Veterano do Kremlin se demite por causa da guerra na Ucrânia e deixa a Rússia

É o primeiro alto funcionário a romper com o Kremlin desde que Putin lançou sua invasão há um mês

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Por Redação
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Em um aparente reflexo das crescentes divisões nos altos escalões em Moscou, um assessor veterano do presidente Vladimir Putin renunciou ao cargo por causa da guerra na Ucrânia e deixou a Rússia sem intenção de retornar, disseram duas fontes nesta quarta-feira, 23, segundo a agência Reuters.

É o primeiro alto funcionário a romper com o Kremlin desde que Putin lançou sua invasão há um mês. O Kremlin confirmou que Anatoly Chubais renunciou por vontade própria.

Chubais foi um dos principais arquitetos das reformas econômicas de Boris Yeltsin na década de 90 e foi o chefe de Putin no primeiro cargo do futuro presidente no Kremlin. Ele ocupou cargos políticos e empresariais de alto escalão sob o governo Putin, servindo recentemente como enviado especial do Kremlin para organizações internacionais.

Anatoly Chubais é o primeiro alto funcionário a romper com o Kremlin desde que Vladimir Putin lançou sua invasão na Ucrânia  Foto: Evgenia Novozhenina/Reuters

Segundo a Reuters, Chubais desligou o telefone quando contatado pela agência. As fontes não informaram onde ele estava.

Quatro semanas depois de uma guerra que expulsou um quarto dos 44 milhões de ucranianos de suas casas, a Rússia não conseguiu capturar uma única grande cidade ucraniana, enquanto as sanções ocidentais a baniu da economia mundial.

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Depois de fracassar no que os países ocidentais dizem ter sido uma tentativa de tomar Kiev e depor o governo, as forças russas sofreram pesadas perdas, ficaram paralisadas por pelo menos uma semana na maioria das frentes de batalha e enfrentam problemas de abastecimento e resistência feroz.

Elas se voltaram para táticas de cerco e bombardeio de cidades, causando destruição em massa e muitas mortes de civis. Moscou diz que seu objetivo é desarmar seu vizinho, e sua “operação militar especial” está ocorrendo conforme planejada. Ele nega ter civis como alvo.

A cidade mais atingida foi Mariupol, um porto ao sul completamente cercado pelas forças russas, onde centenas de milhares de pessoas estão abrigadas desde os primeiros dias da guerra, sob constante bombardeio e com cortes no fornecimento de alimentos, água e aquecimento.

Novas fotografias de satélite da empresa comercial Maxar divulgadas durante a noite mostraram a destruição maciça do que já foi uma cidade de 400 mil pessoas, com colunas de fumaça subindo de prédios residenciais em chamas.

Nenhum jornalista conseguiu reportar de dentro das partes da cidade sob controle ucraniano por mais de uma semana, período em que autoridades ucranianas dizem que a Rússia bombardeou um teatro e uma escola de arte usados como abrigos antiaéreos, enterrando centenas de pessoas vivas. A Rússia nega ter mirado esses prédios.

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O presidente americano, Joe Biden, que chegou a Bruxelas nesta quarta-feira em sua primeira viagem ao exterior desde o início da guerra, se reunirá com líderes da Otan e europeus em uma cúpula de emergência na sede da aliança militar ocidental.

Espera-se que os líderes lancem sanções adicionais contra a Rússia na quinta-feira. Fontes disseram que o pacote dos EUA incluiria medidas contra parlamentares russos.

Biden também visitará a Polônia, que acolheu a maioria dos mais de 3,6 milhões de refugiados que fugiram da Ucrânia e tem sido a principal rota de fornecimento de armas ocidentais para a Ucrânia. / REUTERS