Alckmin diz que acordo Mercosul-UE vai ajudar Brasil a crescer mais e a reduzir a inflação

O ministro e presidente em exercício não quis cravar uma data para assinatura do acordo e afirmou que há uma série de etapas que precisam ser cumpridas para o tratado entrar em vigor

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Foto do author Amanda Pupo
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente da República em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia trará vários benefícios para a economia brasileira. Ele citou o potencial de o tratado ajudar a reduzir a inflação e aumentar o crescimento do PIB brasileiro.

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“Pode ajudar a fazer o PIB do Brasil crescer mais, as exportações brasileiras crescerem mais, a renda e o emprego crescerem mais e derrubar a inflação. Então é uma agenda extremamente positiva, e após anos e anos de negociação, finalmente se celebra o anúncio deste acordo”, disse Alckmin.

Segundo estudo divulgado pelo governo, o acordo vai gerar para o Brasil um efeito positivo de 0,34% sobre o PIB (R$ 37 bilhões), com aumento de 0,76% nos investimentos (R$ 13,6 bilhões), uma redução de 0,56% no nível de preços ao consumidor e aumento de 0,42% nos salários reais. Os desvios porcentuais foram estimados para o ano de 2044, e os valores em reais consideram o ano base de 2023.

A referência a 2044 é feita porque, em modelos de equilíbrio geral, os impactos nas variáveis macroeconômicas são normalmente feitos para 20 anos, tempo suficiente para considerar que a economia estaria totalmente ajustada às novas circunstâncias.

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Geraldo Alckmin disse que acordo teve papel fundamental do presidente Lula Foto: Wilton Junior/Estadão

Segundo Alckmin, estudos também mostraram que as exportações para a União Europeia poderão crescer 6,7% na agricultura, 14,8% nos serviços e 26,6% na indústria de transformação.

Mundo fragmentado

Alckmin disse ainda o anúncio do acordo comercial é a “prova do diálogo e da boa política” em um mundo classificado por ele como polarizado e fragmentado. “Hoje é um dia histórico, é o maior acordo comercial entre blocos do mundo”, disse Alckmin. A pasta comandada pelo vice-presidente é uma das principais responsáveis pela negociação do acordo anunciado nesta sexta-feira, 06.

O ministro afirmou também que “dificilmente” os termos do tratado teriam sido concluídos sem o papel exercido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Alckmin preferiu não cravar uma data para a assinatura do acordo, destacando que há uma série de etapas que precisam ser cumpridas para o tratado entrar em vigor. Ao ser questionado sobre a reação de empresas europeias contrárias a flexibilização comercial entre os blocos, o ministro destacou que agora nenhum país poderá trabalhar para alterar os temos do acordo. Ele também espera que a resistência de países europeus, como a França, seja resolvida.

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“O acordo é sempre, é um ganha-ganha, mas onde você abre mão de alguma coisa, ganha de outro lado, tem uma vantagem comparativa aqui, tem uma dificuldade ali, mas acho que vamos superar”, disse o ministro.

Alckmin avaliou ainda que a conclusão das negociações caminharia independente do resultado das eleições americanas. “Qualquer que fosse o resultado da eleição americana, eu diria que o acordo caminhou bem, o entendimento avançou. Ele é bom para o Mercosul, para os nossos países aqui do Mercosul, é bom para a União Europeia, mas é bom para o mundo. É bom para a geopolítica mundial. No momento de fragmentação, no momento de tensão política no mundo inteiro, dois grandes blocos abrirem mercado, celebrarem um tratado, uma grande parceria”, respondeu o ministro.

Ele também classificou positivamente a postura do governo argentino em torno do acordo, sob a presidência de Javier Milei. “A Argentina é um país importante, é a segunda economia no Mercosul, um país que exporta também bastante e tem interesse”, disse.

O presidente em exercício ressaltou ainda as salvaguardas negociadas pelo Brasil no acordo comercial entre o Mercosul e União Europeia, assim como os ajustes na seção de compras governamentais. Alckmin classificou essas questões como “avanços” desde que as negociações foram retomadas pelo governo Lula em 2023.

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“Em 2019, na realidade, o acordo não foi celebrado. Ele foi, vamos dizer, pré-negociado. Mas acho que avançamos mais. Então tivemos mais salvaguardas. No caso da indústria automotiva, você tem uma desgravação (redução tarifária) que não é igual. Então foram feitas salvaguardas mais importantes e que a União Europeia aceitou. E que foram boas para o Mercosul”, disse Alckmin.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o acordo comercial anunciado hoje traz um capítulo para salvaguardas bilaterais que terá um mecanismo específico para o setor automotivo. De acordo com o governo brasileiro, as regras de salvaguarda vão permitir a proteção de indústrias domésticas de surtos de importação decorrentes da liberalização comercial. A especificidade para o setor automotivo visa “preservar e promover investimentos”.

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