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França pegou times mais fortes, mas Croácia fez jogos mais equilibrados

Texto e dados: Rodrigo Menegat / Infografia: Bruno Ponceano

12 de julho de 2018 | 18h00

Gráficos mostram a posição de cada um dos países antes e depois de suas partidas ao longo da Copa. Ganhou pontos quem venceu ou arrancou um empate de um adversário mais bem colocado no ranking de seleções do Estado

 

França e Croácia, os dois finalistas da Copa do Mundo de 2018, traçaram caminhos bem diferentes até a final. Enquanto o time de Kylian Mbappé enfrentou uma série de antigos campeões, a equipe de Luka Modrić teve menos adversários tradicionais na trajetória até a decisão.

Uma maneira de olhar para a jornada dessas duas seleções é através da estatística. O Estado desenvolveu um ranking que mede a força das equipes do futebol internacional jogo a jogo, com base em um método desenvolvido pelo físico húngaro Arpad Elo. Ele fornece critérios mais objetivos para analisar a dificuldade de cada campanha.

Em vez de contar glórias passadas ou reverenciar o peso da camiseta, essa ferramenta dá pontos para quem vence adversários complicados e tira pontos de quem perde jogos que deveriam ser, em teoria, fáceis. O objetivo é medir a forma recente dos times e descobrir quem tem sido mais dominante nos últimos anos. A metodologia te deixou curioso? Leia sobre no final da matéria ↓

Ao comparar a pontuação dos adversários que França e Croácia encararam, há uma disparidade evidente.

A média das equipes que Les Bleus enfrentaram é de 235 pontos. O Uruguai terminou a copa com essa pontuação, então é como se, em uma extrapolação grosseira, o adversário médio dos franceses tivesse a mesma força da seleção sul-americana. No caso da Croácia, a média foi de 186 pontos, pontuação próxima da que a Suécia atingiu logo depois da eliminação.

Para ambos, o confronto mais difícil foi na semifinal – algo natural, já que todos os times ganham pontos conforme avançam no torneio. Entretanto, a França enfrentou a Bélgica, que liderava o ranking com 395 pontos, enquanto os croatas pegaram a Inglaterra, que era a quinta colocada, com 294.

Adversários mais fáceis, jogos mais duros

A semifinal foi a única vez em que a França teve de jogar contra um time que vinha, de acordo com o ranking, melhor que ela. Mesmo enfrentando times fortes, até então a equipe sempre tinha sido, em tese, a favorita.

Com a Croácia, acontece o oposto: mesmo que tenha enfrentado times frágeis, os confrontos tendiam a ser mais equilibrados, já que a pontuação da Croácia não era lá essas coisas até as fases finais do torneio. A equipe dos balcãs enfrentou times mais poderosos do que ela duas vezes: ainda na primeira fase, contra a Argentina, e contra os ingleses, também na semi.

Uma maneira de medir o equilíbrio dos confrontos é pela diferença da pontuação das duas equipes que se enfrentam. Quanto mais próximas elas estiverem, mais disputado o jogo tende a ser, de acordo com as premissas do ranking.

A Croácia estava, em média, 67 pontos acima de seus adversários. A França, 87. Isso significa que os croatas jogaram partidas mais competitivas que os franceses, ainda que seus adversários tenham sido mais fracos. É uma zebra que eles tenham chegado tão longe, afinal.

E como fica o ranking depois das semifinais?

Estado tem usado esse ranking para acompanhar a evolução das principais equipes jogo a jogo, durante toda a Copa do Mundo. Conforme o torneio afunila, há menos detalhes para destrinchar. Ainda assim, olhamos para as mudanças que as semifinais causaram no balanço de forças do futebol. Veja:

Jogo a jogo

Duas surpresas: nem França nem Croácia estavam em uma posição favorável para seus confrontos. Ainda assim, avançaram para a decisão.


Como foi feito?

análise do Estadão adaptou um método desenvolvido pelo físico húngaro Arpad Elo. De acordo com a pontuação dos times no momento do jogo, uma fórmula matemática é usada para determinar a probabilidade de cada equipe vencer a partida.

Quando um time vence um jogo em que o triunfo era improvável, ele ganha mais pontos. Se vence um jogo onde era franco favorito, ganha menos. O derrotado sempre perde a mesma quantidade de pontos que o vencedor ganhou. Em caso de empate, o time favorito perde pontos e o azarão ganha.

A principal diferença entre o modelo desenvolvido pelo jornal e o método tradicional é que foram atribuídos multiplicadores de acordo com a importância dos jogos. Assim, um jogo de Copa vale seis vezes mais que um amistoso, por exemplo. Além disso, ele leva em conta a quantidade de gols: golear dá mais pontos que ganhar por um a zero.

A pontuação de cada time muda a cada jogo disputado. Ao final de cada ano, os times perdem 10% de seus pontos. Assim, a análise enfatiza o desempenho do time em anos recentes.

Para a análise, foram considerados jogos disputados por seleções principais em torneios organizados pela FIFA ou por confederações continentais, além de amistosos.

Também foram computadas partidas disputadas nos Jogos Olímpicos de 1908 a 1928, que tinham reputação de campeonato mundial antes da criação da Copa do Mundo. Depois, quando as Olimpíadas passaram a reunir jogadores amadores ou de categorias de base, o torneio foi desconsiderado.

Expediente

Diretor de Arte: Fabio SalesEditor de Esportes: Robson MorelliEditora de infografia: Regina ElisabethEditor assistente de infografia: Vinicius Sueiro

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