Mais um capítulo do escândalo de paternidade do presidente e ex-bispo Fernando Lugo assola o Paraguai. Desta vez, o secretário-geral da Presidência revelou ao jornal The New York Times que o chefe de Estado não sabe ao certo quantos filhos tem. "Ele não está certo, então não temos certeza do que exatamente pode estar vindo", afirmou Miguel López Perito, que também é um amigo próximo do presidente.
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Nesta segunda-feira, 11, uma mulher que abriu uma ação por reconhecimento de paternidade contra Lugo pediu ajuda à população para pagar o exame de DNA previsto no processo, numa campanha que ameaça prejudicar ainda mais a imagem do presidente. Benigna Leguizamón, uma humilde vendedora de detergentes de 27 anos, afirma que teve um filho de Lugo quando este ainda era bispo. Ela pede que o presidente reconheça a paternidade do menino de 6 anos, lhe dê seu sobrenome e pague pensão alimentícia.
"Ele não se abria sobre esta questão para mim", continuou López Perito, segundo o New York Times. "Eu respeito isso, por ele não ser uma pessoa que fala sobre sua vida pessoal. Apesar de saber que isso poderia explodir a qualquer momento, eu nunca soube especificamente o que estava acontecendo."
Benigna moveu a ação contra o presidente dias depois de Lugo ter reconhecido a paternidade de outro menino, de 2 anos, fruto de uma relação com uma jovem de 26 anos que aconteceu quando o presidente ainda era bispo da Igreja Católica, uma revelação que causou escândalo no país e prejudicou a popularidade do presidente.
A mulher pediu em quatro bancos a abertura de contas solidárias para recolher os 4 milhões de guaranis (cerca de US$ 795) necessários para o exame de DNA, numa campanha à qual deu o nome de "Pelos direitos de Fernando", nome de seu filho. "Estamos buscando maneiras para que alguém que não tenha envolvimento em questões políticas possa nos dar uma ajuda". disse a jornalistas o advogado da querelante, Leong Je Park, depois de mencionar as condições econômicas de Benigna, que é extremamente pobre e sustenta seus quatro filhos.
RESPOSTA DE LUGO
O presidente paraguaio, que reconheceu apenas ter tido uma relação com Viviana Carrillo - mãe do menino de 2 anos -, afirmou que acatará qualquer resolução judicial, pediu que o exame de DNA seja realizado num laboratório nacional e que a amostra de seu sangue seja extraída na residência presidencial.
Seu advogado, Marcos Fariña, disse que o presidente não pagará pelo exame, que deve ser financiado por quem fez a demanda judicial e pediu a prova. "Meu cliente não tem porque pagar. Ele não tem a obrigação de subvencionar esse exame", disse o advogado.
Fernando Lugo continua sendo alvo de críticas, com a denúncia feita por outra mulher, esta de 39 anos, que afirmou ter tido uma relação com ele pouco depois de ele ter deixado de ser bispo para dedicar-se à política. Dessa relação teria nascido um menino que hoje tem pouco mais de 1 ano de idade.
O escândalo protagonizado pelo presidente, um socialista novato em política que pôs fim a décadas de governo conservador, o levou a ser condenado por muitos paraguaios, embora vários analistas afirmem que sua gestão será avaliada por suas ações no governo, mais que por sua vida privada.