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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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9 min de leitura

Tragédia no RS

Contrição

Neste momento de solidariedade pelo sofrimento de milhares de brasileiros que terão de recomeçar a vida praticamente do zero, seria de todo recomendável que nossos homens públicos entrassem em estado de contrição, deixassem as querelas políticas de lado, empregassem boa parte de suas polpudas verbas eleitorais para minorar as angústias dos irmãos do Sul e respondessem a quem tentasse desviá-los de tal tarefa: “Não nos interrompam. Agora estamos empenhados em reconstruir um Estado”.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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Pacote contra desastre

Os desastres naturais custaram mais de R$ 100 bilhões ao País no ano passado e o governo já prepara um pacote de bondades que deverá agradar a todos: liberação de recursos fora das limitações fiscais, renegociação de dívidas dos Estados e, claro, muita liberação de emendas parlamentares. Ninguém pode ser contra ajudar as pessoas que perderam tudo. Cientes disso, os parlamentares vão transformar os desastres naturais no novo campeão de desvio de dinheiro público, superando até mesmo as campeãs de sempre: as obras contra a seca no Nordeste e as obras do saneamento básico. Logo deve ser criada a Superintendência Nacional de Desastres Naturais, nos mesmos moldes do Dnocs e da Sudene, os bilhões vão evaporar e as inundações vão continuar alagando as cidades construídas em locais sujeitos a alagamentos.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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STF

Zangado

Como nos contou editorial do Estadão de 8/5 (A3), o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), está “zangado” com o jornalismo, dizendo serem “inadequadas, incorretas e injustas” as reportagens sobre a viagem que ele e dois de seus colegas fizeram a Londres, recentemente, com mordomias pagas e a convite de empresas privadas, uma delas a British American Tobacco, que tem processos em curso no STF e é parte em outro relatado pelo próprio Toffoli. Pergunto ao ministro: quem deve estar zangado, mesmo, com esta história é o povo brasileiro!

Tania Tavares

São Paulo

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Raposo Tavares

São Paulo-Cotia

A velha Raposo originou-se nos séculos 16 e 17, quando bandeirantes começaram a explorar os sertões de São Paulo e do Paraná. Usando as trilhas indígenas conhecidas como Caminhos do Peabiru, esses viajantes criaram uma rota que foi se consolidando, tornando-se uma sinuosa estrada que deu origem a pequenos povoados. Quando, em 1922, Washington Luís criou a Estrada de Cotia e São Roque, os técnicos da época seguiram ao máximo a antiga rota para respeitar os limites das propriedades já implantadas e construíram pontes e viadutos para vencer os rios e riachos que atravessava. Assim, nossa velha Raposo não teve um projeto geométrico como as estradas que lhe sucederam, como as Vias Anhanguera e Anchieta, mas sempre teve uma sinuosidade que a tornou famosa pelas dificuldades que impunha a quem nela transitava. Sua duplicação, executada a duras penas pelo DER, já foi uma obra que provocou a desapropriação de casas e comércios lindeiros, mas foi, enfim, concluída, transformando-a numa movimentada via urbana. Hoje, a proposta que o governo do Estado tem de criar vias marginais para absorver o trânsito local, com áreas de um mínimo de 50 metros de largura em seus dois lados, além de desfigurar completamente as propriedades laterais e as matas que as margeiam, imporá gastos enormes de desapropriação, terraplenagem e pavimentação, além das necessárias obras de arte como pontes, viadutos e passarelas. Assim, temos de pensar numa solução que permita aos moradores que a congestionam todas as manhãs e tardes, demandando a cidade de São Paulo, onde trabalham, chegar de modo rápido e econômico ao seu destino, sem a poluição do ar e os acidentes que custam vidas diariamente. Para um transporte de massas desse tipo, nada melhor que uma linha de metrô interligando a Estação Butantã da linha-4 (amarela) à cidade de Cotia, pois sabemos que os 16 km deste trajeto são o grande gargalo da estrada. Uma linha mais reta, subterrânea, com menos desapropriações e impactos ambientais, com de 10 a 15 estações que podem ser servidas por ônibus em linhas radiais integradas de 2 km a 3 km de percurso, que drenariam e abasteceriam as estações. Senhores governador, secretários e deputados, vamos pensar com carinho nessa possibilidade?

Roberto Cardieri Ferreira

Ilha Solteira

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

SOCIEDADE ZANGADA

Sobre o editorial de ontem, intitulado Toffoli está zangado com o jornalismo (Estadão, 8/5, A3), realmente, a nossa mais alta Corte está dissociada da realidade. O ministro não tem nem ideia de como a sociedade brasileira está zangada com ele.

José Rubens de Macedo Soares

São Paulo

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DIAS TOFFOLI

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli está bravinho com a imprensa por noticiar as viagens a trabalho dos ministros do STF? Onde está a colega Carmen Lúcia para dizer a ele o cala-boca já morreu? Ou, melhor perguntando: morreu mesmo?

Luciano Nogueira Marmontel

Pouso Alegre (MG)

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‘SERÁ QUE TEREMOS?’

Será que teremos, como na ditadura, que enviar as matérias jornalísticas para o ministro Dias Toffoli?

Vital Romaneli Penha

Jacareí

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CONTENÇÃO DE EGOS

Excelente abordagem do editorial Toffoli está zangado com o jornalismo (Estadão, 8/5, A3). Em vez do ministro Toffoli refletir o teor dessas críticas e se reposicionar junto a seus pares, ele reage se opondo às críticas e achando tais posturas normais para divulgar os caminhos da Corte e da Justiça brasileira. Isso demonstra muito bem que vamos continuar assistindo ao turismo de luxo dos ministros da Suprema Corte, patrocinado por empresas, algo totalmente incompatível na grande maioria de empresas privadas, exatamente porque não condiz com a postura ética O STF precisa se resguardar nas suas funções constitucionais, conter os seus egos com menos viagens e entrevistas, e se ater simplesmente às manifestações nos autos dos processos.

Carlos Sulzer

Santos

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NÃO É DE BOM TOM

Na entrevista dada na última segunda-feira, 6/5, ao jornal Folha de S.Paulo, em Madrid, onde participava de mais um convescote internacional cinco estrelas que reuniu ministros do STF, do Tribunal Superior de Justiça, além de figuras do alto escalão do governo, o ministro Dias Toffoli disse sem meias palavras que as reportagens da imprensa sobre as viagens de ministros para fóruns internacionais “são absolutamente inadequadas, incorretas e injustas”. Por oportuno, cabe dizer que inadequada, incorreta e injusta é a presença de altas autoridades públicas em eventos e reuniões em hotéis de alto luxo mundo afora. A convivência de ministros e empresários por alguns dias nesses festivos eventos não constitui crime algum, mas convém dizer que não é de bom tom nem parece razoável.

J. S. Decol

São Paulo

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POPULARIDADE DO PRESIDENTE

A impopularidade de Lula da Silva continua em alta. Segundo a nova Pesquisa Quaest, 50% aprovam e 47% desaprovam o trabalho do presidente, o que caracteriza um empate técnico na margem de erro que é de 2,2 pontos porcentuais. A tragédia no Rio Grande do Sul é a nova boia onde o governo resolveu se apoiar, como se não fosse sua obrigação enviar todos os esforços para socorrer as vítimas e o próprio estado afetado. Há dinheiro para tudo neste País: para pagar penduricalhos, para sustentar partidos políticos, para cobrir rombos causados por incompetentes e incompetências, para abrir mão de acordos de leniência firmados por corruptos confessos, etc. Então, que se encontre meios para ajudar o Rio Grande do Sul. A população solidária está fazendo o que não é seu dever. Quem têm deveres a cumprir nessa questão são os municípios, o Estado e a União. E sem fazer disso uma bandeira visando cobrir más administrações, principalmente por parte do governo federal.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador (BA)

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COMPORTAMENTO DE LULA

Qualquer um, só de assistir à televisão, pode sentir o grau do desastre natural no Rio Grande do Sul. Mas o que mais me chamou a atenção foi a atitude do nosso presidente Lula. Por que tinha que convidar outros políticos e juízes? Para obter o aval deles para o seu plano para salvar o povo gaúcho? Ficou parecendo que o presidente não tem poder nem para liberar verba para socorrer a própria população. E aposto que se fosse um dos estados do Nordeste, o senhor presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, iria entregar a verba na hora, por telefone. Quem duvida?

Tomomasa Yano

Campinas

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DESMATAMENTO

É um desaforo e um desrespeito com as vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul a proposta no Senado Federal para reduzir a reserva legal na Amazônia de 80% para 50% da cobertura mínima de vegetação. O Brasil não vai sobreviver se desmatar 80% do Cerrado, pior ainda se desmatar 50% da Amazônia. Está na hora de se estabelecer a relação de causa e efeito entre o desmatamento inconsequente e irresponsável que o Brasil vem praticando, e o brutal aumento dos eventos climáticos extremos e sem precedentes que vem ocorrendo com assustadora frequência. O Brasil precisa aumentar a reserva legal, não diminuir, principalmente no Cerrado e no Pantanal. Está na hora da bancada do desmatamento começar a ser responsabilizada pelos desastres ambientais que sua ignorância e má-fé estão provocando no país inteiro.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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NEGOCIAÇÕES

Depois de ter aprovado em tempo recorde o projeto que reconhece o estado de emergência no Rio Grande do Sul – e abre as portas para a liberação de recursos de reconstrução do estado – o Congresso Nacional voltará às lutas com o governo. Os congressistas fazendo barreira e o governo tenta o aumento de arrecadação. O indigesto prato da desoneração da contribuição salarial está de volta. O Executivo insiste em descumprir a lei de desoneração aprovada pelo Legislativo. Tentou vetar, substituí-la por medida provisória e, como não deu certo, recorreu ao STF, onde obteve uma liminar suspendendo-a. Ver o Congresso trabalhar rapidamente como no caso do socorro aos gaúchos causa satisfação por saber que quando há vontade política, isso é possível. Ao mesmo tempo, causa tristeza porque não é assim que ocorre na maioria das matérias protocoladas nas casas legislativas, que demoram meses, anos e até décadas para encontrar uma solução. Não pregamos que tudo seja aprovado a toque de caixas e sem a devida análise. Mas tudo poderia ser mais veloz para não retardar os interesses do País e da comunidade que depende dos projetos em andamento.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

São Paulo

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GESTÕES

Nem a comoção nacional por conta da tragédia gaúcha é capaz de sensibilizar os senadores, em especial o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, a terem um pouco de decência no exercício da representação de seus eleitores. O uso do pacote de socorro, estendendo as medidas de flexibilização financeira e tributária a serem aplicadas no Rio Grande do Sul para outros estados brasileiros é a mais exata medida do modo sorrateiro e costumeiro de nossos pseudos legisladores, que há muito perderam a excelência mas mantêm o oportunismo. Essa conivência legislativa com más gestões públicas das unidades estaduais é outra tragédia, e essa, assola permanentemente todo o País. Flexibilizar a recorrente incompetência de governadores é uma inaceitável aberração e pior, acobertada por cínicas justificativas. É o oportunismo como regra.

Honyldo Roberto Pereira Pinto

Ribeirão Preto

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INUNDAÇÃO NO RS

A área atingida pela inundação no Rio Grande do Sul é impressionante, e imagino a quantidade de água tratada que será necessária para a limpeza dos resíduos que estão nas residências e ruas: haverá necessidade de um planejamento para esse serviço de remoção da lama e, com certeza, um racionamento de água. Os gaúchos ainda vão sofrer por um longo tempo.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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CALAMIDADE PÚBLICA

Com a calamidade pública vivida no Rio Grande do Sul, com carência de água potável, energia elétrica e mais um enorme rol de necessidades básicas, seria hora correta para mostrar que os políticos brasileiros são realmente patriotas. Na verdade, liberar singelos 50% do fundo eleitoral aos flagelados gaúchos para ajuda humanitária e reconstrução do estado tiraria a pecha de só viverem à base das emendas parlamentares – mais conhecido como orçamento secreto. Serão esses os brasileiros realmente patriotas? Quem viver verá.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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PRIORIDADE NAS ARRECADAÇÕES

É de uma emoção contagiante as imagens de moradores resgatados por voluntários em áreas inundadas do estado do Rio Grande do Sul. Chama a atenção, porém, que além de precárias, as embarcações parecem em número não suficiente ante a extensão das cheias e o número previsível de isolados ou desaparecidos. Além dos donativos de sobrevivência pós-resgate, afigura-se necessário aumentar número e capacidade de barcos, por meio de doação, empréstimo, aluguel ou outras formas. Avalio, pois, ante a previsão de mais chuva nos próximos dias, que a prioridade seria operações com barcos a motor e profissionais qualificados, pois deve haver ainda muita gente e animais para serem socorridos.

Patricia Porto da Silva

Rio de Janeiro

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SOLIDARIEDADE

Uma catástrofe que só não foi mais destrutiva pela têmpera dos gaúchos e ajuda vinda de vários pontos do País. O exército, como sempre presente, além de todos os grupos de ajuda solidária e uma demonstração clara do povo gaúcho de um nível elevado de cultura e civilização ao cuidar e resgatar os animais ilhados pelas águas. Nossas orações e admiração por esse grande número de pessoas empenhadas em ajudar os nossos do Sul.

Vera Bertolucci

São Paulo

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GUERRA EM GAZA

Benjamin Netanyahu acaba de fechar o cerco a Gaza, ocupando com suas tropas a única entrada da ajuda humanitária que as demais nações levavam aos palestinos. Com esse fechamento, está pronto para combater o exército de 17.000 crianças, que o afrontam com suas panelas vazias, à espera de ajuda de pessoas normais, as quais agora ele impede que usem todo seu amor ao próximo. Com esse cerco, afronta Deus. Nada mais pode ser feito sobre esse carma, mesmo que Deus venha a intervir diretamente nesse morticínio desalmado. Uma pena.

José Carlos

São Paulo