Centenas de vítimas de ataque em teatro na Ucrânia começam a ser resgatadas

Local em Mariupol era usado como bunker, e foi atacado por bombardeios russos; número de sobreviventes ainda não é conhecido

PUBLICIDADE

Por Redação
Atualização:
3 min de leitura

Autoridades ucranianas se esforçam para determinar o destino de centenas de civis que estavam abrigados em um teatro destruído por um ataque aéreo russo na cidade de Mariupol. Mesmo com a destruição total do teatro, um funcionário ucraniano afirmou que algumas pessoas conseguiram sobreviver ao ataque. O número de sobreviventes, no entanto, ainda não é conhecido.

O resgate de vítimas foi realizado nesta quinta-feira, 17, enquanto mais edifícios civis da cidade eram bombardeados. Mariupol vive um dos piores cenários da guerra e está sitiada.

Uma foto divulgada pela câmara da cidade mostrou que uma seção inteira do teatro de três andares desmoronou após o ataque na noite desta quarta-feira. Centenas de pessoas se refugiaram no porão do prédio, buscando segurança em meio ao cerco de três semanas da Rússia à Mariupol, uma cidade portuária estratégica no Mar de Azov.

Imagem de satélite registrada no dia 14 de março mostra Teatro Drama, em Mariupol, antes dos bombardeios que os destruíram nesta quarta-feira, 16. Piso do local tinha a palavra "CRIANÇAS" em destaque para tentar impedir ataque russo Foto: Maxar Technologies/Reuters

Ao menos até a segunda-feira, o piso de frente e de trás do teatro estava marcado com letras brancas soletrando “Crianças” em russo, de acordo com imagens de satélite divulgadas pela empresa de tecnologia espacial Maxar.

Escombros causados pela destruição derrubaram a entrada do abrigo dentro do teatro, e o número de vítimas do ataque não é claro, segundo Pavlo Kirilenko, chefe da administração regional de Donetsk, no Telegram. O membro do parlamento ucraniano Sergi Taruta, ex-governador da região de Donetsk, onde Mariupol está localizada, disse depois no Facebook que algumas pessoas conseguiram escapar vivas do prédio destruído. Ele não forneceu mais detalhes.

Kirilenko também afirmou que os ataques aéreos russos também atingiram um complexo municipal de piscinas em Mariupol, onde civis, incluindo mulheres e crianças, estavam abrigados. “Agora há mulheres grávidas e mulheres com crianças sob os escombros lá”, escreveu ele, embora o número de vítimas também não seja conhecido até o momento.

Continua após a publicidade

Durante um discurso ao parlamento alemão nesta quinta-feira, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski voltou a pedir mais ajuda para o seu país e citou que milhares de pessoas foram mortas na guerra, incluindo 108 crianças. Ele também se referiu à situação em Mariupol. “Tudo é um alvo para eles”, disse Zelenski, incluindo “um teatro onde centenas de pessoas encontraram abrigo que foi arrasado ontem”.

O discurso começou com um atraso devido a um problema técnico causado por “um ataque nas imediações” de onde Zelenski estava falando, disse a vice-presidente do parlamento, Katrin Goering-Eckardt.

Em Kiev, onde os moradores estão amontoados em casas e abrigos, um incêndio se alastrou em um prédio de apartamentos atingido por restos de um foguete russo caído nesta quinta-feira. Pelo menos uma pessoa foi morta e outras três ficaram feridas, segundo os serviços de emergência. Os bombeiros retiraram 30 pessoas dos andares superiores do prédio de 16 andares e extinguiram as chamas em uma hora.

Em Merefa, cidade próxima a Kharkiv, a artilharia russa destruiu uma escola e um centro comunitário também nesta quinta-feira. Não há informações sobre vítimas civis. A região de Kharkiv, no nordeste do país, foi alvo de bombardeio pesado enquanto as forças russas tentam avançar na área.

A guerra da Ucrânia já levou mais de 3 milhões de pessoas a sair do país, segundo as estimativas da ONU. O número de mortos permanece desconhecido, embora a Ucrânia tenha dito que milhares morreram.

Nenhum lugar vive um cenário mais trágico do que Mariupol, onde autoridades locais dizem que ataques com mísseis e bombardeios mataram mais de 2,3 mil pessoas. A cidade de 430 mil habitantes foi atacada por quase todas as três semanas de guerra em um cerco que deixou as pessoas sem acesso a comida, água, aquecimento e remédios. /ASSOCIATED PRESS