WASHINGTON — Quando cartas de demissão foram enviadas a funcionários de todo o governo federal na semana passada, a administração Trump impactou uma agência responsável pela prontidão do arsenal nuclear dos Estados Unidos.
A medida também chamou a atenção para a agência, a Administração Nacional de Segurança Nuclear (NNSA, na sigla em inglês), que poucos americanos provavelmente conhecem, mas que tem uma responsabilidade monumental.
Veja um resumo sobre o que essa agência pouco conhecida faz e as possíveis razões pelas quais a administração Trump precisou reverter algumas das demissões rapidamente:
Qual é a missão da agência?
A Administração Nacional de Segurança Nuclear é responsável por manter, modernizar e garantir a segurança de mais de 3.000 ogivas nucleares dos Estados Unidos. Além disso, supervisiona a produção de novas ogivas nucleares.
A agência tem um orçamento anual de US$ 25 bilhões e mais de 57.000 funcionários. O Congresso também concedeu à agência a responsabilidade de prevenir a proliferação nuclear, pesquisar e desenvolver sistemas de propulsão nuclear para submarinos e supervisionar laboratórios nacionais que fornecem conhecimento científico e de engenharia essencial para o sistema de armas nucleares dos EUA.
Entre esses laboratórios está o histórico Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México, onde ocorreu o Projeto Manhattan, que desenvolveu a primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial.
A qual departamento a NNSA pertence?
Curiosamente, apesar de seu papel crucial na estratégia de defesa dos EUA, a agência não pertence ao Departamento de Defesa, mas sim ao Departamento de Energia.
Em 2017, ao aceitar o cargo de secretário de Energia na primeira administração Trump, Rick Perry ficou surpreso ao descobrir que sua função incluía supervisionar a manutenção e a produção das armas mais letais do mundo.
O que aconteceu na semana passada?
Na quinta-feira, cerca de 300 funcionários em período probatório da agência de segurança nuclear foram demitidos, segundo fontes familiarizadas com o assunto. No entanto, um porta-voz do Departamento de Energia contestou esse número, dizendo que menos de 50 pessoas da agência foram demitidas e que a maioria tinha funções administrativas e burocráticas.
Na sexta-feira à noite, alguns dos funcionários demitidos foram chamados de volta ao trabalho, de acordo com uma fonte com conhecimento direto do caso. O NBC News informou que a agência teve dificuldades para entrar em contato com alguns dos funcionários recontratados, pois seus e-mails governamentais já haviam sido desativados.
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Por que este é um momento crítico para a agência?
A agência está tentando modernizar o arsenal nuclear dos EUA, que está envelhecendo rapidamente.
Em 2024, a NNSA estava conduzindo sete programas de modernização de ogivas nucleares para o Departamento de Defesa. O New York Times relatou no ano anterior que os militares dos EUA previam gastar cerca de US$ 1,7 trilhão para reformular a infraestrutura nuclear e atualizar ogivas projetadas e construídas há décadas.
Isso significa que a NNSA está supervisionando pesquisa, desenvolvimento, testes, design, produção e manutenção de novas ogivas nucleares, além da infraestrutura necessária para elas. Em 2024, a então administradora da NNSA, Jill Hruby, afirmou que sua agência estava sendo “mais exigida do que em qualquer outro momento desde o Projeto Manhattan”.
Os programas de modernização nuclear do Departamento de Defesa dependem da capacidade da NNSA de fornecer ogivas nucleares dentro do prazo, disse Anya L. Fink, analista de política de defesa dos EUA, em um relatório recente ao Congresso.
Por que as demissões geraram preocupação?
O Congresso já havia demonstrado preocupação com os desafios da NNSA em recrutar e reter funcionários qualificados.
Em abril de 2024, a secretária de Energia Jennifer Granholm declarou ao Congresso que a taxa de evasão de funcionários qualificados na agência era alta devido às longas jornadas de trabalho e à forte concorrência com o setor privado.
Vários relatórios do governo apontaram desafios na contratação e retenção de funcionários, especialmente entre os contratados responsáveis pela produção de componentes de ogivas nucleares.
O Escritório de Responsabilidade do Governo estimou que, até o ano fiscal de 2026, a NNSA poderia ter 200 posições a menos do que o necessário para manter suas operações.
“Estamos enfrentando uma demanda crescente em um momento em que nossa estrutura não está bem posicionada para atendê-la”, disse Jill Hruby em um discurso proferido quatro dias antes da posse do presidente Donald Trump.
c.2025 The New York Times Company
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