O Ministério da Justiça da Rússia incluiu nesta sexta-feira, 20, o ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov e o oligarca Mikhail Khodorkovski na lista de agentes estrangeiros, segundo Moscou. Os dois são opositores do Kremlin e da invasão militar russa na Ucrânia.
A inclusão na lista de Khodorkovski e Kasparov, ambos no exílio, se deve ao fato de terem realizado atividades políticas com financiamento dos Estados Unidos e da Ucrânia, segundo o comunicado oficial.
Khodorkovski, que já foi o homem mais rico da Rússia quando presidiu a petrolífera Yukos, foi perdoado em 2013 pelo presidente Vladimir Putin, depois de cumprir dez anos de prisão. Dede então, ele tem se dedicado a apoiar a oposição democrática do país.
Um dos principais membros da oposição foi Garry Kasparov, que abandonou o xadrez para participar do movimento político. Ele está no exílio há dez anos depois de ser preso por morder um policial.
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Ambos deram inúmeras entrevistas na imprensa ocidental nos últimos três meses para condenar a invasão russa na Ucrânia, chamada de “operação militar especial” pelo Kremlin. Eles também pediram aos Estados Unidos e à União Europeia que aprovem sanções contra Moscou.
No início da guerra, Kasparov chegou a afirmar que a Rússia deveria “ser jogada de volta à Idade da Pedra” com as sanções ocidentais para garantir que a indústria de petróleo e gás e outros setores econômicos vitais para o país não funcionassem. Ele também defendeu a retirada do país comandado por Putin da Interpol e a imposição de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia.
Khodorkovski deu declarações semelhantes e recentemente chamou os russos de fascistas, no Dia da Vitória. Em resposta ao pronunciamento de Putin, o oligarca apontou uma ironia entre o significado original da data - que comemora a vitória dos soviéticos sobre os nazistas na 2ª Guerra - e a guerra atual.
“Em 9 de maio de 1945, os nazistas que bombardearam Kiev às 4 da manhã de 22 de junho de 1941 capitularam. Às 4 da manhã de 24 de fevereiro de 2022, sob os sinais de espíritos malignos fascistas, Kiev foi novamente bombardeada. Os descendentes de alguns dos os vencedores. Que se tornaram fascistas”, escreveu.
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A lista de agentes estrangeiros começou a ser elaborada no final de dezembro de 2020 com a inclusão de jornalistas e ativistas. Um dos nomes de maior destaques é Lev Ponomariov, o mais antigo defensor dos direitos humanos que recentemente se exilou na Geórgia devido à perseguição por parte dos serviços de segurança russos.
As pessoas declaradas agentes estrangeiros não podem ocupar cargos na administração pública russa ou ter acesso a segredos de Estado.
A legislação contra agentes estrangeiros é apoiada por Putin, que a defende como forma de limitar a interferência ocidental na vida política russa. Ele também argumenta que a prática existe em outros países, especialmente nos Estados Unidos, embora a oposição a considere um instrumento para perseguir críticos. /EFE E REUTERS
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