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Temos uma semana para cobrar o que os candidatos farão para recuperar a educação

Resultados de prova do MEC, feita no fim de 2021 e divulgada dia 16, mostram que meninos e meninas de 10 anos sabiam o equivalente aos que viviam no Brasil de 2013

colunista convidado
Foto do author Renata Cafardo
Por Renata Cafardo

Quem realmente vai mudar o mundo são as pessoas que têm hoje 10 anos, disse ao Estadão semana passada o escritor israelense Yuval Harari ao lançar seu primeiro livro para leitores dessa idade. Para quem não é familiarizado com o sistema educacional atual, o aluno de 10 anos está (ou deve estar) no 5.º ano, terminando o fundamental 1, o antigo primário.

Meu filho Antônio tem 10 anos. Assim como a maioria dos amigos e amigas, gosta de futebol, videogame, jogar queimada, rir de memes e aprender. A escola é o seu espaço. Onde é desafiado a enfrentar os medos, a dizer não, a aceitar e a colaborar. Onde entende que a leitura abre a cabeça e o coração. Que a Matemática ajuda a pensar em tudo, que a Ciência dá certezas e ideias.

Medidas de higienização foram tomadas durante retorno às aulas na pandemia Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Quando Harari fala das crianças de 10 anos penso nos olhos do Antônio, curiosos e inquietos. E nos outros tantos, em um Brasil cujos adultos vão eleger um presidente no próximo domingo. Os resultados da prova do Ministério da Educação (MEC), feita no fim de 2021 e divulgada dia 16, mostram que meninos e meninas sabiam o equivalente a outros, de 10 anos, mas que viviam no Brasil de 2013. De lá para cá, foram muitos os problemas no País, mas a aprendizagem no 5.º ano vinha melhorando.

A pandemia e a inoperância do MEC de Jair Bolsonaro interromperam um caminho. As crianças de todos os Estados aprenderam menos em 2020 e 2021, em Português e em Matemática. Isso é incontestável. Até em cidades modelo, como Sobral, as notas foram mais baixas.

Mas, a uma semana das eleições, a internet está cheia de pretensas notícias que omitem partes, ignoram o contexto. Dizem que tal Estado ficou em primeiro lugar no Ideb, o indicador de qualidade de educação, ou que outro Estado tem as melhores escolas do País. Mas a única coisa possível de ser exaltada nesse momento é o trabalho dos professores e professoras que, em situações de miséria, crise emocional, falta de conectividade, conseguiram ainda manter as crianças de olho neles.

Não dá para, quando mais precisamos discutir um projeto de País, fazer propaganda por ter sido o menos pior. Não é possível comparar em contextos tão fora do comum como o da pandemia, com muitas novas variáveis.

Temos uma última semana para cobrar e entender o que os candidatos a presidente, governador, deputado e senador farão para recuperar o que se perdeu. Não importa quanto, todo mundo sabe que muito se perdeu com a escola fechada. Só assim vai ser possível pensar com tranquilidade no futuro previsto por Harari.

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