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Leandro Karnal fala sobre afeto em tempo de pandemia e isolamento

Para o historiador, a tecnologia ajuda a fazer conexões e a encontrar formas de demonstrar carinho, mesmo estando longe

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Por Redação
Atualização:
3 min de leitura
Abraço é uma dasprincipaismanifestação de afeto entre brasileiros 

Numa sociedade regida pelo contato corporal como a nossa, a impossibilidade de encontros e abraços carinhosos se soma às muitas dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus. Em live organizada pelo Media Lab Estadão, o historiador Leandro Karnal, colunista do Estadão, conversou com a jornalista Rita Lisauskas sobre as lições desse período de afastamento obrigatório.

Karnal colocou em perspectiva as diferenças de povos e culturas nas demonstrações de afeto. Se no Brasil educamos nossas crianças com beijos e abraços, na China as pessoas se inclinam e aproximam as palmas das mãos, em gestos típicos do budismo e do hinduísmo. “Nós brasileiros, até pela ancestralidade indígena e africana, somos muito corporais”, comparou. “Quando a ONU e a OMS estabeleceram os 2 metros de distância entre as pessoas, a Suíça protestou, dizendo que estavam obrigando a uma intimidade que nunca tinham tido antes”, brincou Karnal.

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Pandemia com conhecimento

Em retrospectiva histórica, Karnal lembrou a gripe espanhola, que matou 50 milhões de pessoas entre 1918 e 1919. Ainda no século 20, a gripe de Hong Kong, em 1968, resultou em 1 milhão de vidas perdidas. No Brasil, na década de 1970, a epidemia de meningite, em plena ditadura militar, teve seus dados escondidos, prejudicando medidas de controle e atrasando a vacinação.

Com a covid-19, pela primeira vez, há pleno conhecimento sobre o que é o vírus, além de ampla troca de conhecimento científico. “Graças à informação, podemos ter maior isolamento”, observou Karnal.

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A conexão pelas telas

“Nada substitui o efeito profundo do toque de uma pessoa sobre outra. Ele é muito simbólico”, opinou Karnal. Felizmente, porém, hoje é possível fazer uma visita virtual a um parente ou amigo que está isolado, levantar um brinde e até compartilhar uma refeição – tudo através da tela do computador ou do celular. Ainda que falte o olho no olho, não deixa de ser uma maneira de ouvir alguém, trocar informação e dar atenção. “Mesmo sem abraço, aperto de mão ou beijo, funcionamos por simbolização”, ponderou.

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Negacionismo, histeria e saudosismo

A despeito dos avanços, o controle da pandemia muitas vezes precisa vencer o descaso e o desprezo pela ciência. “O pensamento científico atinge pouca gente. Em pleno século 21, ainda tem gente capaz de repetir que vacina pode casar autismo”, lamentou Karnal.

Em todas as crises, pontuou o historiador, vemos surgir pelo menos três grupos. O primeiro é o dos negacionistas. “São os que dizem: ‘Não é nada, vai passar, é uma gripezinha’”. Outros se posicionam entre os histéricos: “É fim do mundo, vai acabar tudo, não sobreviveremos”. Já os saudosistas apelam para frases como “No meu tempo não tinha isso”. Na epidemia atual, é possível identificar ainda um subgrupo dos histéricos, o dos xenofóbicos, que falam do perigo amarelo: “Isso veio da China”, gritam. Atitudes assim, na visão de Karnal, só atrapalham. “Epidemia se resolve com conhecimento, fugindo de fake news e pensando coletivamente”, defendeu.

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As lições que ficam

“A crise me ensinou que posso viver com muito menos”, contou Karnal. “Com ela, posso dizer que tenho aquilo que é mais importante: o afeto das pessoas que me amam e comida.” Ao escancarar as desigualdades sociais, a pandemia acionou também mecanismos de solidariedade, fazendo crescer o número de campanhas em prol de quem mais precisa. Outro fator positivo, constatou o historiador, é a tendência de buscar informação de qualidade em órgãos de imprensa. “Toda crise traz uma chance de você se tornar melhor. É uma escolha”, concluiu.

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