Em um momento em que o Governo Federal fala em privatização dos bancos públicos, o coronavírus trouxe à tona a importância dessas instituições como ferramenta estratégica para evitar o solavanco da economia em tempos de crise.
Isso porque a tendência dos bancos privados é se retrair. “Em vez de ajudarem a dar uma boia a quem está se afogando, eles empurram para o fundo”, diz o economista Sérgio Mendonça, ex-diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Ele se junta ao coro de economistas – composto por Monica de Bolle, da universidade Johns Hopkins, e Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda – que apontam os bancos públicos como instrumento decisivo em épocas de tormenta.
O Banco do Brasil (com 36% de participação) e a Caixa Econômica (com 26%) lideram os empréstimos concedidos pelo Pronampe, programa de apoio ao segmento de micro e pequenas empresas, que responde por mais de 52% dos empregos com carteira assinada no Brasil. Já o maior banco privado do País respondeu por 16% dos empréstimos até 31 de agosto.
Privatização do Banco do Brasil seria um golpe para o agronegócio
As projeções indicam que o agronegócio deve ser o único segmento a fechar com PIB positivo neste ano. Mas o setor não seria a potência que é sem o apoio de longa data do Banco do Brasil, o que traz à tona a discussão de sua privatização. “O BB responde por 60% do crédito concedido à agricultura empresarial e por 80% do montante destinado à agricultura familiar, sendo que este último segmento pouco interessa aos bancos privados”, finaliza Reinaldo Fujimoto, presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB).
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