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Em crise na segurança, Rio anuncia criação de novo batalhão da PM

Com 400 policiais e sem área de atuação fixa, o Recom será aplicado de forma ostensiva em locais de grande concentração de crimes

Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Em meio a uma sequência de ações violentas de criminosos, o secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, anunciou a criação de um novo batalhão da Polícia Militar, com cerca de 400 policiais e sem área geográfica de atuação fixa, para prevenir ocorrências policiais. O efetivo do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (Recom) será aplicado de forma ostensiva em locais de grande concentração de crimes, como forma de baixar os índices.

O recrudescimento da violência no Rio, que coincide com a crise e com a falência das UPPs, vem sendo mostrada nos números oficiais, do Instituto de Segurança Pública Foto: Governo do Rio de Janeiro

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O grupo, que dará apoio a ações dos batalhões de área, será derivado do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos, criado em 2014, antes da Copa do Mundo no Brasil. O batalhão tinha o objetivo de conter multidões e reforçar a segurança durante o evento esportivo e também na Olimpíada de 2016, no Rio. Vem sendo empregado desde então também em jogos de futebol com grande concentração de torcedores e em protestos, como os verificados na porta da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

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Em entrevista ao portal de notícias G1, o secretário disse que os policiais a serem redirecionados ao novo batalhão têm treinamento para controle de distúrbios e em policiamento ostensivo. Ele não falou sobre custos da medida - o governo do Estado está em grave crise financeira, atrasando salários de servidores, e os efeitos vêm sendo sentidos pela polícia, tanto na infraestrutura quanto no pagamento do 13º salário e de benefícios.

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A reportagem do Estado pediu mais esclarecimentos à secretaria sobre o batalhão, mas não obteve resposta. 

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"Será uma unidade de rondas especiais em áreas de grande indicadores de criminalidade. O batalhão até já faz isso hoje, mas não como regra, e, sim, como exceção", afirmou o secretário. "Agora, vai passar a ser regra, complementando a ostensividade em algumas áreas que a gente tenha necessidade por algum período, por uma questão de sazonalidade ou características locais."

O recrudescimento da violência no Rio, que coincide com a crise e com a falência das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), vem sendo mostrada nos números oficiais, do Instituto de Segurança Pública. Entre janeiro e novembro de 2017 (os dados de dezembro ainda não foram disponibilizados), chegaram a 4.882 os homicídios no Estado, média de 14,7 por dia. Em 2016, foram 4.578, ou 13,7 por dia; em 2015, 3.818, ou 11,5 por dia.

Casos

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Nos últimos quatro dias, três ocorrências mobilizaram o Estado: a execução do delegado Fábio Henrique Monteiro no Jacarezinho, na zona norte, na sexta-feira, cujo corpo foi encontrado na mala de seu carro; o caso da gestante Michelle Ramos Silva Nascimento Araújo, de 33 anos, baleada na cabeça em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no sábado (ela e o bebê, nascido em uma cesariana de urgência, estão internados em estado grave); o tiroteio no Morro da Mangueira entre traficantes e policiais, que resultou em quatro mortos e três policiais feridos, também no sábado. 

Na tarde desta segunda-feira, 15, está sendo realizada uma reunião entre representantes das cúpulas das Polícias Civil, Militar e Federal, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), para tratar do controle da violência. Um dos assuntos é a ocorrência de domingo no Jacarezinho: um helicóptero da Polícia Civil quase acertou a UPP (da PM) da favela em uma operação. A secretaria apura o episódio de "fogo amigo".

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