Estados Unidos entram em paralisação parcial pela terceira vez no ano

Medida é uma tentativa de Trump de conseguir fundos para construir um muro na fronteira com o México, sua grande promessa eleitoral

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Por AFP e EFE
Atualização:

WASHINGTON - O governo americano vive uma paralisação parcial desde a madrugada deste sábado, 22, por causa da falta de acordo entre o Congresso e a Casa Branca a respeito do orçamento federal dos Estados Unidos. É a terceira vez neste ano que ocorre a paralisação. O chamado “shutdown” é fruto de um impasse sobre o financiamento de US$ 5 bilhões para a construção de um muro na fronteira com o México, exigência de Donald Trump para assinar o acordo orçamentário firmado entre republicanos e democratas na semana passada.

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O Legislativo americano havia aprovado nesta semana uma nova lei para financiar diversas agências federais até 8 de fevereiro. Mas o presidente, Donald Trump, se negou a assinar o novo orçamento por não contemplar US$ 5 bilhões para a construção do muro na fronteira com o México. E os democratas já sinalizaram que não vão apoiar esses fundos. 

Trump vê esta negociação como sua última oportunidade para conseguir os fundos para cumprir sua grande promessa eleitoral, já que em janeiro os democratas assumirão o controle da Câmara dos Deputados e poderão bloquear o financiamento do muro.

Esta é a terceira paralisação do ano, e Trump anunciou que está disposto a enfrentar um longo fechamento em troca de obter suas demandas.

Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu que o México pagaria por um muro na fronteira entre os dois países; agora, Trump pressiona o Congresso americano para liberar fundos para a construção da barreira Foto: Evan Vucci/ AP

A primeira paralisação aconteceu em20 de janeiro, quando Trump completou um ano de governo. Na ocasião, senadores democratas e alguns republicanos se recusaram a votar a proposta que manteria o governo em funcionamento, que já havia sido aprovada na Câmara dos Deputados.

A oposição no Senado tinha condicionado seu apoio à aprovação de lei que regularizasse a situação de 690 mil jovens beneficiados pelo Daca - programa do ex-presidente Barack Obama que suspendeu deportações de imigrantes ilegais levados aos EUA quando eram crianças.

Trump tinha anunciado em setembro de 2017 que o fim do Daca estava marcado para março, mas a Suprema Corte suspendeu a decisão do presidente em setembro deste ano. O governo ficou paralisado durante três dias, até que um acordo temporário entre democratas e republicanos permitiu que o governo fizesse novos gastos.

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A segunda paralisação aconteceu em fevereiro, um mês depois da primeira, e durou algumas horas. O Senado havia aprovado uma nova lei orçamentária, mas não em tempo hábil para impedir a paralisação, pois ainda era necessário que a Câmara dos Deputados desse sua aprovação.

Nesse caso, a votação foi emperrada pelo senador republicano Rand Paul, que pediu o acréscimo de uma emenda em relação ao aumento da dívida pública. Apesar de Paul ser do mesmo partido que o presidente, os republicanos são críticos ao aumento da dívida pública.

A estimativa dos democratas é a de que mais de 800 mil funcionários públicos sejam afetados, incluindo os da Nasa, Ministério da Habitação e os de serviços fiscais. Além disso, a paralisação pode atingir turistas, já que, por exemplo, a Estátua da Liberdade ficou fechada por dois dias em janeiro, até o Estado de Nova York reabri-la utilizando financiamento próprio de US$ 65 mil diários.

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