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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Guerra Israel-Hamas

Tribunal Internacional

Quem esperava que houvesse uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça para que Israel terminasse imediatamente a guerra e para que o Exército de Israel se retirasse de Gaza estava redondamente enganado. Narrativas e má informação dão nisso. Ocorre que, mesmo perante juízes nomeados por uma Organização das Nações Unidas (ONU) comprometida, Israel ainda mantém o direito de lutar para defender a sua segurança nacional, que continua sob ameaça existencial. Não é à toa que centenas de milhares de israelenses não se encontram em condições mínimas de poder retornar para suas casas. E os reféns israelenses continuam sob a tutela e tortura de seus captores, esses sim genocidas. Por outro lado, o tribunal criticou a morte de civis palestinos e a enorme destruição em Gaza. Mas deixou de mencionar o quanto o abuso sistemático do Hamas transformando hospitais, mesquitas, escolas e toda a população de Gaza em escudos humanos e roubando ajuda humanitária contribuiu para a morte e o sofrimento de civis inocentes. Tampouco abordou a contribuição da cumplicidade da ONU nessa tragédia. Como enfrentar terroristas que se encontram entrincheirados atrás desse escudo humano de magnitude sem precedentes? A saga continua e, em um mês, haverá o próximo capítulo.

Jorge Alberto Nurkin

jorge.nurkin@gmail.com

São Paulo

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Judiciário

Gasto desproporcional

Parabéns ao Estadão pela publicação do estudo comparativo de gastos com o Judiciário de 53 nações (Judiciário no Brasil custa 1,6% do PIB, 4 vezes a média global, 25/1, primeira página). O resultado escancara uma triste realidade, na qual o Poder que deveria garantir a aplicação das leis julga, em benefício próprio, a manutenção de vantagens e penduricalhos, resultando em remuneração muito acima do teto constitucional. Seria muito oportuno que essa comparação entre países com base em dados insuspeitos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de gastos x PIB fosse feita também para o Executivo brasileiro, que, com 38 ministérios e mais de 20 mil companheiros nomeados, também se locupleta.

Francisco Paulo Uras

francisco.uras@uras.com.br

São Paulo

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Saúde

Descumprimento judicial

O não cumprimento de liminares judiciais por parte da empresa Hapvida NotreDame é imoral, indecente e, sobretudo, criminoso, para dizer o mínimo (Operadora terá de explicar à ANS liminares descumpridas, 26/1, A15). Não é preciso ser profundo conhecedor do Direito para saber que liminar é para ser cumprida primeiro e recorrida depois. A resistência de convênios e seguradoras em conceder autorização para exames, procedimentos e cirurgias é coisa conhecida e antiga, praticada de forma premeditada e sistemática pelos fornecedores de planos de saúde, obrigando a judicializações que só aumentam. É verdade que a medicina está cada vez mais cara e a população, mais velha, o que leva a um dispêndio maior por parte das empresas. Aí é que entra uma questão ética profunda: os fornecedores de planos de saúde insistem em manter as margens de lucro à custa das doenças e da vida dos clientes. Desobedecer a liminares é jogo baixo e o poder público tem o dever legal e moral de coibir tamanha agressão.

Luciano Harary,

médico

lharary@hotmail.com

São Paulo

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Educação

USP, 90 anos

Se não bastasse a valiosíssima contribuição de Julio de Mesquita Filho e de todos os seus herdeiros à construção e manutenção do regime democrático no Brasil em suas vidas, tem destaque especial a criação da Universidade de São Paulo (USP) há 90 anos, junto com Armando de Salles Oliveira e do sábio Fernando de Azevedo, de quem fui assistente e sucessor na Escola Normal Caetano de Campos (Iniciativa para criar a universidade nasceu nas páginas do ‘Estadão’, 25/1, A15). Neste quase século, a USP desvendou muitos segredos da natureza, gerou muitas inovações e formou milhares de profissionais de excelência, como queriam seus fundadores. O Estadão e a família Mesquita merecem as mais calorosas homenagens de todo o Brasil.

José Pastore

josepastore1@gmail.com

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

GOTA D’ÁGUA

Donald Trump é maior do que a América, Vladimir Putin é maior que a Rússia, Xi Jinping é maior que a China e Lula da Silva é maior do que o Brasil. O mundo precisa colocar os líderes políticos nos seus devidos lugares, ninguém precisa de novos Reis e Czares. O mundo precisa de burocratas competentes e honestos que conduzam as nações na direção do desenvolvimento sustentável. O capitalismo e a democracia precisam rever os seus conceitos: o mundo não precisa de bilionários, precisa de crescimento equilibrado e bem distribuído. A democracia precisa de critérios qualitativos para os postulantes a cargos públicos, os ditadores precisam voltar a ser derrubados. A reeleição de Donald Trump é a gota d’água que falta para lançar o mundo ao caos.

Mário Barilá Filho

mariobarila@yahoo.com.br

São Paulo

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ATACADOS PELO VÍRUS

“A internet deu voz aos idiotas”, afirmou Umberto Eco, ao analisar o que as redes sociais propiciaram às maiorias, antes sem meio de se manifestarem. O que ninguém suspeitava era que este notável meio de comunicação, tão democrático, revelaria quão antidemocrático era grande parte da população mundial. Uma divisão de mentalidades. Independentemente do grau de instrução, o que caracteriza os antidemocráticos é a falta de inteligência política e social. Egocêntricos, com medo da liberdade e carentes de segurança, preferem um tirano defensor de seus privilégios, aversão à mudanças e permanência do “status quo”. Talvez isso explique a onda conservadora e reacionária dos eleitores de duas jovens democracias, como Estados Unidos e Brasil, atacados pelo vírus deste neofascismo que nos invade e tenta matar nossa democracia.

Paulo Sergio Arisi

paulo.arisi@gmail.com

Porto Alegre

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CONSCIÊNCIA

A matéria do Estadão Após elogios a Lula, Valdemar diz que presidente ‘não chega aos pés’ de Bolsonaro (24/1). Geraldo Alckmin afirmou que Lula “queria voltar à cena do crime”, e hoje se contenta em ser o “amestrado” da “vice Janja da Silva”. Guilherme Boulos, por sua vez, disse que “não restavam dúvidas da corrupção ocorrida nos governos petistas”, e atualmente almeja a prefeitura da maior cidade brasileira, apoiado pelo petismo que denunciou. Marta Suplicy traiu Ricardo Nunes, e voltou alegremente ao “ninho” petista. Esses são alguns exemplos da falta de caráter que permeia boa parte dos políticos brasileiros. Eliminá-los é uma obrigação, e consequência do voto consciente e inteligente.

Maurilio Polizello Junior

polinet@fcfrp.usp.br

São Paulo

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FAROL DESLIGADO

Lula da Silva afirmou que Janja da Silva é uma espécie de farol para ele, que o guia e chama a sua atenção quando há “coisa errada”. Então vamos lá: quando Lula disse que democracia é algo relativo, o farol estava desligado? Quando Lula taxou o agronegócio de fascista, o farol estava em manutenção? Quando Lula coloca amigos no Supremo Tribunal Federal (STF), contrariando o que ele mesmo havia afirmado com bastante ênfase antes de ser reeleito, o farol estava fora da tomada? Quando Lula não perde uma oportunidade de enfatizar o “nós contra eles”, o farol sofre apagões sucessivos? Que farol é esse, Lula?

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

lgtsaraiva@gmail.com

Bahia

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CURIOSIDADE TOMOU CONTA

Todas as peças, atos e ações, consoante as normativas processuais cíveis e criminais têm seus prazos limitados e delimitados, compelindo os agentes atuantes a exercer suas competências dentro e diante dessas limitações. Entretanto, o eminente ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorroga, pela 9ª vez, por mais 90 dias, o inquérito nº. 4874, instaurado em julho de 2021, com a finalidade específica de investigar as ações das “milícias digitais antidemocráticas”. A morosidade nas investigações, caso não haja um sobrestamento processual, possibilitará a continuidade do andamento da peça processual por muitos mais meses, o que não vem de encontro à boa realização da Justiça. Eis que, finalmente, a agilidade dos atos judiciais e pré judiciais é um princípio que, observado, só pode enaltecer a Justiça e o poder Judiciário. De outro lado, ninguém tem conhecimento dos posicionamentos do Ministério Público, cuja presença é essencial no desenvolvimento processual. Assim, a curiosidade acabou tomando conta do meio jurídico nacional! E muito bem trata do tema o Estadão no editorial A nova velha política industrial (24/1, A3).

José Carlos de Carvalho Carneiro

carneirojcc@uol.com.br

São Paulo

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MAIS SEGUROS

Diante das lamentáveis e condenáveis cenas de assaltos a turistas estrangeiros em visita ao Brasil, alguns deles com vítimas fatais, causa tanta espécie, espanto e surpresa que uma pesquisa da seguradora Berkshire Hathaway Travel Protection apontou que o Brasil está entre os 15 países mais seguros do mundo para viajar em 2024. Acredite se quiser.

J. S. Decol

decoljs@gmail.com

São Paulo

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PRESENTE PARA SP

Se eu fosse escolher um presente para a cidade de São Paulo nos seus 470 anos seria, por um passe de mágica, que todas as motos barulhentas tivessem seus escapamentos regulados, de modo a termos uma cidade com menos poluição sonora. As entregas precisam acontecer, as motos cumprem um papel importante na circulação de produtos e riqueza. Mas isso não pode acontecer às custas da saúde dos moradores. Por uma cidade com menos barulho.

Francisco Eduardo Britto

Britto@znnalinha.com.br

São Paulo

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INSÓLITA METRÓPOLE

O Tribunal Regional Eleitoral paulista antecipou seu presente à aniversariante cidade de São Paulo inaugurando, em sua sede, em 14 de dezembro de 2023, o Espaço Democrático Poeta Paulo Bomfim, ambiente aberto à visitação pública para divulgar a memória das eleições brasileiras e locus permanente da defesa incondicional da democracia em nosso País. O jornalista e acadêmico Paulo Bomfim (1926-2019), fundou, em 1999, o Centro de Memória Eleitoral (CEMEL) da Corte, cujo jubileu de prata também se comemora neste ano de 2024, e foi seu coordenador cultural honorífico por 20 anos. O poeta de São Paulo e príncipe dos poetas brasileiros (linhagem nobiliária iniciada por Olavo Bilac) passou agora a ter mais um título: o de patrono da memória político-eleitoral paulista. Paulo Bomfim dizia ter duas paixões: pela liberdade e por São Paulo. Dedicou à Paulicéia lindos poemas, como “Oração à cidade de São Paulo” e “Eu te amo, São Paulo”. Nos 470 anos de Piratininga, nada melhor do que lembrar alguns versos do atualíssimo “Minha Insólita Metrópole”, outra obra-prima do menestrel de São Paulo: “Minha insólita metrópole, capital de todos os absurdos! (...)/Teatros e o ballet da multidão, museus contemplando o quadro dos que se agitam, orquestras e a sinfonia de uma época em marcha./ Nestes tempos modernos, Carlito operário ou estudante, comerciário ou burocrata, é técnico em sobreviver./ Planalto dos desencontros, porto dos aflitos, rosa dos eventos onde até o futuro tem pressa de chegar./ Mal-amada cidade de São Paulo, EU TE AMO! "

José D’Amico Bauab

josedb02@gmail.com

São Paulo

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RIR OU CHORAR?

Em seu primeiro pronunciamento oficial como ministro da Justiça, o sr. Ricardo Lewandowski disse que “irá dar continuidade ao excelente trabalho de Flávio Dino”. Pois é. Na dúvida, a gente ri ou chora?

A. Fernandes

stsndyball@hotmail.com

São Paulo

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TRABALHO EM CONJUNTO

Quando voltar do recesso de fim de ano, o Congresso Nacional terá 27 vetos presidenciais para apreciar. E não poderá adiá-los porque alguns deles já trancam a pauta, impedindo que senadores e deputados votem outras matérias. É um momento crítico, tanto pelo volume de vetos opostos pelo Executivo em matérias aprovadas pelo Parlamento, quanto pela forma com que isso vem sendo feito. O principal gargalo está na Medida Provisória que o presidente Lula da Silva editou impedindo a desoneração das 17 atividades que mais dão emprego, que a Câmara e o Senado já haviam prorrogado até o fim de 2027. O quadro poderá resultar em grande crise entre os Poderes da República (Executivo e Legislativo), com espaço para tornar o ambiente ainda mais tenso se um dos lados recorrer ao STF, independente do lado em que se posicionarem seus ministros. Os líderes partidários no Congresso já disseram ao presidente Rodrigo Pacheco que querem devolver a MP ao governo sem sua apreciação, pois a matéria é coisa decidida nos termos do regimento parlamentar. Do outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, insiste em tramitar a medida. Qualquer dessas soluções terá de evoluir, até para que o Congresso possa voltar a funcionar e despachar sua pauta pendente. O País precisa do trabalho dos três poderes e, principalmente, que eles não entrem numa “guerra”.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

tenentedirceu@terra.com.br

São Paulo

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REPLAY DECEPCIONANTE

Depois de tudo que Marta Suplicy passou e falou do PT, está voltando ao lar. Não dá mesmo para acreditar na grande maioria dos políticos. Com os nomes cogitados para as próximas eleições, teremos um enorme e decepcionante replay.

Luiz Frid

fridluiz@gmail.com

São Paulo

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DESVIO DE RECURSOS PÚBLICOS

Um exemplo claro de que a classe política se lixa por justiça social neste País está no absurdo do valor reservado para o Fundo Eleitoral, de R$ 4,9 bilhões (que em 2020 era de R$ 2 bilhões) que serão distribuídos aos partidos para orgia da gastança a seus candidatos na eleição municipal deste ano. Para comparar essa vergonha nacional, o salário mínimo em 2020 era de R$1.039,00, e agora em 2024 passou para R$ 1.412,00. Ou seja, R$ 37 milhões de trabalhadores brasileiros que recebem um salário mínimo tiveram, em quatro anos, reajuste de apenas 35,9%. Já o Fundo Eleitoral de recursos estritos dos contribuintes nos mesmos quatro anos (2020 a 2024) o reajuste foi de 145%. Não é de estarrecer? E não por outra razão que hoje somando, os 37 milhões de trabalhadores que recebem salário mínimo de R$ 1.412, mais os 21 milhões beneficiários do Bolsa Família, que reúne em torno de 80 milhões de pessoas nestes lares, e que recebem uma média de R$ 678,00 por mês, temos um total de R$ 117 milhões de brasileiros (57% da população) que não ganham o suficiente para sobreviver com mínimo de dignidade. A maioria vive com insuficiência alimentar. Ou seja, a classe política é insensível, não se preocupa com justiça social e melhora de vida dos brasileiros. Se estivessem aptos para servir a Nação, não estariam reservando esses R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral, que na realidade, e literalmente, consiste em verdadeiro desvio de recursos públicos.

Paulo Panossian

paulopanossian@hotmail.com

São Paulo

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MARCO SIGNIFICATIVO

A assinatura do convênio entre o Exército e o Supremo Tribunal Federal (STF) representa um marco significativo na busca pela pacificação das instituições no Brasil. Essa colaboração exemplar vai além de meras formalidades, destacando-se como um esforço conjunto para dissociar a imagem das Forças Armadas do bolsonarismo. Ao unirem forças em prol do fortalecimento da democracia e da estabilidade institucional, ambos os órgãos demonstram compromisso com o Estado de Direito. Essa parceria não apenas promove a eficácia operacional, mas também sinaliza a importância de diálogo e respeito mútuo, fundamentais para a construção de um país coeso e democrático.

Luciano de Oliveira e Silva

Luciano.os@adv.oabsp.org.br

São Paulo

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CRIATIVIDADE HUMANA

Mesmo com a idade avançada, sou entusiasta do avanço tecnológico, não tanto como usuário, mas como espectador. A matéria IA avança para celulares e outros eletrônicos (23/01, B12) sobre o que está por vir com integração da inteligência artificial nos dispositivos móveis. Não deixa de causar um ‘frio na barriga’ ao tentar antever o que a criatividade humana será capaz de propiciar.

Jorge de Jesus Longato

financeiro@cestadecompras.com.br

São Paulo

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LUCIDEZ

A lucidez da leitora Elisabeth Migliavacca ao tratar da decomposição do ex-juiz Sergio Moro em sua carta ao Estadão (23/01, A4) é de chamar a atenção. Afinal, corretamente conclui que se trata na verdade da decomposição de um País. Brilhante!

José Elias Laier

joseeliaslaier@gmail.com

São Paulo