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Ataque em Londres acirra campanha eleitoral e separa ainda mais os dois principais candidatos

Na próxima quinta-feira, ocorrem as eleições gerais no Reino Unido e os candidatos Theresa May e Jeremy Corbyn lideram as pesquisas de intenções de voto

Atualização:
Ataques em Londres deixaram 7 mortos e 48 feridos. Foto: AFP PHOTO/Adrian Dennis

LONDRES - As eleições gerais no Reino Unido marcadas para a próxima quinta-feira ganharam novos contornos depois dos ataques terroristas em Londres na noite do último sábado, 3, separando ainda mais os dois principais concorrentes para o pleito. A maior parte dos partidos suspendeu a campanha hoje em respeito às vítimas, mas a primeira-ministra Theresa May veio a público se manifestar contra o atentado.

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Apontada como líder na disputa eleitoral, May fez duras críticas ao Estado Islâmico, disse que o país tem sido muito tolerante com o extremismo, disse que é preciso combater o terrorismo, derrotar o inimigo e dar um "basta" na situação. Apesar de ter feito o pronunciamento como premiê, a oposição viu em suas palavras um viés eleitoral. O Partido Conservador de Theresa May promete ações muito mais duras em eventos como este do que o do Partido Trabalhista, de Jeremy Corbyn, citado nas pesquisas de intenção de voto como o segundo que será mais apontado nas urnas. Ao falar sobre a tolerância com o extremismo, a premiê deu uma indireta a seu principal rival na campanha. Depois do ataque de Manchester, alguns dias atrás, Corbyn avaliou que a atuação internacional do país em guerras acabou alimentando o terrorismo no quintal britânico.

A eleição estava prevista para ocorrer apenas em 2020, mas a decisão da primeira-ministra de antecipar o pleito tem como objetivo ganhar mais força e autoridades nas negociações da saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit. A formalização do divórcio ocorreu no fim de março e deve durar pelo menos dois anos. Se a intenção era ganhar mais autoridade, a estratégia não deu certo, como apontaram alguns especialistas e órgãos de imprensa locais.

Aliás, logo após o ataque de Manchester, um levantamento realizado pelo YouGov apontou uma redução da diferença entre os dois primeiros candidatos, ainda que o Partido Conservador se mantenha à frente. Não se sabe ainda o impacto do novo atentado sobre os eleitores.

Em entrevista ao Broadcast na semana passada, o professor e pesquisador do Instituto Europeu, da London School of Economics and Political Science (LSE) Iain Begg, salientou que, apesar de tão pouco tempo para a votação, o cenário é ainda bastante incerto em relação ao tamanho do poder que o novo líder do Reino Unido terá. Ao que tudo indica, segundo ele, May sairá vitoriosa, mas pode contar com um apoio menor ao governo no Parlamento.

O grande tema entre os dois principais candidatos gira em torno de liderança. Corbyn é apontado como um "capitão" fraco e, nos últimos tempos, a figura que a premiê tentou imprimir de alguém com autoridade diminuiu, principalmente depois que voltou atrás em apenas quatro dias em relação a um manifesto do partido sobre a cobrança de cuidados pessoais a idosos.

O que Theresa May tentou fazer hoje foi optar por um discurso mais duro, atacando diretamente alguns praticamente do islamismo, por exemplo. Ela também informou que não iria mudar a data da eleição por causa dos atentados, o que foi apoiado por alguns chefes de Estado de outros países. "É hora de dar um basta", afirmou. 

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