"As horas da ditadura em Honduras estão contadas", disse nesta terça-feira, 30, o presidente do Equador, Rafael Correa, que estuda a possibilidade de acompanhar o chefe de Estado deposto José Manuel Zelaya em sua volta ao país centro-americano, marcada para quinta-feira. Em declarações reproduzidas pelo site do governo equatoriano, Correa ressaltou o "compromisso muito claro" das nações da região para defender o sistema democrático em Honduras.
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Os soldados prenderam Zelaya em sua casa na manhã de domingo e o conduziram para o exílio na vizinha Costa Rica, poucas horas antes de um planejado referendo sobre mudanças na Constituição, que permitiria que presidente concorresse novamente em novembro. Nesta terça, ele negou que busca um segundo mandato e disse que voltará para o país.
Uma juíza de Honduras seguiu o novo presidente, Roberto Micheletti, e afirmou que Zelaya será preso se retornar. Maritza Arita disse à rádio local que assinou a ordem de prisão na noite de segunda-feira. Segundo ela, as autoridades legais de Honduras acusam o presidente deposto de 18 crimes, incluindo "traição ao país" e "abuso da autoridade."
A presidente da Argentina, Cristina Fernández, integrará a comitiva internacional que acompanhará Zelaya em seu retorno a Tegucigalpa, informaram porta-vozes do governo argentino. Por sua vez, o chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez, afirmou nesta terça, em Manágua (Nicarágua), que "por prudência" não acompanhará Zelaya na viagem que este fará de volta a Honduras.
"Eu gostaria ir ao lado de 'Mel' (Manuel Zelaya), mas não devo, porque dizem que eu sou o culpado de tudo (da crise em Honduras). Então, minha presença (em Tegucigalpa) pode ser tomada como desculpa para atos violentos", disse Chávez no aeroporto internacional de Manágua, onde ontem participou de uma reunião da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba).
Segundo a estatal Rádio Nicarágua, Chávez afirmou que, se acompanhasse Zelaya, não "seria estranho" se um franco-atirador bem treinado atirasse contra o presidente hondurenho e a delegação que o acompanhará. "Então, não devo (ir a Honduras). Quero, mas não devo. Alguém deve ser prudente", insistiu. Chávez, porém, afirmou que seu chanceler, Nicolás Maduro, "ficou às ordens" para fazer acompanhara Zelaya.