Caminhar apenas 10 minutos por dia pode levar a uma vida mais longa

Dez minutos de exercício moderado diário evitariam mais de 111 mil mortes prematuras por ano, segundo estudo

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Por Gretchen Reynolds
4 min de leitura

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Se quase todos nós começássemos a caminhar por mais 10 minutos por dia, poderíamos, coletivamente, evitar mais de 111 mil mortes todos os anos, de acordo com um novo estudo esclarecedor sobre movimento e mortalidade.

Publicado no JAMA Internal Medicine em janeiro, a pesquisa usou dados sobre atividade física e taxas de mortalidade de milhares de adultos americanos para estimar quantas mortes a cada ano poderiam ser evitadas se todos se exercitassem mais. Os resultados indicam que mesmo um pouco de atividade física extra de cada um de nós poderia evitar potencialmente centenas de milhares de mortes prematuras nos próximos anos.

Um pouco de atividade física adicional pode ter um impacto enorme na sua saúde Foto: Pixabay

A ciência já oferece muitas evidências de que a quantidade de exercício influencia quanto tempo vivemos. Em um estudo revelador de 2019 publicado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, mais de 8% de todas as mortes nos Estados Unidos foram atribuídas a “níveis inadequados de atividade”. Um estudo britânico semelhante de 2015 também descobriu que homens e mulheres que se exercitavam por pelo menos 150 minutos por semana – a recomendação padrão na Grã-Bretanha, Europa e Estados Unidos – reduziam o risco de morte prematura em pelo menos 25% em comparação com pessoas que se exercitavam menos.

Mais dramaticamente, um exame de 2020 dos estilos de vida e riscos de morte de cerca de 44 mil adultos nos Estados Unidos e na Europa concluiu que os homens e mulheres mais sedentários do estudo, que ficavam sentados quase o dia todo, tinham até 260% mais chances de morrer prematuramente do que as pessoas mais ativas estudadas, que se exercitavam por pelo menos 30 minutos na maioria dos dias.

Mas grande parte dessa pesquisa anterior baseou-se nas memórias muitas vezes não confiáveis das pessoas sobre seus exercícios e hábitos sentados. Além disso, muitos dos estudos que investigaram os impactos mais amplos, em um nível populacional do exercício na longevidade tendiam a usar diretrizes formais de exercício como seu objetivo. Nesses estudos, os pesquisadores modelaram o que aconteceria se todos começassem a se exercitar por pelo menos 150 minutos por semana, uma meta ambiciosa e talvez inatingível para muitas pessoas que antes se exercitavam raramente, se é que o faziam.

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No novo estudo, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e do CDC decidiram, em vez disso, explorar o que poderia acontecer com as taxas de mortalidade se as pessoas começassem a se movimentar mais, mesmo que não atendessem necessariamente às diretrizes formais de exercícios.

Mas, primeiro, os pesquisadores precisavam estabelecer uma linha de base de quantas mortes podem estar relacionadas a muito pouco movimento. Então, eles começaram a coletar dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição em andamento, ou NHANES, que periodicamente pergunta a uma amostra representativa da população sobre suas vidas e saúde. Ele também fornece rastreadores de atividades para algumas pessoas, para medir objetivamente o quanto elas se movimentam.

Os pesquisadores agora extraíram informações de 4.840 participantes de diferentes raças, homens e mulheres, com idades entre 40 e 85 anos. Todos participaram da pesquisa entre 2003 e 2006 e usaram um monitor de atividade por uma semana. Com base nesses dados, os pesquisadores agruparam as pessoas de acordo com quantos minutos andaram ou se movimentaram na maioria dos dias. Eles também verificaram os nomes das pessoas em um registro nacional de óbitos para estabelecer os riscos de mortalidade para os vários níveis de atividade.

Usando esses resultados, eles começaram a criar uma série de hipóteses estatísticas. Suponha, perguntaram os pesquisadores, que todos que eram capazes de se exercitar começassem a se exercitar moderadamente, como caminhar rapidamente, por 10 minutos extras por dia, para além da quantidade ou frequência que treinavam atualmente? Quantas mortes poderiam ser evitadas?

Os pesquisadores fizeram ajustes para contabilizar estatisticamente aquelas pessoas que eram muito frágeis ou incapazes de andar ou se movimentar facilmente. Eles também consideraram idade, educação, tabagismo, dieta, índice de massa corporal e outros fatores de saúde em seus cálculos.

Em seguida, os pesquisadores executaram o mesmo cenário estatístico com todos se exercitando por 20 minutos extras por dia e, finalmente, por 30 minutos extras por dia e verificaram os resultados da mortalidade.

Algumas pessoas viveriam mais em qualquer um desses cenários, eles descobriram. De acordo com a modelagem, se cada adulto capaz caminhasse rapidamente ou se exercitasse por mais 10 minutos por dia, 111.174 mortes anualmente em todo o país – ou cerca de 7% de todas as mortes em um ano típico – poderiam ser evitadas.

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Quando eles dobraram o tempo de exercício imaginado para 20 minutos extras por dia, o número de mortes potencialmente evitadas subiu para 209.459. Triplicar o exercício para 30 minutos extras por dia evitou 272.297 mortes, ou quase 17% dos totais anuais típicos. (Os dados foram coletados antes da pandemia, que distorceu os números de mortalidade.)

Esses números podem parecer abstratos, mas, na prática, essas centenas de milhares de mortes evitadas podem se tornar profundamente pessoais. Elas podem significar evitar a morte precoce de um cônjuge, pai, amigo, filho adulto, colega de trabalho ou, claro, de nós mesmos, disse Pedro Saint-Maurice, epidemiologista do Instituto Nacional do Câncer, que liderou o novo estudo. “Há uma mensagem nestes dados para as entidades de saúde pública” sobre a importância da promoção da atividade física para reduzir as mortes prematuras, disse. E a mensagem se aplica igualmente a cada um de nós.

Portanto, levante-se e caminhe ou pratique algum tipo de atividade física moderada por 10 minutos extras hoje. Convide seus amigos, colegas e pais idosos a fazerem o mesmo. “Neste contexto, um pouco de atividade física adicional pode ter um impacto enorme”, disse Saint-Maurice. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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