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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
7 min de leitura

Páscoa

Valores humanos

Passagem parece ser a palavra-chave na celebração da Páscoa, que na sua origem se inspira na memória da libertação do povo hebreu da escravidão do Egito. Nos dias atuais, ampliamos e desejamos que haja passagem da morte para a vida, da escravidão para a libertação, das trevas para a luz, dos vícios para as virtudes, do homem velho para o homem novo, da barbárie para a civilização, da guerra para a paz, da injustiça para a justiça, da desigualdade para a igualdade, da corrupção para a honestidade, da opacidade para a transparência, do mal para o bem. Fazemos, então, memória da ressurreição de Cristo, que faz novas todas as coisas, vence a morte, ressuscita e traz vida em abundância para todas as criaturas. Depois de passar pelo sofrimento, dor, paixão e morte na cruz, Cristo abre perspectivas de superação, renovação, vida, alegria, esperança, amor e paz. Estou convencido de que os votos de feliz e abençoada Páscoa só poderão se tornar realidade se houver uma conversão permanente e contínua das pessoas para os valores humanos que vêm sendo esquecidos nestes tempos sombrios de violência, ódio, grosserias, agressividades, intolerância, insensibilidade, indiferença, crise humanitária, descarte e medos. Que o tema da Campanha da Fraternidade de 2024, Fraternidade e Amizade Social, permaneça além da Quaresma e da Páscoa, se estenda para o tempo comum e seja praticado por todas as pessoas de boa vontade.

João Pedro da Fonseca

São Paulo

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60 anos do golpe

Não foi pouco

O Brasil levou 21 longos anos para se livrar da ditadura militar imposta por meio de um golpe de Estado e a deposição de um governo democraticamente eleito. De 1964 até 1985, os militares se revezaram no poder, mandavam em tudo, até nos livros que podiam ser lidos, nas músicas que podiam ser cantadas e nos filmes que podiam ser assistidos. Que ninguém se engane, se o ex-presidente Jair Bolsonaro tivesse levado a cabo seu golpe de Estado, o País poderia levar décadas para restabelecer a democracia – se é que conseguiria retomar a normalidade. É possível que o Brasil se tornasse uma ditadura perene, como ocorre em Cuba, na Venezuela, na Coreia do Norte e na Rússia. Não foi pouco o que aconteceu. O Brasil espera que a hipótese de uma ditadura seja punida com o rigor da lei.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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Lula e a Venezuela

Da boca para fora

Lula repudiou o veto à candidatura da oposicionista Corina Yoris à presidência da Venezuela e classificou como grave a situação naquele país, contando com o apoio do presidente francês, Emmanuel Macron, em visita ao Brasil. Espero que esta posição contrária à atitude do governo venezuelano não seja da boca para fora, só “para francês ver”.

Sérgio Dafré

Jundiaí

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Conflito em Gaza

Ajuda humanitária

A Corte Internacional de Justiça de Haia ordenou novamente que Israel libere ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Com a melhor das intenções, por suposto. Se é para que essa ajuda chegue, mesmo, aos moradores de Gaza que precisam dela, que tal ordenar ao grupo terrorista Hamas que não fique com a maior parte dessa ajuda (como tem acontecido até agora), para sustentar os seus fins? Do restante, quase tudo ainda é saqueado e vendido abertamente nos mercados do enclave. Estes são os tristes fatos. Mas, quando se trata de Israel, as narrativas pré-fabricadas se sobrepõem à verdade.

Irene G. Freudenheim

São Paulo

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Falta de energia

A atuação das agências

Sobre o artigo de Elena Landau no Estadão de 29/3 (No escuro, página B5), noto que o problema das concessionárias de energia – bem como das de transportes, etc. – está, principalmente, na administração dos contratos pelos órgãos reguladores. Aqui, em Angra dos Reis, os problemas com a falta de energia ocorrem há mais de 15 anos, sem que vejamos ação da agência reguladora, obrigando a maioria dos usuários a dispor de geradores, tal a constância da falta de energia. As agências não cumprem sua função de fiscalização. A caixa-preta desses órgãos precisa ser aberta, investigada – e certamente serão encontradas irregularidades não só quanto à fiscalização dos contratos, mas também na cessão de benefícios às concessionárias.

Romildo José dos Santos Filho

Angra dos Reis (RJ)

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

31 DE MARÇO

Causa espécie e indignação que o presidente Lula da Silva, perseguido e preso durante os anos de chumbo da longa noite da ditadura militar, de lamentável memória (1964-1985), tenha determinado que órgãos do governo silenciem na efeméride de 60 anos do golpe militar “comemorado” em 31 de março, sob a clara intenção de não criar caso com as Forças Armadas. Como se sabe, o golpe rompeu com a Constituição, instaurando uma sangrenta e violenta ditadura militar que perseguiu, caçou e matou covarde e barbaramente opositores políticos nos porões do Exército, além de ter implantado a abjeta e abominável censura às manifestações artísticas e à imprensa em geral, sobretudo ao Estadão nosso de cada dia. Lula diz que “a ditadura faz parte da história” e William Faulkner disse que “o passado nunca está morto”. Por oportuno, cabe citar o filósofo inglês Edmund Burke: “Um povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la”. Democracia e liberdade de expressão, sempre; ditadura e censura, nunca mais.

J. S. Decol

São Paulo

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AJUDA INTERNACIONAL

O Brasil faz muito bem em receber ajuda internacional para tentar salvar a Amazônia. Muitos países estão investindo bilhões e a tendência é que essa ajuda aumente ainda mais no ano que vem, com a realização da COP-30 em Belém do Pará. O País poderia se beneficiar de ajuda estrangeira para resolvermos outros problemas crônicos. Empresas estrangeiras deveriam poder entrar no mercado de coleta e tratamento de esgoto, impondo concorrência às empresa que hoje têm monopólio desse mercado e não investem como deveriam. A questão da seca no Nordeste também poderia se beneficiar da entrada de empresas estrangeiras. A soberania nacional nunca foi questionada e não deveria servir de desculpa para manter tudo como está. O País pode e deve receber ajuda internacional para resolver seus problemas crônicos e finalmente sair do pântano do subdesenvolvimento de Terceiro Mundo.

Mário Barilá Filho

São Paulo

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BRASIL-VENEZUELA

Bom senso às vezes é muito importante. O Brasil precisa de ação, como foi feito agora pelo governo, ao declarar repúdio à eliminação de oposição na Venezuela. Parabéns, presidente Lula, fazer o que é certo não dói. Por favor, mantenha esse estilo, amigo de quem gosta da democracia verdadeira.

Roberto Moreira da Silva

São Paulo

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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

É evidente que, com o nível desses presidentes que indicam os ministros para o Supremo, não se poderia esperar nada melhor (Supremo ‘à la carte’, 29/3, A3).

Albino Bonomi

Ribeirão Preto

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ESCOLHA DE MINISTROS

O Superior Tribunal Federal (STF), órgão máximo do Poder Judiciário, é reconhecidamente caro, lento e muitas vezes origem de decisões desconcertantes diante dos anseios e expectativas da sociedade. A escolha de seus ministros não é feita por mérito e sim por indicação de políticos que, obviamente, ao fazê-la, esperam uma conduta por parte dos togados consistente com os respectivos projetos de poder. Daí, da egrégia equipe, constarem magistrados que não possuem qualificação profissional ou acadêmica que qualquer cidadão julgaria necessária para tão nobre cargo. O corolário dessas considerações, entre outras, é a falta de confiança da população em sua Corte Suprema.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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REFORMA DA LEI DE FALÊNCIAS

A tese defendida pela deputada Dani Cunha é absurda! Atuando como administrador judicial há vários anos, a ideia de fixar mandato de dois anos para o auxiliar da Justiça exercer sua função é absurda: nem com toda a aparelhagem a seu lado ele conseguirá, nesse curto período, realizar toda a sua tarefa. A venda de ativos depende de fatos que muitas vezes escapam do esforço dele, sendo assim, quando começa a parte final da falência, é substituído por outro. Parece troca de técnico em time de futebol. Outro fato: limitar honorários é processo complexo, exigindo apoio paralelo (contadores, auxiliares de diversas categorias). Ganhando pouco, a qualidade do trabalho cai. É mais útil a coletividade, limitarmos o mandato de cargos eletivos no Legislativo e vencimentos proporcionais ao número real de projetos úteis apresentados e também à frequencia real dos legisladores? A conferir.

José Ricardo Bueno Zappa

São Paulo

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DESRESPEITO DAS MOTOS

É imprescindível reforçar a mensagem do leitor Silviano Floriano Filho (Fórum dos Leitores, 28/3, A4), sobre o desrespeito das motos às regras de trânsito por toda a cidade. Dá um misto de impotência e revolta assistir a motociclistas ultrapassando sinal vermelho em alta velocidade, trafegando em contramão ou até, muito frequentemente, cortando caminho pelas calçadas. Isso precisa ser enfrentado pelas autoridades públicas. E começando da forma mais simples e direta: com uma intensa e maciça campanha publicitária de alerta e educação, em todas as mídias, para esses que desrespeitam as mais básicas regras de trânsito. Pode não resolver 100%, mas pelo menos vai encaminhar a questão.

Francisco Eduardo Britto

São Paulo

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ETANOL

Falam tanto dos veículos elétricos e a outros combustíveis e esquecem do nosso etanol. Um combustível 100% nacional, natural, limpo, renovável, descarbonizante e que pode gerar até crédito de carbono contribuindo para o nosso ecossistema. Não seria também oportuno investir nesse combustível?

Jaime E. Sanches

São Paulo

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A ESPADA E A PÁ

Sobre o editorial E o Hamas venceu (28/3, A4), as colocações estão quase aceitáveis. Faria um comentário importante, na linha do texto, sobre prioridades, abordando a espada e a pá. Não dá para ser simultâneo, infelizmente. E Israel escolheu, corretamente, a espada, no contexto como se coloca, pois somente depois de eliminar o Hamas poderá utilizar a pá. É isso.

David Jugend

São Paulo

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PEDRO DORIA

Pedro Doria deixa O Estado de S. Paulo afirmando: “Não é a primeira vez que encerro um ciclo nas páginas do jornal” (Estado, 29/3, B34). É uma experiência no mínimo dolorosa, pois não existe outro ambiente de criatividade maior e melhor do que aquele construído pelos colegas de redação, mesmo que exista “ciumeira e até perseguição”. Não existe mais o barulho de máquinas de escrever, restando apenas o frigir de teclados de celulares ou de computadores. Lembro, nesse caso, eu, um ex-jornalista sindicalizado empresarial, ainda datilografando entre outros focas, deixando a redação de um grande edifício da Marginal, citando o ditado “Quando uma porta se fecha, outras dez se abrem”. Hoje as portas abertas com a inteligência artificial permitem chegar a milhões de leitores, que estarão esperando os comentários de Pedro Doria em outros cadernos ou telas de computador. Serão leitores que têm acesso a outro jornal/revista ou participam de uma listagem especial, construída dia a dia, na labuta de manter a fidelidade e a honestidade da notícia. Parabéns e desejando sucesso na nova situação. Até breve!

Tibor Simcsik

São Paulo

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EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS

Rosely Sayão aborda em artigo as dificuldades e armadilhas que hoje existem na educação das crianças (Estado, 17/3). Os avós criaram seus filhos a partir da conduta, da atividade e do modelo. Atualmente, os jovens pais esbarram no quase analfabetismo comunicacional. Como o Estadão tem abordado, a geração Z não quer liderança, não sabe usar Excel, não dialoga sem exercer o seu poder de tudo saber e precisa dos pais para fazer entrevista de emprego. Muito mais rápido e “eficiente” é escutar num vídeo curto, não mais de um minuto, como amamentar, como introduzir alimentação, como aprender inglês junto com o engatinhar do bebê e como ter no seu pet a melhor companhia. Os avós educavam pela ação duradoura e sobrava muito tempo para brincar e respeitá-los por isso. Os pais querem acelerar o desenvolvimento para perder mais tempo com suas telas.

Carlos Ritter

Caxias do Sul (RS)