O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou no domingo, 9, o fim da moeda de um centavo de dólar (US$ 0,01), postando no Truth Social (plataforma de mídia social criada por ele) que havia ordenado ao secretário do Tesouro que parasse de cunhar moedas desse valor.
Trump se junta a uma longa lista de nomes que tentaram eliminar as moedas de um centavo. Lista que inclui o secretário do tesouro de Barack Obama, Jack Lew, o comediante John Oliver, vários integrantes do Congresso e muitas outras nações desenvolvidas que conseguiram extinguir as suas.
Os Estados Unidos perderam dinheiro produzindo moedas de um centavo por quase duas décadas. Eles continuam teimosamente a emitir peças de US$ 0,01 mesmo enquanto outras nações deixaram as suas de lado. É o caso do Canadá, que se desfez da sua moeda de um centavo em 2012, enquanto a Austrália e a Nova Zelândia pararam de produzir moedas de um centavo no início dos anos 1990.
O custo de produzir a moeda de um centavo aumentou drasticamente nas últimas duas décadas. Nos últimos 19 anos, de acordo com a Casa da Moeda dos EUA, a nação gastou mais para cunhar essas moedas do que recebe de volta em valor nominal. Atualmente, cada moeda de um centavo custa cerca de US$ 0,0369 para produzir e distribuir; no ano passado, os EUA perderam US$ 85 milhões emitindo mais de 3 bilhões de moedas de um centavo, com perdas semelhantes em 2023 e 2022. A Casa da Moeda também perdeu quase US$ 18 milhões em moedas de cinco centavos, que, assim como as de um centavo, custam mais para fazer do que valem.
Ainda assim, a proposta ignora a moeda de cinco centavos (US$ 0,05), que é ainda mais dispendiosa. Cada peça atualmente custa cerca de US$ 0,13 para fazer, em uma perda de oito centavos por moeda.
É aí que a proposta de eliminar a moeda de um centavo encontra problemas. Embora eliminar a peça de um centavo pareça ser uma questão bipartidária rara, com amplas maiorias de democratas, republicanos e independentes expressando o desejo de eliminar essa moeda em uma pesquisa de 2022, a moeda de cinco centavos tem muito mais fãs, com menos de um terço dos respondentes da pesquisa expressando o desejo de eliminar a peça.
É possível que eliminar a moeda de um centavo levaria a um aumento na demanda por moedas de cinco centavos. Esse é o argumento dos Americanos pelo Bom Senso, um grupo a favor da moeda de um centavo financiado pelo fabricante de zinco Artazn, que tem um contrato com a Casa da Moeda dos EUA para fornecer as placas que se tornam essas moedas.
“Sem a moeda de um centavo, a demanda por moedas de cinco centavos aumentaria para preencher a lacuna em transações de pequeno valor”, diz o grupo.
O porta-voz Mark Weller disse à CNN que a produção de moedas de cinco centavos provavelmente precisaria aumentar para 2 milhões ou 2,5 milhões de moedas por ano, com base em nações que eliminaram sua peça de um centavo. “Na maioria dos países, a moeda de menor denominação é a mais cunhada”, disse ele à emissora.
Enquanto isso, a CNN calculou que produzir apenas 850 mil moedas de cinco centavos a mais neste ano eliminaria a economia de custos da perda das moedas de um centavo. O Departamento de Eficiência Governamental não respondeu a um pedido de comentário sobre os planos da administração para as moedas de cinco centavos.
Uma proposta de perda de dinheiro
Sim, as moedas de um centavo, apesar de sua superfície cor de cobre, são feitos principalmente de zinco desde o início dos anos 1980. Na época, os EUA fizeram a troca para contornar os preços exorbitantes do cobre que levaram os consumidores a acumular essas moedas.
“Nós nem sempre perdemos dinheiro com centavos”, diz Robert Whaples, professor de economia na Universidade Wake Forest. A inflação “elevou o preço de tudo, menos o valor nominal da moeda de um centavo”, disse ele à Fortune, e à medida que “o custo de fazer a moeda de um centavo sobe, você tem que pagar aos trabalhadores e às pessoas nas minas de zinco para minerá-lo.”
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Hoje, os altos preços do cobre são novamente responsáveis pelos altos custos de produção das moedas; paradoxalmente, são os altos preços do cobre que estão elevando o custo das moedas de cinco centavos. Essas moedas têm cerca de 75% de cobre em comparação com os 2,5% da moeda de um centavo.
Mas mesmo que as moedas de um centavos pudessem ser tiradas do nada e não custassem recursos, Whaples diz que ainda defenderia a eliminação delas. O motivo: “Um a moeda de um centavo usa nosso tempo”.
“Com o salário médio nos EUA a US$ 30 por hora, um americano médio ganha um centavo a cada dois segundos”, explica Whaples. Então, se você está em uma fila de caixa, atrapalhando-se por alguns segundos extras com moedas de um centavo para dar o troco exato, você acabou de custar a si mesmo — e a todos atrás de você — dinheiro.
Julgando pela quantidade de moedas de um centavo acumuladas nos cofrinhos e almofadas de sofá dos americanos, os consumidores em grande parte decidiram que elas simplesmente não valem o tempo que leva para gastá-las. Dois terços das moedas de um centavo produzidas não circulam realmente, estima o Congressional Research Service. Uma estimativa do The New York Times do ano passado descobriu que há 240 bilhões de moedas de um centavo espalhadas pelos potes de moedas, bolsos de calças e almofadas de sofá do país — o suficiente para dar a cada residente mais de 700 centavos (US$ 7).
Na verdade, é porque as moedas de um centavo são tão inúteis que a Casa da Moeda é forçada a continuar a emiti-las, diz Whaples. “Porque as pessoas não trazem as moedas de um centavo de volta, as lojas começam a ficar sem elas e enviam a mensagem pela cadeia, ‘ei, precisamos de mais moedas de um centavo’. A Casa da Moeda então começa a cunhar mais dessas moedas a um custo para o contribuinte dos EUA.”
Portanto, mesmo que a Casa da Moeda pare de fazer moedas de um centavo amanhã, levaria muito tempo para todas as que estão em circulação desaparecerem, o que é bom, já que os EUA saíram do hábito de eliminar moedas. A última vez que a América eliminou uma moeda foi antes da Guerra Civil. Em 1857, o Congresso direcionou a Casa da Moeda dos EUA a parar a produção da moeda de meio centavo. Naquela época, de acordo com o Dados para o Progresso, a moeda valia o que uma moeda de dez centavos vale hoje.
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