blanc 2002 (R$ 262), que conquista pela tipicidade da uva; e o Rippon Pinot Noir 2016 (R$ 780), um clássico da Nova Zelândia.

Orlando Rodrigues, de crachá, prova vinhos de seu portfolio junto com consumidores Foto: Premium Wines

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O INÍCIO

O final da década de 1990, começo dos anos 2000 coincide com o surgimento de várias importadoras, que apostaram na abertura do mercado brasileiro, na então maior competitividade da nossa moeda, e também que o vinho conquistaria o paladar dos nossos consumidores – ainda hoje, nosso consumo per capita é menor de 3 litros por habitante por litro (Portugal lidera esse ranking com 67,5 litros per capita, segundo a OIV, Organização Internacional da Vinha e do Vinho).

Muitas empresas ficaram pelo caminho, mas entre aquelas que sobreviveram destaca-se não apenas a Premium. A Adega Alentejana é de 1998, que nasceu focada em Portugal e recentemente começou a diversificar o seu catálogo; a World Wine, o braço de vinho da família La Pastina, é de 1998. Mais antiga é a Mistral, que completou 50 anos recentemente, mas começou a se destacar no mundo do vinho em 1991, quando foi adquirida pelo empresário Ciro Lilla. E a Casa Flora, com 54 anos focada na importação de alimentos, também passou a olhar o vinho com mais atenção no início dos anos 2000.

DIVERSIFICAÇÃO

A sobrevivência no mercado brasileiro também significou mudar o foco para as origens mais procuradas pelos brasileiros. No caso da Premim, a Nova Zelândia ainda se faz presente – a empresa importa brancos e tintos de 11 vinícolas, mas não raro apenas dois ou três rótulos por empresa –, mas a diversificação é grande. Atualmente são rótulos de 10 países, e o evento trouxe vinhos com preço entre R$ 67, o chileno Quereu Sauvignon Blanc 2023, e R$ 1.995, o Clos des Papes Châteauneuf-du-Pape Rouge 2016.

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Entre os destaques, o intenso Jijiji 2022 (R$ 149), elaborado com a branca chenin blanc pela Gen del Alma. Do Etna, o Monteleone Bianco 2022 (R$ 426) mostrava porque a região vem se despontando entre os vinhedos italianos. Na Brezza, era possível provar barolos de diferentes vinhedos, como o Barolo Cannubi 2019 (R$ 952), mas o Nebbiolo d’Alba Vigna Santa Rosalia 2021 (R$ 402), já possibilitava conhecer um pouco mais do estilo da casa, elaborado com a mesma uva. E para sair dos países clássicos, o grego Estate Argyros Assyrtiko Santorini 2020 (R$ 533).

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