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Por que o celular ainda não substitui a carteira

Poucas vantagens do pagamento móvel em relação ao cartão de plástico afastam clientes

Por Agências
Atualização:

AP

 

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Por Peter EavisTHE NEW YORK TIMES

Sammy Yuen, designer gráfico que reside no Upper West Side de Manhattan, estava na fila do caixa do Whole Foods Market em uma manhã. Ele usou o aplicativo do Starbucks que está instalado em seu celular para encomendar antecipadamente café e depois comprou o que precisava no mercado pagando com o Apple Pay. Bastou passar o telefone em frente à máquina registradora. Usar o celular para pagar virou rotina para Yuen. “Sempre que posso, uso”, diz. Mas ele é exceção.

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Bancos, empresas de tecnologia e comércio varejista estão investindo alto para criar sistemas e aplicativos que permitam que pessoas paguem suas compras com o celular nas lojas físicas, onde ocorre a maior parte das vendas. A expectativa é que os telefones tornem os pagamentos mais eficientes e forneçam aos bancos e varejistas novas informações sobre a clientela. Fabricantes de celulares e softwares – entre eles Apple, Google e Samsung – investem em pagamento por telefone para tornar seus produtos mais atraentes para os usuários.

Por trás de tudo está o pressuposto de que os consumidores descobrirão os benefícios do pagamento móvel – e, assim, passarão a usar mais o celular como meio de pagamento. No entanto, o processo é lento. Só uma minúscula porcentagem das compras em lojas é feita por celular. Nos EUA, cerca de US$ 8,7 bilhões em compras ocorreram com pagamento por telefone em 2015, segundo pesquisa da eMarketer. Isso representa só 0,2% dos estimados US$ 4,35 trilhões das transações feitas em lojas no ano passado.

Insegurança. Outros clientes que saíam do Whole Foods naquela manhã listaram uma série de razões para não pagar pelas compras dessa forma. A maioria teme pela segurança das transações ou por perder o aparelho, o que permitiria a estranhos acessar seus dados financeiros. Eles também duvidam que os celulares sejam mais rápidos que cartões de plástico.

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As empresas tentam incrementar o uso da tecnologia ressaltando como os aplicativos podem ser mais seguros que os cartões. Autenticação pelas digitais e o uso de senhas tornam quase impossível usar um telefone roubado para pagar uma compra. Já cartões de crédito roubados, ou informações nele contidas, podem ser usados facilmente em fraudes até que o crime seja notificado.

Concorrência. Parte do problema pode ser a existência de muitos aplicativos similares tentando atrair a atenção do consumidor. A Samsung deu um passo tecnológico que aumenta substancialmente o número de pontos de venda onde o Samsung Pay pode ser usado. Muitos pagamentos móveis exigem a tecnologia NFC, mas ela não está presente em antigos terminais de pagamento. O Samsung Pay, porém, pode ser usado em terminais de diversos tipos. “Acredite, você não precisa mais levar a carteira”, garante o gerente do aplicativo, Thomas Ko.

No entanto, as perspectivas para o pagamento móvel não parecem boas. Cartões de crédito e débito têm problemas, mas são fáceis de levar e de uso geralmente rápido. E mais: não têm baterias que podem acabar durante uma tarde de compras.

/TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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