Eleição em São Paulo
Empate técnico
Mal começou a campanha pela Prefeitura de São Paulo e pesquisa Datafolha trouxe surpreendente resultado: empate técnico entre Guilherme Boulos (PSOL), com 23% das intenções de voto; Pablo Marçal (PRTB), com 21%; e o até então favorito Ricardo Nunes (MDB), com 19%. A poucas semanas da eleição e diante dos números e prognósticos, parece não restar a Nunes outra alternativa senão aceitar, ainda que a contragosto, o abraço amigo e o endosso político de Jair Bolsonaro. Do contrário, é melhor pôr as barbas de molho e já ir limpando as gavetas de seu gabinete no icônico Edifício Matarazzo.
J. S. Decol
São Paulo
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O rinoceronte candidato
Será que o Cacareco se incorporou em Pablo Marçal?
Lincool Waldemar D’Andrea
São Paulo
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Explicando Pablo Marçal
Uma possível maneira de explicar o “fenômeno” Pablo Marçal: em primeiro lugar, o eleitorado se cansou de ouvir propostas, muitas sensatas e coerentes, mas, na maioria das vezes, descumpridas quando o candidato se elege a um cargo público. Em segundo lugar, as eleições mais recentes deixaram claro que a radicalização e o “nós contra eles” compensam – uma espécie de campanha rasteira que agrada a muitos eleitores. Em terceiro lugar, as mídias sociais franquearam espaço para pessoas sem a mínima qualificação para discorrerem acerca de quaisquer assuntos e de tornarem-se, imediatamente, doutores em todas as questões, sem a mínima coerência e profundidade. Em quarto lugar: um povo com baixa instrução (vide os índices da educação no Brasil), com baixa cultura, desconhecedor dos problemas reais e estruturais de suas cidades, de seus Estados e de seu país é presa fácil para discursos vazios e repletos de preconceitos, mágoas, ódios, ataques, fakes, enfim, representando o sentimento da população que se sente marginalizada no contexto social. Talvez sejam essas algumas razões que possam tentar explicar o sucesso, hoje, de inúmeros apedeutas na política nacional. Quais serão as consequências no médio e longo prazos? Pobre Brasil!
Armando Bergo Neto
Campinas
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Perdemos o senso crítico
Vivemos mais de um século açodados democraticamente, desde o coronelismo, passando pelo populismo, o nacionalismo e o movimento de 1964. Após esse longo período, em 1983, despertamos para o pleno exercício democrático, quando então o senador Teotônio Vilela deu os primeiros passos para o movimento que se denominou Diretas Já, apoiado, entre muitos outros, por Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, André Franco Montoro, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, que culminou na consagração do voto democrático para todos os cargos eletivos do Brasil. Certamente, foi o mais autêntico movimento de massa da recente história brasileira, conduzido por genuínos representantes. Entretanto, esses autênticos líderes foram paulatinamente substituídos por pessoas que nem sequer merecem a qualificação de políticos. Perdemos o senso crítico na escolha de governantes e legisladores. O orgulho da participação pública e calorosa de outrora foi substituído pelas inúteis e silenciosas participações nas redes sociais, com nosso espírito participativo manipulado por ilusionistas disfarçados de falsos líderes, figuras patéticas e espertas, que não passam de mágicos de araque. Explicação atual para Pablo Marçal.
Honyldo Roberto Pereira Pinto
Ribeirão Preto
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Estatais
Prejuízo dos fundos
A ingerência política nos fundos de pensão das estatais é nociva à vida. O rombo entronizado nesses fundos em razão de desastrosas ingerências anteriores é pago, agora, mensalmente por aposentados e pensionistas dessas empresas. Alguém espera alguma reação do Congresso Nacional a esse respeito? Diante de bilionários fundos partidário e eleitoral, da promulgação da PEC da Anistia e de escabrosas emendas Pix, a esperança é nula.
Antonio Manoel Vasques Gomes
Rio de Janeiro
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Ditadura na Venezuela
E agora?
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela declarou que Nicolás Maduro foi o vencedor da eleição de 28 de julho e proibiu a divulgação das atas eleitorais. O resto já sabemos: mais repressão policial, prisão para quem protesta, em nome da segurança nacional, e quem não gosta que vá embora. Parafraseando Carlos Drummond de Andrade: E agora, Lula?
Omar El Seoud
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
PEC DA ANISTIA
O Senado Federal promulgou na quinta-feira passada, 22/8, a PEC que anistia partidos políticos de multas por descumprirem legislação eleitoral; na Câmara Federal, a Proposta de Emenda Constitucional já foi aprovada; é bom que se explique que, nesse caso específico, não há necessidade de sanção do chefe do Executivo. Como é que pode? O Poder Legislativo elabora uma lei que obriga os partidos políticos a cumprirem determinadas regras; eles, partidos políticos, as descumprem; posteriormente, quem criou as normas resolve anistiar, ou seja, diz que está tudo bem, que os que descumpriram a regra sairão ilesos. Como assim? Que belo exemplo. É o Congresso Nacional escancarando, como faz algumas vezes, a sua cara ao povo brasileiro. Atenção: os políticos não vieram de Marte; somos nós mesmos, brasileiros, que estamos lá. É que na verdade, os partidos políticos que estão sendo anistiados são eles próprios, congressistas, se é que me entendem. Lembrei-me de meu avô paterno, do qual sou xará: “quem não tem vergonha na cara é o dono do mundo“.
Armando Bergo Neto
Campinas
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GESTÃO LULA
Estou particularmente amando ver o presidente Lula nesta sua gestão número três. Ele está pagando todos seus pecados. Primeiro, tem que aturar seus amigos ditadores pouco se lixando pra ele, no qual antes se gabava de ter nas mãos todos esses malucos da América Latina. Tem que ver seu prestígio zero e um a 20 micos por dia, e agora quer petróleo na Foz do Amazonas. Tem que engolir toda trupe que prefere a lesma do lodo da Tasmânia a nós reles humanos. Desculpe, Lula, mas é divertido, afinal, quem alimentou esses pinschers que só enxergam os outros com ódio fostes tú.
Roberto Moreira da Silva
Cotia
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‘INCONTINÊNCIA ADMINISTRATIVA’
Devido à inconsequente gastança do desgoverno Lula 3, seus invejáveis passeios nacionais/internacionais e a onerosa máquina pública, a função em destaque do ministro Taxad é inventar ou elevar impostos para fazer face aos dispêndios do desgoverno. Quando mais de 50% dos lares brasileiros não dispõem de coleta de esgoto e 25% sem água encanada. Agindo assim, devido aos desperdícios de recursos, podemos chamar de incontinência administrativa.
Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)
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JAIR BOLSONARO
Jair Bolsonaro é o mito sem mitologia, o caos – parafraseando Nietzsche – que nunca parirá uma estrela. Pablo Marçal é um ídolo dos pés de barro, a epítome do narcisista transtornado, um id espumando pela boca enquanto mete o pé no traseiro do ego e do superego, os expulsando da casa da psiquê, que ele está prestes a incendiar, como Nero tacando fogo em Roma. É divertido ver a luta livre política entre o mito e o ídolo, na categoria peso fumaça, onde cada lutador, empunhando um ventilador e um balde de excremento, tem como objetivo fazer desvanecer a imagem ilusória e inconsistente do outro. A esquerda e a direita (sensata) aplaudem.
Túllio Marco Soares Carvalho
Bauru
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SIM E NÃO
O Judiciário não acaba com o Orçamento secreto. A Câmara não avança na limitação do poder do STF. O Senado não encaminha o impeachment de Alexandre de Moraes. Até aqui tudo não. Agora vem um sim: o governo aumenta os impostos. E o Brasil, ora Brasil, o Brasil fica pra depois, e o povo também.
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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‘HERANÇA’
A ex-presidente Dilma Rousseff deixou uma herança de R$ 7,6 bilhões, esta sim maldita para aposentados e pensionistas dos Correios (Postalis), mas também tiveram prejuízos a Funcef (Caixa), Petros (funcionários da Petrobras) e Previ, pois seus recursos também foram aplicados em negócios e projetos lulopetistas sabidamente mal administrados. E quando o governo anterior quis privatizar os Correios, não deu mais tempo, e Lula não permitiu o andamento. Como prêmio, a sra. Dilma virou presidenta do Brics e mais cinco países, e Lula, o seu 3.º mandato como presidente.
Tania Tavares
São Paulo
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PABLO MARÇAL
Lula da Silva saiu da cadeia direto para a presidência da República, agora a cidade de São Paulo caminha para eleger outro condenado: Pablo Marçal. Condenado por furto qualificado e envolvido em fraudes e tráfico de drogas. Sem qualquer experiência em administração, Marçal já desponta como favorito para a prefeitura da maior cidade do País. Os chefes do crime organizado, Fernandinho Beira-Mar e Marcola, devem se arrepender do tempo que perderam traficando drogas e assaltando bancos, deveriam ter entrado na política: viveriam nos palácios, poderiam roubar muito mais e teriam imunidade. Lula da Silva de volta à presidência da República marca a nova era dos criminosos no poder. Quem sabe com Beira-Mar na presidência, Marcola no Supremo Tribunal Federal e Marçal no Congresso o Brasil finalmente saia do terceiro mundo.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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HISTÓRICO DE CANDIDATO
Chama a atenção o caso de um candidato a prefeito da cidade de São Paulo ser um condenado a quatro anos e cinco meses de reclusão por crimes contra o sistema bancário, mas que não chegou a cumprir um só dia da pena pela prescrição da ação. A pena tem duas finalidades: punir o autor para promover a sua readaptação à sociedade, evitando que volte a delinquir, e intimidar o ambiente social para que outras pessoas não cometam o mesmo crime temendo receber igual punição. Pelo visto, o sucesso da sua campanha eleitoral será um incentivo à prática criminal.
Jorge de Jesus Longato
Mogi Mirim
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DINHEIRO E PODER
Não gosto de dinheiro. Tenho nojo de dinheiro. Dinheiro não é poder. O dinheiro é promessa de dívida de um contrato que não deve ser cumprido. Quem tem poder é o político, ele manda prender e manda soltar, decide quem fica vivo e quem morre. Poder maior do que o poder político, só o poder religioso. O poder religioso diz o que é certo e o que é errado, o que é bonito e o que é feio, ele limita o poder político.
Francisco Anéas
São Paulo
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FLORESTAS PERDIDAS
Imaginem uma pizza com seis fatias: você compra e ao abrir só encontra quatro fatias. Triste né? Agora, imagine o território brasileiro com 1/3 de suas florestas naturais perdidas. É pra chorar né?
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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PREJUÍZO
Discute-se o impacto do jogo de apostas no equilíbrio financeiro dos apostadores. O prejuízo ficou em torno de R$ 24 bilhões nos últimos doze meses. Estimativa sugere que um terço estariam endividados ou sem crédito na praça. Destaca-se ademais a formação de laços da indústria do jogo com o crime organizado – setor em franco crescimento no País, há de se convir. Daí se percebe o cinismo de recomendações, como jogue com responsabilidade, balbuciadas no final de anúncios que, por sinal, contratam ídolos do esporte para enaltecer as vantagens do produto anunciado. Caberia assinalar, aliás, a improcedência de atletas muito bem-sucedidos aceitarem representar tal papel, por incoerente com a postura que alguns assumem com relação a questões sociais, como é o caso de Vini Jr., por exemplo, no combate a manifestações racistas de torcedores na Espanha.
Patricia Porto da Silva
Rio de Janeiro
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ELEIÇÕES AMERICANAS
A eleição presidencial nos Estados Unidos colocará novamente em disputa democracia vs autocracia. Kamala Harris, do partido Democrata, contra nova investida de Donald Trump, um autocrata golpista de extrema direita, emblemático do novo totalitarismo que usa o mecanismo de eleições para assumir o poder e lá permanecer pelo autogolpismo e pela fraude eleitoral, como já tentou Trump, fazendo escola no Brasil do bolsonarismo fascista.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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JUSTIÇAS
Um verdadeiro absurdo e uma total desumanidade uma moça russo-americana ter sido condenada na Rússia a 12 anos de prisão por ter doado míseros US$ 50 para uma entidade ucraniana. Estes regimes autoritários carecem de qualquer bom senso ou racionalidade. São regimes de bandidos e de canalhas que se encastelam no poder e que de lá só saem na base da guerra civil ou da truculência. Caso do regime ditatorial do bronco e boçal Nicolás Maduro, e não menos truculento o nosso STF que condena senhoras idosas a 17 anos de prisão por mero ato de vandalismo, muitas vezes, sem provas, enquanto assassinos e estupradores neste país são libertados, e sempre por conta de uma legislação covarde e leniente, e uma Justiça ainda mais covarde e ainda mais leniente que vitimiza eternamente bandidos, facínoras e marginais. O Supremo não tem competência legal alguma para prender alguém sem o devido processo legal. Os desmandos do STF e a ingerência do mesmo em amplos setores da vida brasileira apenas caracterizam uma Justiça ignóbil, covarde e ideológica de esquerda – uma esquerda atrasada e obtusa, bem entendido. Uma Justiça a nível do mesmo autoritarismo insano do regime Putin. No Brasil, urge uma nova constituinte que remova de uma só vez da República tantas figuras nefastas e criminosas, como instituições totalmente apodrecidas. Apenas isto.
Paulo Alves
Rio de Janeiro
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‘FRAUDELEIÇÕES’
Conforme noticiado, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, totalmente dominado pelo criminoso chavismo, ratificou, em decisão inapelável na quinta-feira passa, 22/8, a polêmica vitória do ditador Nicolás Maduro nas fraudeleições de julho para o terceiro mandato de seis anos, proibindo terminantemente a divulgação das atas das urnas que detalham o resultado da votação. Diante do condenável crime antidemocrático, cabe, por oportuno, citar frase do ex-ditador da Nicarágua, Anastasio Somoza: ”Vocês ganharam a eleição, mas eu ganhei a apuração”. Frente ao escandaloso e fajuto resultado, resta saber se o presidente Lula da Silva, admirador confesso do companheiro Maduro, terá a hombridade e decência de condenar a fraudeleição, ou se irá novamente elogiar o excesso de democracia do país vizinho. Pobre Venezuela.
J. S. Decol
São Paulo
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‘POPULISMO DA DOPAMINA’
Quem anda de metrô ou de ônibus em uma grande cidade já viu esta cena: uma pessoa pega seu celular e fica assistindo a vídeos curtos, passa todo o trajeto pulando de vídeo em vídeo, são pequenos cortes, geralmente com algum conteúdo de humor. Essa cena sempre me impressiona, sempre me deixa curioso e um pouco perplexo. Já existem estudos mostrando como esse comportamento afeta a capacidade de concentração das pessoas, afeta sua capacidade de acompanhar e entender raciocínios complexos, que exijam vários elementos de informação e não entregam, imediatamente, uma recompensa, uma estimulação de entretenimento. Ontem, observando um sujeito pular de vídeo curto em vídeo curto, de piadinha em piadinha, aparece um corte do candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal. Achei interessante que os atores políticos tenham encontrado uma maneira de entrar nessa timeline de vídeos curtos das pessoas, tenham encontrado uma maneira de oferecer uma impressão forte, uma reação visceral, em curto espaço de tempo. Assim como John Kennedy, nos Estados Unidos da década de 1950, aprendeu a passar maquiagem para aparecer bem na televisão, também os candidatos millenials (ou os filhos millenials dos candidatos sexagenários) aprenderam o traquejo necessários às novas linguagens, em uma espécie inédita de populismo da dopamina rápida.
Felipe Eduardo Lázaro Braga
São Paulo