O fim da divisão de celulares da LG foi recebida com tristeza pelo sul-coreano Ryu Hyun-soo, que coleciona os aparelhos da fabricante e se define como um "maníaco por telefones LG". Ele diz que, mesmo com o fim da produção dos aparelhos, não desistirá de seus smartphones da marca.
Ryu, 53, colecionou quase 90 dispositivos da fabricante ao longo de 23 anos. Ele disse que começou a usar celulares LG porque gostava de seu design e funções criativas, mas a qualidade do áudio fez com que ele se apaixonasse pelos telefones. "Eu apostei tudo nos celulares LG por causa do áudio", disse.
Em sua casa em Anyang, ao sul de Seul, Ryu tem uma sala exclusivamente dedicada aos dispositivos, além de peças e ferramentas para consertá-los. "Acho que eles estavam correndo para alcançar (a Samsung), sacrificando a qualidade... e para encobrir essa questão, a empresa estava se concentrando muito no design e em outras funções", disse Ryu sobre as últimas estratégias da LG, que levaram a empresa a repetir antigos problemas.
Ele se diz confiante em seu plano de usar os telefones da marca "para sempre", apostando na compra de peças pela internet. "É fácil substituir peças se você treinar um pouco. Não tenho certeza de quando as peças ficarão fora de estoque, mas continuarei a usar os celulares LG enquanto as peças estiverem sendo fornecidas".
Mesmo assim, ele está triste com o fechamento do negócio. "Um celular Samsung é como um amigo inteligente e um celular Apple é como uma namorada para mim. Mas um celular LG é como um amigo com quem compartilhei os altos e baixos da vida. É triste ver o amigo indo embora. É muito triste", lamenta Ryu.
Sequência de prejuízos
Depois de anos com resultados ruins no segmento de celulares e com a competição cada vez mais acirrada entre modelos Android, a fabricante sul-coreana anunciou na semana passada o encerramento da produção dos aparelhos. A empresa alegou prejuízos acumulados da ordem de US$ 4,1 bilhões ao longo de 23 trimestres consecutivos até o fim do ano passado — a LG, porém, continuará a atuar nos segmentos de televisores e monitores, produtos de áudio, eletrodomésticos e soluções telas corporativas.
Em declaração à imprensa, a LG Brasil afirmou: "Depois de avaliar todas as possibilidades para o futuro do nosso negócio de celulares, a nossa sede global decidiu por fechar esta divisão a fim de fortalecer sua competitividade futura por meio de seleção e foco estratégico".
Na última quinta-feira, 8, a LG anunciou a promessa de que todos os celulares mais novos da marca receberão até 3 anos de atualização do Android, o sistema operacional que abastece os smartphones da fabricante.