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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
9 min de leitura

Segurança pública

Vergonha

As falas do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a fuga dos dois detentos do presídio federal de Mossoró (RN) é um atestado de incompetência do Estado e do próprio ministro: o presídio estava em reformas, havia um alicate no canteiro de obras, as câmeras não funcionavam, as lâmpadas de iluminação falharam e os funcionários estavam “mais relaxados” por causa do carnaval. É uma vergonha ver, pela primeira vez no Brasil, a fuga de um presídio de segurança máxima. Cabe refletir se não é hora de pensar na privatização de presídios.

Deri Lemos Maia

derimaia@yahoo.com.br

Araçatuba

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Fuga de chanchada

Como fugir de uma penitenciária federal de segurança máxima? É tudo muito simples: você tira a luminária da supercela, sobe para o teto e desce até o pátio, onde um providencial alicate, do tipo especial para cortar cercas de prisões de segurança máxima, espera por você, como num filme idiota de domingo à noite na TV. Então, você corta a cerca e sai. Sim, os guardas das torres de vigia, como é padrão em filme ruim, estarão assistindo à televisão, com o som bem alto, dificultando ouvir os estalidos do corte da cerca intransponível da superprisão de segurança máxima de Mossoró. E tchau, cadeia!

Paulo Sergio Arisi

paulo.arisi@gmail.com

Porto Alegre

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Jair Bolsonaro

Convocação

O ex-presidente Jair Bolsonaro, depois de tentar um golpe contra a democracia brasileira, vem agora convocar seus seguidores para se reunirem na Avenida Paulista para defender o Estado Democrático de Direito. É para rir ou chorar?

Sylvio Belém

sylviobelem@gmail.com

Recife

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A presença de Tarcísio

O atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que é muito grato a Jair Bolsonaro e que irá à manifestação do próximo domingo na Avenida Paulista, programada pelo seu “minto”. Senhor governador, gratidão é um valor inestimável, agora cumplicidade para um ato golpista pode ser fatal para sua reputação política.

Agnes Eckermann

agneseck@gmail.com

Porto Feliz

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Dengue

Limpeza é prevenção

Por que fazem tanto barulho, agora, com o aumento no número de casos e mortes pela doença? Até aqui, muito pouco foi feito para prevenir a causa real do problema: lixo nas ruas, nas represas e nas praias. Por todos os bairros da cidade se vê lixo jogado, sem piedade. Depois, só se limpa tudo a um custo muito elevado – muito mais caro que a atual campanha de vacinação contra a dengue. Mas não há publicidade, campanha ou lei que proíba a população de jogar lixo em lugares impróprios. Não há fiscalização para intervir e ninguém é responsabilizado. Por ordem do governo e das prefeituras, deveria ser feita campanha em todas as TVs, jornais, revistas e escolas, repetidamente, instruindo como os órgãos públicos, policiais e órgãos de vigilância devem cuidar e preservar limpo o nosso espaço público. Além disso, é necessário explicar e instruir a população sobre como fazer a limpeza e a higiene dentro de casa, evitando possíveis erros, e sobre a necessidade de separar corretamente o lixo reciclável, o que resultaria em enormes benefícios. Outros países já descobriram há muito tempo como fazer isso. Com certeza essas ações reduziriam a ocorrência de qualquer tipo de doença, inclusive da dengue.

Erhard Franz Adolf Dotti

erdotti@gmail.com

São Paulo

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Lição de casa

Nós, brasileiros, temos a mania de atribuir ao poder público as ações que nos competem. Sabemos que, diante do atual surto de dengue no País, devemos fazer a nossa lição de casa: não deixando que nossas casas sejam focos de criadouros de mosquitos, eliminando água parada, lixo acumulado, etc. É evidente que, em relação às plantas, cabe também às autoridades municipais monitorar os parques, praças e jardins – a maioria entregue a empresas terceirizadas – para que tenham o cuidado necessário, seja na limpeza da área, seja no cultivo de determinadas espécies de plantas, como bromélias e espadas-de-são-jorge, que acumulam água e oferecem maior risco para a proliferação do Aedes aegypti.

Eloy Câmara Ventura

camaraventura@gmail.com

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

FANTASIAS DE LEWANDOWSKI

Infelizes e inconsequentes as palavras do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tentando justificar a bem-sucedida fuga dos criminosos do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN). Das circunstâncias elencadas, abrir o teto da cela e fugir pela “luminária”, câmeras desligadas, alicate no canteiro de obras, alambrado cortado, falha de concepção no projeto (a prisão de Mossoró foi inaugurada em 2009), entre outras, a meu sentir, a mais grave foi a coincidência da fuga ocorrer no período de Momo (risos). “As pessoas estavam mais relaxadas, devido ao carnaval”, segundo o ministro, aquele que rasgou a Constituição em tempos de “capa preta”, nada saudosos. Lewandowski e suas fantasias! Além de relaxadas, “as pessoas” (quem?) estavam fantasiadas? De quê? Para o povo, sempre fantasiado de palhaço, nada a ver com os da Corte, esse seu “carnaval” nunca terá fim, ministro. É fato! Relaxado ou não, mude a máscara, de vez em quando.

Celso David de Oliveira

david.celso@gmail.com

Rio de Janeiro

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FUGITIVOS DE MOSSORÓ

O novo ministro da Justiça, sr. Lewandowski, um neófito no cargo, declarou à imprensa que os fugitivos de Mossoró deviam estar a uns 15 quilômetros de distância do presídio de onde fugiram. Quer dizer, o novo ministro da Justiça, além de ter conhecimentos jurídicos, também é vidente.

Agnes Eckermann

agneseck@gmail.com

Porto Feliz

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AGRESSÃO NO AEROPORTO DE ROMA

A Polícia Federal encerrou o caso do aeroporto de Roma afirmando que o empresário Roberto Mantovani Filho cometeu o crime de “injúria real” por ter agredido o filho do ministro Alexandre de Moraes. E, finalmente, o Brasil caiu na real que o ataque à realeza, digo, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à democracia, não passou de uma ofensa ao rebento do rei.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

lgtsaraiva@gmail.com

Salvador

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DITADURAS MUNDO AFORA

A postura do governo brasileiro em apoiar ditadores mundo afora é lamentável. Ao negar qualquer tipo de crítica ao governo da Venezuela e de El Salvador o presidente Lula esquece que a falta de iniciativa em problematizar e colocar-se contra tais formas arbitrárias de governo é uma mácula em sua biografia. Ficar a favor de ditadores como Nicolás Maduro corrói a forma como os demais países veem o Brasil. Ao calar-se contra as prisões e perseguições engendradas pelos governos ditatoriais, além de fortalecer regimes excludentes dos meios democráticos, contribui para colocar em questionamento a própria forma de democracia de nosso país. O mau exemplo da tentativa de golpe ao Estado Democrático de Direito feito por Bolsonaro é alerta para que o governo brasileiro se coloque contra qualquer forma de arbítrio governamental. Calar-se perante ditaduras lá fora é uma forma de alimentar possíveis núcleos de desestabilização do seu próprio governo.

Sérgio Spellmann

sergiospellmann67@gmail.com

São Paulo

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ATO NA PAULISTA

Excelente, o editorial A semântica do golpe (15/2, A3)! A trajetória de Bolsonaro sempre foi a de criar conflitos, subverter a ordem, desde os tempos do quartel. Sua intenção em marcar comício na Paulista é intimidar as instituições jurídicas para não ser preso. Certamente criará narrativas, invertendo os fatos, como sempre fez. O Estadão está corretíssimo ao dizer que “é um escárnio Jair Bolsonaro convocar um ‘ato pacífico’ na Avenida Paulista, previsto para o próximo dia 25, ‘em defesa do nosso Estado Democrático de Direito’ – o mesmo que ele desejava abolir e o mesmo que ele gostaria de ver negado a seus adversários, como deixou claro nas reiteradas vezes em que defendeu até o fuzilamento de quem se lhe opusesse”. É pena, que J. R. Guzzo tenha destoado tanto da opinião do jornal ao dizer, tendenciosamente, que “muita gente que irá à Avenida Paulista nunca votou em Bolsonaro na vida, não gosta dele nem da sua conduta, e jamais pensaria em sair de casa para ir a um comício convocado por ele – mas vão fazer isso porque veem em Bolsonaro, por mais chocante que seja a constatação, o único meio de expressarem seu apoio à liberdade no Brasil de hoje” (Estado, 14/2). Noutras palavras, o jornalista atiça os não bolsonaristas a participarem do evento para defender a “liberdade no Brasil”.

Flávio Rodrigues

rodriguesflavio@uol.com.br

São Paulo

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CERCO A BOLSONARO

O cerco se fecha em torno do golpista trapalhão Bolsonaro. Porém, alguém já viu algum político brasileiro restar preso por mais que um tempinho qualquer, apenas suficiente para a satisfação dessa patuleia, dessa choldra que somos todos nós, os eleitores? Lula foi condenado em três instâncias de Justiça, Sergio Cabral foi condenado a mais de 400 anos de prisão, mas e daí? E alguém acredita realmente que, mesmo depois de todo esse festival abundante de fatos e comprovações dos crimes de Bolsonaro, o Trapalhão, ele vai restar preso por qualquer tempo significativo? O cerco se fecha, mas as novelas de ficção brasileiras são consideradas, sim, as melhores do mundo. Todo mundo ri e todo mundo chora, mas daqui a pouco termina uma e começa outra. Difícil, mesmo, é só para quem não faz parte dessa classe de artistas.

Marcelo Gomes Jorge Feres

marcelo.gomes.jorge.feres@gmail.com

Rio de Janeiro

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CONSEQUÊNCIAS ELEITORAIS

Acompanho a política nacional há décadas e jamais imaginei que o ex-presidente, durante 27 anos deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro, de alguma forma ligado ao Centrão, com apenas dois projetos de lei de sua autoria aprovados naquela Casa, pudesse chegar ao mais alto posto do País. Como sempre, Fernando Gabeira vai ao ponto e afirma, como também penso eu, que aquele inacreditável vídeo, gravado sob suas ordens, discutindo um golpe de Estado, em uma reunião ministerial, tem tudo para levá-lo a uma justa prisão, pelos malefícios que causou ao País e à população (Estado, 16/2, A5). Não tenho nenhuma oposição a Bolsonaro de índole partidária ou ideológica, pois aprendi durante todos esses anos que, no Brasil, o mais importante na escolha de um político é a sua decência, honestidade e autenticidade, além de formação profissional, para ocupar o posto almejado, qualidades escassas em seu meio. Acompanho o articulista na afirmação de que o processo seguirá o ritmo da nossa Justiça, mas as consequências para as próximas eleições serão imediatas, apesar da verba bilionária do PL. Urge de uma vez por todas afastar os políticos de baixo nível, como existem na atual legislatura de São Paulo e certamente na maioria das cidades do País.

Gilberto Pacini

pacini0253@gmail.com

São Paulo

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EXTREMOS IDEOLÓGICOS

Não bastasse a instabilidade política e econômica, os desafios que o País precisa enfrentar, a urgência de reformas importantes, o enfraquecimento das instituições e a ausência de políticas de médio prazo, temperadas pela volúpia partidária e legislativa por poder e verbas, com quase quatro dezenas de partidos, enfrentamos perigosos extremos ideológicos. A busca pelo poder, a desinformação, a polarização simbiótica e o populismo enraizados revelam-se solo fértil ao aparecimento e desaparecimento de salvadores, vilões, perseguidores, vítimas e perseguidos, em paralelo ao conflito dos poderes constituídos, numa guerra de narrativas e belos discursos conjugados com cortinas de fumaça, apesar dos fatos notórios e registrados. É trágico, senão cômico. Tenta-se assim reescrever a história, estórias e narrativas, afinal ninguém é culpado, junto a uma inesgotável boa-fé, democracia e patriotismo; todos os envolvidos são vítimas de algum sistema. Uma quicocracia, com honrosas exceções. Uma nova modalidade populista surge, a convocação geral de adeptos, verde e amarela, sem faixas ou cartazes ofensivos, para salvar reputações e defesa, como demonstração pessoal e eleitoral de força e influência. Ditos, fatos e atos passados e de conhecimento público ficam à margem. Para corrigir tais distopias, todos sabem, o problema é a vontade real. Envolve investir na educação, no cidadão e na igualdade, desenvolver o pensamento crítico, o diálogo e a tolerância, abordar efetivamente as questões estruturais e, finalmente, fortalecer as instituições – círculo virtuoso.

Luiz A Bernardi

luizbernardi@uol.com.br

São Paulo

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CONFRONTO DE IDEIAS

O sociólogo Paulo Delgado escreve artigo revelador (Estado, 14/2, A5). Usando vários escritores, ele navega na literatura e oferece várias saídas para o confronto de ideias. Tornar invisível, ironizar e usar do sarcasmo são ferramentas efetivas para não brigar e então sustentar com acurácia suas ideias. Quanto menos cultura mais belicoso é o confronto. Quantos livros os dois líderes da polarização leram em suas vidas? Isso explica o exército do MST e o acampamento em frente aos quartéis. Ao ignorante ou esfomeado basta aumentar o ritmo dos tambores para mobilizar o confronto. O porquê da percussão não tem importância, já que reflexão inexiste em saber por que “os sinos dobram”.

Carlos Ritter

carlos_ritter@yahoo.com.br

Caxias do Sul (RS)

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AUMENTO SALARIAL

É impossível conceder amplos aumentos salariais cumprindo a regra fiscal. É uma questão matemática. A menos que alguém apareça com alguma solução incrível, desconhecida, para o problema fiscal. Assumindo que isso não ocorra, o quadro fiscal é relativamente bem conhecido. O ideal seria que ninguém que não fosse efetivamente privilegiado tivesse que pagar por isso. Na prática, pessoas que não são exatamente privilegiadas – como várias frações do funcionalismo público – acabam precisando pagar. A única forma de conciliar a busca pelo superávit primário com aumentos salariais (e também de investimentos) seria ampliando a carga tributária. Sem aumentar a carga tributária, necessariamente grupos que não são privilegiados também terão que pagar pelo custo do ajuste fiscal. E, como todos sabem, ao longo dos próximos anos a relação dívida/PIB continuará a crescer.

Yuri I.

yuriilenburg@gmail.com

São Paulo

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DESFILE DA VAI VAI

A comparação de policiais com demônios feita pela escola de samba Vai Vai, no sambódromo paulistano, salvo melhor juízo, é crime. Espera-se que o governo federal, o governador Tarcísio de Freitas (como comandante das tropas ofendidas), o Ministério Público e o Poder Judiciário adotem as providências. Não pode, a qualquer título, uma escola de samba ou pessoas saírem por aí denegrindo a imagem de uma classe e de seus integrantes. Num país onde não há censura prévia, todos são livres para falar, mas não podem fugir da responsabilidade do que falaram. Os policiais não merecem esse tipo de tratamento e o poder institucional tem de protegê-los como agentes do Estado. Os ofensores têm de pagar conforme determina o ordenamento jurídico nacional. O carnaval é plena folia, mas não admite agressões dessa natureza. A polícia – seja ela federal, estadual, civil, militar, montada, motorizada ou a pé – é a presença do poder público na defesa da população. Sua atuação não é política e nem antagônica à manutenção da vida. Pelo contrário, é empenhada em proteger o cidadão de bem frente aos esquemas criminosos e aos desordeiros sociais. Ofendê-las é vilipendiar a sociedade a quem serve e contrariar os ditames legais. Isso aponta a necessidade de providências enérgicas.

Dirceu Cardoso Gonçalves,

dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo (Aspomil)

tenentedirceu@terra.com.br

São Paulo