E quando a bebida chegou ao Brasil, lá em 1727, na rabeira da crise do açúcar, era coada que se bebia. E foi assim até a segunda metade do século 20, mesmo nas fazendas de café cheias de imigrantes italianos.
O apego ao pano era cronológico e financeiro. As máquinas de expresso só foram criadas no início do século 19 – e ganharam fôlego comercial só no começo do século 20. Quando os italianos chegaram aqui, eram caras (e raras). “Os italianos que vieram, seja para o campo ou para cidade, eram em geral pobres e não podiam comprar máquinas de expresso”, diz Ana Luiza.
A urbanização tardia do Brasil ajudou a perpetuar o hábito do cafezinho. As máquinas de expresso deram as caras no Brasil a partir dos anos 1950 em cafés luxuosos das cidades e dominaram o consumo nos centros urbanos do homem moderno regido pelo trabalho na indústria e pelo tempo marcado pelo relógio. Por muito tempo, coado e o expresso conviveram nas cafeterias, mas a partir dos anos 1980, a moda do expresso pegou e o coado perdeu espaço nos restaurantes. Mais recentemente, com a queda dos preços das máquinas, foi saindo das casas também.
Para a historiadora, a volta do coador tem pelo menos duas explicações. A primeira comportamental e nostálgica e a segunda, comercial, devido ao fortalecimento do mercado interno e demanda por bons grãos.
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