Cristina Kirchner assume presidência da Argentina de novo

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Por ROSALBA OBRIEN
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Cristina Kirchner começou o segundo mandato como presidente da Argentina neste sábado, quando sinais de arrefecimento na economia obrigaram-na a ajustar o ritmo das políticas que agradaram os eleitores, mas assustaram os investidores. Cristina venceu a reeleição de lavada em outubro graças ao crescimento econômico e a uma onda de solidariedade após a morte, em 2010, de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner. Ela prometeu "aprofundar o modelo" iniciado por ele em 2003. Ainda trajando luto, uma Cristina emocionada dirigiu-se aos simpatizantes do terraço do prédio do Congresso. "Nosso projeto nacional continuará até que não haja um único pobre", disse Cristina em seu discurso. Mas uma inflação de dois dígitos, a fuga de capital e finanças apertadas estão aumentando os temores sobre a sustentabilidade das políticas de grandes gastos da presidente, em um momento em que a piora do cenário global pode afetar os preços dos grãos e reduzir a demanda do Brasil. O crescimento da produção industrial foi significantemente menor em outubro, um sinal claro de que a terceira maior economia da América Latina está esfriando. A primeira missão de Cristina será anunciar o orçamento de 2012 antes do final do ano. Com a maioria no Congresso, essa deve ser uma tarefa acertada. Um cronograma intenso em dezembro também inclui a discussão de uma lei para limitar as vendas de terras a estrangeiros e uma emenda para reforçar a lei contra a lavagem de dinheiro. Cristina, de 58 anos, é membro do partido peronista de centro-esquerda e rejeita medidas ortodoxas para apertar os cintos, dizendo que elas sufocam o crescimento. Cerca de 5 mil simpatizantes, a maioria jovens de grupos sindicalistas, balançavam a bandeira branca e azul da Argentina e assopravam cornetas enquanto se reuniam na praça em frente ao Congresso onde Cristina foi empossada. Sua decisão de nomear o secretário de Finanças Hernan Lorenzino como ministro da Economia foi bem recebida por Wall Street, onde os analistas afirmam que indicaria esforços intensificados para colocar em ordem as consequências do calote da dívida de 2002 e voltar para o mercado mundial. "Eu não vejo nenhuma mudança significativa", disse o analista político Federico Thomsen. "O que aconteceu até agora vem sendo tranquilizador para quem achava que algo assustador iria acontecer no segundo mandato." A lista de convidados para a posse de sábado incluiu líderes regionais como a presidente brasileira Dilma Rousseff. O presidente venezuelano Hugo Chávez, que faria sua primeira viagem oficial para o exterior desde o tratamento contra o câncer, cancelou a viagem na última hora.

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