Quem comandará a COP de Belém: negociador do clima, amante das artes e neto de Oswaldo Aranha

Embaixador André Corrêa do Lago tem ampla experiência na área e atuou como negociador-chefe do Brasil nas duas últimas conferências

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Foto do author Paula Ferreira
Atualização:

BRASÍLIA- Após meses de indecisão, o governo federal anunciou nesta terça-feira, 21, o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, para a presidência da Cúpula do Clima da ONU (COP-30), que será realizada em Belém, em novembro.

Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o mandato em 2023, o embaixador passou a ocupar o cargo de secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, liderando as negociações do Brasil nas últimas conferências do Clima, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (2023) ; e em Baku, no Azerbaijão (2024).

Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores, embaixador André Corrêa do Lago em Dubai para as negociações da COP-28 Foto: Divulgação MRE

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Corrêa do Lago tem ampla experiência em negociações climáticas e atua na área desde os anos 2000. Ao longo da carreira, foi diretor dos departamentos de Energia e de Meio Ambiente do Itamaraty. Entre 2011 e 2013 foi o negociador-chefe do Brasil para mudança do clima a para a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para Desenvolvimento Sustentável.

O nome do embaixador era cotado para ocupar o posto desde o início das discussões por conta de sua experiência na área. Fora cogitados também o vice-presidente, Geraldo Alckmin, a secretária Nacional do Clima, Ana Toni, e a própria ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

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O país vinha sendo pressionado para fazer o anúncio, já que a presidência da COP é um posto-chave para as negociações climáticas, uma vez que tem o poder de pautar discussões na conferência. Corrêa do Lago foi considerado um bom nome por reunir experiência na área e ser visto como nome técnico.

A COP de Belém será uma das principais dos últimos anos, quando serão revistas as metas do Acordo de Paris, celebrado em 2015. O encontro é visto como crucial para garantir combate s mudanças climáticas e manter a temperatura do planeta no limite de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais - em 2024 o planeta já superou esse patamar.

Um dos reveses para esses esforços ocorreu nesta semana, com a saída dos Estados Unidos do pacto climático global após a volta de Donald Trump para a Casa Branca.

Formado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Corrêa do Lago ingressou na carreira diplomática em 1982 e serviu em embaixadas em Madri, Praga, Washington e Buenos Aires e na Missão junto à União Europeia, em Bruxelas. Além disso, foi embaixador no Japão, na Índia e no Butão.

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Em entrevista ao Estadão às vésperas da COP-28, em Dubai, quando voltou a liderar as negociações climáticas pelo Estado brasileiro, Corrêa do Lago assumiu uma posição ponderada sobre uma das principais questões debatidas nas conferências: o fim do uso de combustíveis fósseis. Na ocasião, defendeu que os países acelerem as substituições do recurso, mas admitiu limitações.

“A realidade é que hoje não pode parar os (combustíveis) fósseis, porque no curto prazo, e no médio prazo, eles não são substituíveis na escala que seria necessário", disse.

Além de atuar na área de clima, Corrêa do Lago é reconhecido por suas atividades na área das artes e da arquitetura. O embaixador foi membro do Departamento de Arquitetura do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA. E atualmente integra o Conselho do museu.

Corrêa do Lago é neto do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, que presidiu a primeira Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 1947. Na ocasião, foi votado plano para partilha da Palestina, que culminou na criação do Estado de Israel.

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