Lisboa não para de angariar prêmios: uma das 50 melhores cidades e uma das capitais mais gastronômicas do mundo, melhor cidade custo-benefício e melhor destino urbano da Europa no ano passado e, agora, o World MICE Awards (como melhor destino para Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions).
Trocando em miúdos, Lisboa vive seu melhor momento no cenário turístico e gastronômico internacional. Para brasileiros, soma-se a facilidade linguística e os voos mais econômicos para o Velho Mundo, ainda que ela não seja o destino final. Se for este o caso, cogite ao menos 48 horas na cidade e, para aproveitá-las ao máximo, dez dicas provadas e aprovadas.
Dia 1
1. Reconhecendo o terreno
Subir e descer ladeira, parar em pontos nevrálgicos e ouvir história da boca de um sociólogo que vivenciou a Revolução dos Cravos é das melhores aulas de histórias que se pode ter. O melhor de tudo é que não cansa, visto que João Soares, da Sidercar Touring Co. (www.sidecartouringco.com), te leva em um sidecar (aquele carrinho acoplado a motocicletas que parece saído de filme dos anos 1950). Além da incomum perspectiva da cidade, há pitstop para café na livraria mais antiga do mundo e autêntico pastel (ou pastéis) de belém. O passeio de meio dia custa € 140 para duas pessoas.
2. Almoço
Considerando que pastel de nata não conta como refeição, aproveite o fato de estar na freguesia de Belém para almoçar no Canalha, novo endereço de João Rodrigues, grande nome da cena gastronômica portuguesa. Ali, a fórmula é imbatível: menu descomplicado baseado em produtos irrepreensíveis. Para ajudá-lo na tarefa de convertê-los em receitas inesquecíveis, está Lívia Orofino, brasileira que já pertenceu ao Lasai.
Um lugar para comer pastel (o nosso bolinho) de bacalhau, tiradito de atum, lula em manteiga de ovelha, arrozes, camarões do jeito que propuserem ou simplesmente pedir carnes, peixes e mariscos do dia, cozidos, grelhados ou salteados, por quilo. Um lugar onde não há escolhas ruins. O único risco é sair arrependido de não ter provado mais coisas. Conte uns € 50 pela refeição.
R. da Junqueira, 207, Lisboa. Ter. a sáb, das 12h30 às 23h. Tel.: +351 962 152
3. Digestão feliz
Para estar disposto para a próxima refeição, vale enfrentar fila e bater perna no Real Mosteiro de Santa Maria de Belém, mais conhecido como dos Jerónimos, monumento nacional e patrimônio mundial da UNESCO. A igreja ainda tem missas, mas a obra-prima da arquitetura é mais buscada por guardar as joias da coroa, os túmulos de Luis de Camões e Vasco da Gama e a porta que conta a história dos Descobrimentos.
Praça do Império, 1400-206, Lisboa. De ter. a dom, das 9h30 às 18h, a partir de € 12
4. Jantar
Recuperado, eleja em qual dos 10 restaurantes de José Avillez, chef que ganhou a simpatia brasileira enquanto jurado do “Mestre do Sabor”, ir. Embora o Belcanto seja o mais premiado e, de fato incrível, seu vegetariano estrelado, Encanto, merece um voto de confiança.
O menu de 12 tempos (€ 135) brinda as flores, as folhas, os cogumelos, os tubérculos e os legumes da temporada, sem abrir mão de ovos, leite e algas. Dentre os passos mais impactantes, os snacks equilibrando estética, surpresa e texturas e a “alheira” sem carnes, nem banha são um golaço. Para harmonizar, vinhos biodinâmicos, cervejas artesanais, sucos, infusões e kombuchas da casa (até € 90).
Largo de São Carlos, 10, Lisboa. Ter. a sáb., das 19h às 22h30. Tel.: + 351 21 162 6310
5. Saideira
O Red Frog Speakeasy é o mais bem posicionado bar no ranking do 50 Best. Um inferninho elegante para se provar coquetéis autorais, caso do dirty negroni e do peanut old fashioned (€ 15 cada), onde a permanência máxima autorizada é de 2 horas.
Praça da Alegria, 66b, Lisboa. Ter. a sáb., das 18h à 1h. Tel.: +351 21 583 1120
Dia 2
6. Pequeno Almoço
O nome faz jus à refeição no Four Seasons Hotel Ritz Lisbon (€ 40). Logo de manhã, embutidos e queijos artesanais, saladas, bolos, quiches, pães, pastéis de nata, folhados, compotas, frutas, cereais, pratos quentes e à la carte, como ovos beneditinos, tostadas e panquecas fofíssimas. Tudo regado a bons sucos, chás e café.
Quem estiver hospedado por lá, pode aproveitar spa, piscina e academia panorâmica de ginástica na sequência; quem não tiver o privilégio, caminhar em direção ao Tejo é ótima pedida.
R. Rodrigo da Fonseca, 88, 1099-039. Todos os dias, das 7h às 10h30. Tel. + 351 21 381 1400
7. Almoço
O restaurante chama-se A Provinciana, mas deveria chamar-se A Casa dos Relógios, visto que o proprietário construiu os mais de 150 que decoram o ambiente. É o mesmo Américo Fernandes que fica no balcão, na sala e, se precisar, entra na micro cozinha para liberar os pratos do dia – um peixinho com fritas, um cozido, uma galinha à cabidela... Uma autêntica tasca cujas refeições fartas com copo de vinho não batem € 15.
Travessa do Forno, 23/25, Lisboa. Seg. a sex., das 12h às 15h30 e das 19h às 22. Tel.: +351 21 3464 704
8. Digestão
Além de caminhar, uma ginjinha é de lei. Trata-se de um licor feito com uma espécie de cereja lusitana macerada. Uma das mais tradicionais é a Espinheira que serve a bebida desde 1840 a € 3,90 a dose.
Largo de São Domingos, 8, Lisboa. Todos os dias das 10h às 22h
9. Comprinhas
Não há como fugir: foodie que é foodie lota a mala de comida. No El Corte Inglés, supermercadão ajeitado e cheinho de iguarias locais, dá para encontrar de um tudo: conservas, embutidos, queijos, vinhos, docinhos etc.
Av. António Augusto de Aguiar, 31, Lisboa. Todos os dias das 10h às 22h
10. Despedida à altura
Apesar das vistas do Ritz, o Cura fica no térreo – e perdão pela cafonice –, leva o comensal ao céu. A culpa recai sobre o jovem Pedro Pena Bastos, chef e curador do uma estrela que, em 13 passos, alia porco alentejano com mariscos, lavagante com grão de bico e ervilha com doçura. Conte cerca de € 200 para um jantar divino e harmonizado.
R. Rodrigo da Fonseca, 88, 1099-039. Todos os dias, das 19h às 22h30. Tel. + 351 21 381 1400